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5 Lições Que Aprendi Com as Minhas Metas de Ano Novo, Suzana Valença

 



Eu gosto de fazer metas de ano novo. Já faz muito tempo que eu escrevo listas do que quero realizar, reflito sobre o que eu consegui ou não anteriormente, e penso sobre o que aprendi no processo.

Ao longo dos anos, notei que eu cumpro uns 70% das metas. Os outros 30% vão ficando pelo caminho. De 70 em 70, eu fico satisfeita com meu progresso. Notei também que vou me conhecendo melhor, lendo  mais sobre o assunto e entendendo como fazer metas melhores. 

É o resultado desses anos de aprendizados que eu quero dividir com você hoje.

Não lembro onde li, mas concordei imediatamente, que a vida não pode ser uma longa lista de tarefas a cumprir. Eu gosto das metas, mas entendi que elas têm uma importância parcial. Ou melhor, elas podem ser muito importantes, mas apenas se estiverem em sintonia com o que é realmente significativo para você. Daí vem o primeiro grande aprendizado:

1 - Defina seus valores de vida antes de pensar em metas

Eu gosto de usar a meta “ter barriga tanquinho” como exemplo. É o tipo de meta que eu adoraria cumprir mas nunca entra na minha lista. A verdade é que eu ficaria me sentindo o máximo com um abdômen trincado, mas fazer dieta restritiva e encarar horas de musculação não combinam com meus valores de vida. Eu dou mais valor a comer chocolate e caminhar no parque.

Brincadeiras à parte, uma meta maluca nunca é cumprida porque, no fundo, ela não é tão importante assim. É aquele tipo de coisa que até seria legal se acontecesse magicamente, mas que não temos a energia de correr atrás porque não se conecta com quem somos. Então, antes de inventar uma check list dos infernos, pense nos seus valores. De verdade, de verdade mesmo. 

Um bom exercício para começar a pensar no que é realmente relevante, é imaginar o que machucaria se fosse tirado de você. Eu trabalhei em um ambiente ruim por algum tempo. Quando comecei a trabalhar por conta própria, fui a uma reunião no Recife Antigo e, na volta, tive um momento de clareza. A liberdade de montar a minha forma de trabalhar e de poder escolher encontrar pessoas interessantes em um dos bairros mais legais da cidade era importante para mim. Nesse dia surgiu para mim um valor de vida que eu iria lutar eternamente para ter e manter.

Sou uma nerd convicta e estudar é algo que eu normalmente não considero chato. Ler e pesquisar são hobbies, é um negócio que eu faço para me divertir. Crescer intelectualmente é outro exemplo de valor para mim.

Anote os seus valores e comece por eles. Os meus são: auto conhecimento, verdade, honestidade, liberdade, e aprendizado. Quais são os seus?

2 - Tenha metas que sejam verdadeiramente suas

O que o item acima deixa claro é que nós não devemos seguir (ou tentar seguir) metas que não sejam nossas. Parece meio óbvio, mas não sei não viu, às vezes nós caímos em algumas pegadinhas. Achamos que temos que fazer isso ou aquilo porque está na moda, porque rende views na internet, porque “pessoas da idade X devem fazer a coisa X”, e outras loucuras. Quantos de nós passamos anos sem nunca cumprir aquela meta de perder 2 quilinhos? 

(falei mais sobre isso aqui)

3 -  Tenha sistemas e não apenas metas

Há algumas semanas, li sobre que, em vez de criar metas, o certo era criar sistemas. Na hora, fiquei me sentindo um pouco ofendida, já que tenho tanta fé nas metas que eu venho fazendo há tantos anos. Depois que passou o abusinho, veio o entendimento e eu acabei incorporando mais um aprendizado ao meu método. Sistemas fazem todo sentido e são uma ótima forma de não transformar a vida em uma check list desumana. 

O que eu estou chamando de “sistemas” são rotinas que desenhamos para nós mesmas(os). Essas rotinas devem ajudar você a viver de acordo com seus valores. Por exemplo, “aprendizado” é um dos meus valores, então eu tenho que pensar em sistemas que me ajudem a viver cercada de possibilidades de aprender. Minhas decisões de vida, minhas atividades do dia a dia, a forma como eu organizo a minha casa, como eu agendo as tarefas diárias, tudo isso tem que girar em torno dos valores.

Agora, atenção! Vamos dar o pulo do gato. É esse passo agora que vai fazer você cumprir suas metas de verdade finalmente (ou 70% dela)! O truque é que organizar sua rotina em torno do que é importante para você tem ser algo fácil. Não tem que ser sofrido não, segura a onda! Se você estiver complicando demais não vai dar certo e pode estar fugindo dos seus valores. Os sistemas têm que ser fáceis, têm que fluir bem naturalmente, e podem até ser meio óbvios para você. Se você conhece bem os seus valores, vai perceber que a vida meio que já caminha nessa direção.

4 - Trace suas metas a partir dos sistemas

Se é fácil nós nem achamos que vale, né? Então, pronto. Chegou a hora de apertar. Crie as metas a partir dos sistemas. Para mim isso quer dizer que primeiro a gente cria rotinas que nos façam viver de acordo com nossos valores. Depois, pegamos o que faz sentido para nós e damos um empurrãozinho extra. 

