Anteontem, minha gente,
Fui juiz numa função
De violeiros do Nordeste
Cantando em competição
Vi cantar Dimas Batista
E Otacílio seu irmão
Ouvi um tal de Ferreira,
Ouvi um tal de João.
Um, a quem faltava um braço,
Tocava cuma só mão;
mas, como ele mesmo disse
Cantando com perfeição,
Para cantar afinado
Para cantar com paixão
A força não está no braço:
Ela está no coração.
Ou puxando uma sextilha
Dimas e Otacílio em festival no Rio de Janeiro |
Quer a rima fosse em inha
Qrimas do céu,
Saltavam rimas do chão!
Tudo muito bem medido
No galope do sertão.
A Eneida estava boba;
O Cavalcanti bobão,
O Lúcio , o Renato Almeida;
Enfim, toda a comissão.
Saí dali convencido
Que não sou poeta não;
Que poeta é quem inventa
Em boa improvisação
Como faz Dimas Batista
E Otacílio, seu irmão;
Como faz qualquer violeiro
Bom cantador do sertão,
A todos os quais, humilde,
Mando a minha saudação.
Nota: M.B fez o poema depois de assistir aos dois irmãos no Rio de Janeiro.
Dimas faleceu em 1986 e Oltacílio em 2003
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