Eu tinha sete anos quando minha tia resolveu levar a criançada para a praia e outro carro bateu na nossa traseira. Nada grave, apesar do estrago. Minha tia não teve culpa, mas o motorista do outro carro foi grosseiro com ela e a cena juntou gente. Cheguei em casa alvoroçado: meu primeiro acidente de carro! Contei os minutos para o Jornal Nacional, na esperança de ser notícia. O descaso do Cid Moreira me abalou até meu pai explicar que milhares de carros batiam uns nos outros e que acidentes só viravam notícia quando envolviam gente famosa ou muitas vítimas. Conclusão: eu deveria ficar famoso para ver meus acidentes na televisão. Enquanto a fama não chegava, tive que me contentar com dramas alheios. Terremotos, incêndios, atentados terroristas, catástrofes que deixavam o Cid Moreira triste e preocupado. Aos domingos, o Fantástico mostrava o Hélio Costa e a Sandra Passarinho de cachecol no inverno europeu, muito sérios, soltando fumaça pela boca, falando sobre Guerra Fria, mísseis n...