Um dos meus valores é o aprendizado, certo? Então, para 2021, algumas das minhas metas eram coisas que eu já queria fazer mesmo e que têm tudo a ver com esse valor. A diferença é que eu dei uma forcinha para maximizar e organizar elas. Eu gosto de ler, mas todo ano faço aquele desafio do Goodreads de ler X livros. A meta não me forçar a fazer um negócio que eu odeio, sabe? Ela combina com quem eu sou, previne a preguiça, e me ajuda a estar sempre lendo alguma coisa.

Os valores não mudam muito com o tempo. Com isso, os sistemas vão se solidificando também. Para viver de acordo com os valores que eu citei acima, percebi que eu precisava criar sistemas que me permitissem ter saúde. (Aliás, se não sabíamos antes, a pandemia está deixando muito claro que tudo começa pela saúde, né?). Já fiz academia por um tempo, depois tive a rotina de ir para o parque todos os sábados. Agora meus sistemas de saúde envolvem o planejamento do almoço da semana, a meditação todos os dias, etc.

Só depois dos sistemas organizados, é que devem vir as metas. Primeiro você cria uma rotina de leitura ou saúde, como nos meus exemplos, depois você pode dar o empurrãozinho de dizer “quero correr x quilômetros” ou “quero ler todos os livros de Machado de Assis”. (Essa era minha meta de 2021, mas eu parei nos 70%)

5 - Revise as metas sempre!

Eu sou a pessoa mais inflexível do mundo. Só a palavra “flexibilidade” já me dá uma agonia. Na minha cabeça flexibilidade é igual a desleixo, descomprometimento. Mas aprendi que não é bem assim. 

Para as nossas metas de ano novo, flexibilidade quer dizer adaptar as metas para manter os sistemas (e os valores!). Eu saí da academia chiquérrima que eu fazia quando deixei meu trabalho ruim e a grana apertou. Não fui mais à Jaqueira religiosamente aos sábado durante as aulas da pós-graduação que eram no mesmo horário. A vida impõe alguns desafios e se o foco for só na meta (“ir para a academia x vezes por semana”) a gente acaba não cumprindo. Faz mais sentido ter uma grande ideia (“cuidar da minha saúde”) e, ano após ano, ir agindo sobre essa ideia da melhor forma possível. E adicionando aquele empurrãozinho a mais!

Em 2021, bati meu recorde e cumpri 90% das minhas metas. Mas para ser bem honesta com você, a verdade é que 2020 foi um ano tão difícil que eu me dei metinhas fáceis. Ainda assim, aprendi que é importante revisar sempre. É muito legal dar uma olhada no que deu para fazer, no que não deu, celebrar as pequenas vitórias, e cortar da lista o que não fez sentido. No começo de 2021, eu combinei comigo mesma que iria editar um ebook. Em julho, foi vital para mim conseguir um novo cliente, então o livro digital saiu do radar e a prospecção virou a nova prioridade. (Olha só para mim sendo flexível…na marra)

6 - As metas têm que deixar você feliz (Bônus) 

Quando eu ia para a tal da academia chiquérrima, uma das minhas partes favoritas dessa rotina era chegar em casa depois da malhação e tomar aquele banho frio revigorante. No fim das contas, os sistemas e metas têm que produzir um efeito parecido. Eles têm que ser aquele esforço que até dão trabalho, mas produzem uma satisfação imensa. 

Não é exagero dizer que chegarmos até aqui, dezembro de 2021, já é uma grande vitória. Isso é verdade para toda humanidade, e mais ainda para nós brasileiros. Sobrevivemos, por sorte, vacina e esforços pessoais, a vírus e governo mortais. Então, dê uma pausa, respire um pouco e celebre internamente a enorme alegria de estar aqui. Ok, agora, comece a pensar nos seus sistemas e metas, e de que forma eles podem ajudar você a se sentir ainda mais vivo(a). (Lembre-se que ‘estar vivo’ e ‘se sentir vivo’ são coisas diferentes)

Como a vida não é mesmo, de jeito nenhum, uma longa lista de tarefas a cumprir, é importante ser feliz durante a caminhada. O autor James Clear diz que nossos hábitos devem ser “um voto na pessoa que queremos ser”. Eu gostei dessa ideia. 

Talvez, mais do que nunca na história recente, estejamos precisando construir coisas novas. O mundo precisa de garra, de energia transformadora, de bondade, de mudança. E se tem uma coisa que este mundo realmente não precisa é da minha barriga trincada.

O que faz você feliz? Mas assim, feliz de verdade mesmo! Sobre o que você falaria por horas e horas? Qual é a tua instiga? (sotaque de Recife mode on) Que missão trabalhosa te daria uma alegria danada de cumprir? É isso que você deveria estar fazendo. 

(Por favor, faça)

Anote o que te dá alegria. Anote o que te dá aquela vontade de realizar. Entenda que valores estão por trás dessa “instiga”. Com valores (grandes ideias para a vida toda), desenhe os sistemas (rotinas diárias, semanais, mensais), e depois pense as metas (objetivos).

Pronto, agora é só começar a crescer, transformar e ser feliz!


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