I
Desperta! Lava os olhos no banho da liberdadeBusca as tuas pegadas nas frias cinzas da HistóriaRegressar às raízes é isto: percorrer caminhos sinuosos
Até descobrir o teu brilho no espelho do mundo
As campanhas coloniais colocaram-te uma venda nos olhos
Resiste. Não te deixes apagar e luta com o que te ofusca
Reconhece-te. Estás presente em todas as maravilhas do mundo.
A maior intenção da escravatura era esta
Reduzir-te. Animalizar-te. Diabolizar-te
O interesse do colonialismo, racismo, era este
Apagar-te para que nunca te levantes do chão
Reconheça-te, africano, nas religiões que dominam o mundo
Na riqueza do mundo. Nas matérias-primas de todas as tecnologias
Mata os fantasmas e anula o estigma com que te descrevem
Que determinava a raça de Deus e o espaço geográfico da sabedoria.
II
Regressa às raízes e descobre-te. estuda-te
Quantos escravos foram vendidos e para onde foram?
Não sabes? E por que não procuras saber?
Espera que os agressores te deem informação?
E como te darão se não lhes convém?
Procura-te
À tua música chamam folclore e à arte, artesanato
Ao teu religioso, superstição e ao teu sagrado, diabólico
Tira as mordaças com que te animalizam. Conhece-te
III
Os colonos já foram mas deixaram capangas
Fiéis guardiões dos fantasmas do passado
Alguns capangas, negros sábios, sentados nas cátedras
Cortam as asas da alma ei abortam o voo da liberdade.
Identifica-os. Educa-os. Liberta-os
CHIZIANE, Paulina. O canto dos escravizados. p.124-125
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