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Fábula de Monteiro Lobato: A Assembleia dos Ratos

Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria de uma casa velha que os
sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.

Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão. Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado, fazendo sonetos à Lua.

- Acho - disse um eles - que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.

Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra um rato casmurro, que pediu a palavra e disse:

- Está tudo muito direito. Mas quem vai amarrar o guizo no pescoço de Faro-Fino?

Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nó. Outro, porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem. E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.

Comentários

  1. A primeira resposta faro fino segundaestavam a ponto de morrer de fome terceira botar uma guizor no pescoço do gato quarta a noite quando o gata tava dando sonetos a leu 5 um guizor ao pescoço assim que ele se aproxime 6 1

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