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Mostrando postagens com o rótulo Sábado cantado. Poesia brasileira

Sábado cantado com Gilberto Gil

Aos 70 anos Gilberto Gil esbanja talento. Sobre essa música, que é um poema, é um tratado de filosofia, é um depoimento, é que eu e você pensamos... Tudo isso? Nada disso?   Não sei e também não importa classificar.  Vamos ler. Para ouvir clique na última palavra da letra. Não tenho medo da morte mas sim medo de morrer qual seria a diferença você há de perguntar é que a morte já é depois que eu deixar de respirar morrer ainda é aqui na vida, no sol, no ar ainda pode haver dor ou vontade de mijar a morte já é depois já não haverá ninguém como eu aqui agora pensando sobre o além já não haverá o além o além já será então não terei pé nem cabeça nem figado, nem pulmão como poderei ter medo se não terei coração? não tenho medo da morte mas medo de morrer, sim a morte e depois de mim mas quem vai morrer sou eu o derradeiro ato meu e eu terei de estar presente assim como um presidente dando posse ao sucessor terei que m...

Sábado cantado

E Agora, José? Paulo Diniz e Carlos Drummond de Andrade E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem carinho, está sem discurso, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio – e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se vo...