Era uma vez uma velhinho
que toda manhã bem
cedo, sentado num
banco de uma pequeno parque em Barranco,
contemplava o mar.
preparava para ir para o colégio. Aquele velhinho
o intrigava: o que fazia ali, sozinho, a essa hora,
todos os dias? Sentia um pouco de pena dele.
Um dia, não aguentando mis de curiosidade,
logo depois de acordar we antes de que o ônibus do
colégio viesse buscá-lo, saiu de casa e foi até o
parquinho. Sentou no mesmo banco que o velho e,
após um instante de hesitação, tomou coragem e
murmurou: "Bom dia".
O velho se virou para olhá-lo. Fonchito reparou
que em seu rosto cheio de rugas cintilavam uns
olhos vivos e ainda jovens. Uns olhos tão intensos
que parecias ter visto todas as maravilhas
que existem no mundo. Seu cabelo era muito branco,
assim como as sobrncelhas, e sua cútis, barbeada
com esmero, era muito pálida quase translúcida.
Parecia muito frágil; sua magrza extrema lhe
dava aspecto quase irreal. Vestia-se com
mosdéstia mas com grande esmero, um terno
cinza, um suéter azul, uma gravatinha escura
com um nó bem pequeno e sapatos pretos
bastante puídos pelo tempo, que pareciam ter'
sido recém engraxados. Tinha aquela
expressão tranquila e profunda das
pessoas que sabem muitas coisas.
- Olá, rapazinho - cumprimentou
o velhote com uma voz tão suave que
se podia confundir com o gorgeio de um
passarinho.
- Eu moro ali - disse Fonchito
apontando seu prédio. - e vejo o
senhor toda manhã enquanto estou
esperando o ônibus do colégio.
O velho assentiu, sorrindo:
- Aposto que você quer saber o que
faço aqui todas as manhãs e porque olho o
mas com tanta insistência, não é mesmo?
Fonchito confirmou, balançando a
cabeça várias vezes.
O Barco da Crianças
Mário Vargaas Llosa
Cia da Letrinhas 2021
Tradução: Paulina Wacht e Ari Roitman
Ilustrações: Zuzanna Celej
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