Na minha estante mora um moço velho com cara de rapaz pela alegria que traz; Com cara de menino pela novidade que traz; Com cara de velho avô pela qualidade da paz. Mora lá. Elegante. Solene. Ainda que poderoso pela fartura de folhas Todo grande, gigante, recheado de sentidos Ainda que pareça na forma até grosso é um poço generoso. Parece um vigia, uma babá, um tutor. Parece segurança, certeza, confirmação. Valente matador de dúvidas, veste a beca da humildade e nem se incomoda em ser só precisão. Fica lá. Se doa para a poeira que vem tecer com o sol a teia do tempo sobre sua firme encadernadura. Assiste aos lapsos de memória escora a literatura no ritual da decodificação. Mas nessa muda eloquência, nessa silenciosa falação me protege e me rege. Amigo calado, consistente, combinado. (Tem sempre uma palavra pra dar) Não me falta, não se vende... É meu instrutor, protetor e anjo da guarda. É nele que penso quando vejo um guarda e tenho medo... Eu queria que...