Hoje é o dia dos professores. Se eu acertasse fazer selfie, buscava uma maçã ( que há muito tempo distanciou-se de Eva e aproximou-se da professora), fazia uma e dedicava à essa classe. Inábil, abraço os profissionais, a quem todos nós somos devedores eternos, relacionando minhas irmãs Nalize, Leda e Iracema, minha sobrinha Sandra, meu primo Júlio Valença, Dona Elita que me ensinou a ler, Oswaldo Ferreira, Ladjane Duarte e Enéas ... carinho imenso por vocês.
Gênero, sexualidade e ... Geografia?
Paqueras e namoros fazem parte do amadurecimento, no entanto, a sexualidade pode se manifestar na escola de diversas maneiras, nem sempre positivas. A professora de geografia Gislaine Carla Waltrik se deparou com um desafio ao tentar ajudar um aluno que sofria bullying dos colegas. Ele estava sendo chamado de gay. De início, ela soube exatamente o que fazer: parou a briga, deu bronca nos meninos e exigiu uma explicação. Após o procedimento padrão, porém, Carla não tinha mais certeza do que dizer.
Em 30 anos de docência, ela sempre havia abordado sexualidade nas aulas – do ensino fundamental ao médio – mas o caso a instigou a atualizar sua formação para responder aos vários questionamentos que recebia de seus alunos e alunas. Decidiu procurar, então, a orientação da Secretaria de Educação, onde vem fazendo cursos sobre identidade de gênero nos últimos 10 anos.
Desse interesse por se aprofundar no assunto nasceu um projeto feito com alunos do segundo ano do Colégio Astolpho Macedo Souza. Gislaine pediu que os próprios alunos mapeassem como a sexualidade se manifesta no espaço escolar. No banheiro, alunos registraram desenhos e palavrões. O laboratório de informática foi relacionado com pornografia. A quadra de futebol foi colocada com área dos meninos.
Com os desenhos e fotos, estava aberto o espaço para conversar sobre as construções feitas ali e os temas que cada aluno trazia, como masturbação, expectativas sociais, homossexualidade, violência sexual, entre outros. “Acabaram surgindo relatos sobre violência e abusos. Os outros alunos acham que aquela realidade não tem relação com eles, que são apenas dados, até ter contato com a história dos colegas”, conta Gislaine. A professora entrou como mediadora do debate que se iniciou sobre o assunto.
“A aula de geografia trata do espaço e da relação das pessoas dentro dele. Tem gente que fica presa à ideia de que só trata de relevos e vegetação”, explica a professora de União da Vitória, no Paraná.
A professora propôs que os alunos traduzissem suas conclusões, dores e histórias de forma artística, com poemas e uma apresentação de teatro, em que uma aluna representa uma personagem contadora de histórias e lê os relatos feitos por seus colegas.
Segundo a professora, o corpo é o primeiro espaço que ocupamos. Ela se esforça para mostrar aos seus alunos como proteger seu espaço e respeitar o dos outros. Procurando por cursos novos, ela busca se aprimorar e tornar o seu espaço – a sala de aula – um lugar melhor. “O mundo nunca está pronto, nós que o fazemos”, disse ela. “Sou de uma cidade pequena, mas adoro estudar. E a gente tem a capacidade daquilo que quer”.
Fonte: Revista Exame 16.10.2017
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