Papai, você deixa eu ter um cabrito no meu sitio? Deixo. E porquinho-da-índia? E ariranha? E macaco? E quatro cachorros? E duzentas pombas? E um boi? Um rinoceronte? Rinoceronte não pode. Tá bem, mas cavalo pode, não pode? O sítio é apenas um terreno do Estado do Rio, sem maiores perspectivas imediatas. Mas o garoto precisa acreditar no sítio como outras pessoas precisam acreditar no céu. O céu dele é exatamente o da festa folclórica, a bicharada toda, e ele, que nasceu no Rio e, de má vontade, vive nesta cidade sem animais. Aliás, ele mesmo desmente que o Rio seja uma cidade sem bicho, possuindo o dom de descobri-los nos lugares mais inesperados. Se entra na casa de alguém, desaparece ao transpor a porta, para voltar depois de três segundos com um gato ou cacho...