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A de Adoh, B de Bork Ah - Dia dos Professores, historinha 4/6

Minha forma de abraçar esses profissionais de quem somos eternamente devedores, é mostrar o que realmente é poder. O que é fazer a diferença o que é ser revolucionário.  

É para os professores que um país deve se voltar e é por causa dos professores que um país consegue se desenvolver.


     Há 17 anos, Elisângela Dell-Armelina Suruí chegou a uma aldeia em Cacoal, Rondônia, como voluntária para dar aulas em uma das 10 escolas nas terras indígenas do Povo Paiter.
     Naturalizada do Espírito Santo, o Suruí em seu sobrenome veio com o casamento. Ela resolveu ficar no lugar onde conheceu seu esposo, teve três filhos e encontrou seu propósito na educação.
     Embora nunca antes tivesse morado longe da cidade, Elisângela passou a fazer parte daquela comunidade, cuidando de seus jovens. Ano passado, ela encarou uma barreira na alfabetização de seus alunos: a língua.
     O idioma materno do povo é o Paiter Suruí que, assim como outras linguagens indígenas, tem como característica a forte oralidade. Os alunos também falam o português, mas Elisângela notou a grande dificuldade que tinham em escrever na língua.
      Daí surgiu a ideia finalista do prêmio Educador Nota 10: construir junto com a turma o material didático bilíngue para a alfabetização.
     Seguindo o alfabeto, ela e os alunos da turma multisseriada (com crianças de 5 a 11 anos) buscaram objetos e histórias do seu cotidiano para o aprendizado. Para a letra A os pequenos desenham o cesto comum usado na aldeia, o Adoh. B é de Bork Ah, uma fruta da região.
     O material didático sempre fora uma demanda dos professores para o governo, mas Elisângela percebeu que ninguém era mais indicado para aquela produção do que os próprios alunos. “Somente a gente que vive aqui tem como enxergar as necessidades que as questões culturais trazem. E também somos nós que temos o conhecimento para fazer esse material”, disse ela.
     Em conjunto, eles escolhiam os objetos retratados e os enunciados de exercícios. Os maiores escreviam os textos e participavam da correção e tradução. Quando terminavam uma atividade, ela era passada aos mais novos.
     A professora observou que a produção escrita da turma melhorou muito em ambas as línguas: Paiter e português. Ao participar ativamente da confecção de um livro, eles passaram a entender melhor o enunciado dos livros didáticos. Ela ficou orgulhosa quando um aluno sugeriu que, além do alfabeto em português e Paiter, fosse incluída a linguagem de sinais. A criança lembrou que não tinha colegas surdos, mas que existiam alguns em outras aldeias.
     Com a premiação, a aldeia ganhou destaque e recebeu a visita do vice-governador de Rondônia. Com isso, ganhou atenção a necessidade de imprimir e reproduzir o material para que chegue a outras crianças.





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