Mais uma vez brincamos de Amigo Oculto. O grupo de leitura se presenteia com livros há quase uma década. A brincadeira é formidável, porque além da gente ganhar livros que gostaríamos de ler, algum tempo depois vários dos títulos passam a ser emprestados aos demais colegas. Adoramos fazer Amigo Oculto. Esse ano, as minhas sugestões foram:
Arrancados da Terra, Lira Neto.
Em setembro de 1654, um grupo de 23 refugiados desembarcou em Nova Amsterdam, colônia holandesa na costa oriental da América do Norte. Eram homens e mulheres, adultos e crianças, possivelmente sobreviventes de uma odisseia iniciada meses antes nas praias de Pernambuco. Exaustos, esfarrapados e sem dinheiro, fugiam da Inquisição, reavivada nas capitanias do Nordeste depois da vitória luso-brasileira na guerra contra a ocupação holandesa.
Os primeiros judeus da ilha de Manhattan, assim como seus parentes e antepassados sefarditas ibéricos, enfrentaram uma sucessão dramática de dificuldades e privações até encontrar a terra prometida no Novo Mundo. Seguindo a trilha de religiosos e intelectuais ilustres, mas também de lavradores e mascates quase anônimos, Lira Neto conta sua incrível saga de fé, resistência e esplendor cultural, e faz assim também uma história narrativa e colorida da ocupação holandesa do Nordeste. Com prosa fluida e rigor histórico, o autor da trilogia Getúlio entrelaça as biografias desses judeus pioneiros à crônica de grandes acontecimentos que ajudaram a moldar o Brasil e a América. “Uma narrativa fluente e erudita que resgata da ignorância de quase todos e do esquecimento de uns poucos a saga seiscentista do grupo de judeus de origem portuguesa que singrou de Amsterdam ao Recife e de lá à futura Nova York, abraçando os dois Atlânticos.” ― Evaldo Cabral de Mello (Amazon)
O Mapeador de Ausências, Mia Couto. Diogo Santiago é um intelectual moçambicano respeitado e de muito prestígio. Professor universitário em Maputo e poeta, ele volta pela primeira vez em anos à Beira, sua cidade natal, às vésperas do ciclone que a arrasou em 2019, para receber uma homenagem de seus conterrâneos. Mas o regresso à Beira é também o regresso a um passado longínquo, à sua infância e juventude, quando Moçambique ainda era uma colônia portuguesa. Menino branco, ele é filho de um pai jornalista e poeta, e de uma mãe absolutamente prática e com os pés no chão. Do pai, recorda das viagens que fez com ele ao local de terríveis massacres cometidos pela tropa colonial, da perseguição e prisão pela polícia política, a Pide, e, sobretudo, de seu amor pela poesia. Entre vivos e mortos, Santiago revisita os personagens que fizeram parte de sua história. (Amazon)
O Alegre Canto da Perdiz, Paulina Chiziane.“Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance (Balada de amor ao vento, 1990), mas eu afirmo: sou contadora de estórias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte.” PAULINA CHIZIANE Delfina é uma mulher negra cujo grito de liberdade está sempre sufocado. Sujeita às vontades do marido negro ou do amante branco, enfrenta as dificuldades de criar uma família multirracial e buscar o sustento em um cenário de casamentos por encomenda, de venda do corpo por quase nada. Misturando imaginação e misticismo, a prestigiada escritora moçambicana Paulina Chiziane apresenta um retrato poderoso e peculiar da sociedade e da mulher africana. (Amazon)
A Roupa do Corpo, Francisco Azevedo
O livro conclui a tetralogia iniciada pelo best-seller O arroz de Palma, seguido por Doce Gabito e Os novos moradores. Neste novo romance, Francisco Azevedo nos apresenta o narrador-personagem Fiapo, que nos conduz pela viagem de sua vida.
Com ele, seus caminhos e seus relacionamentos, acompanhamos as infinitas possibilidades que cabem em uma existência, quando dedicada à compreensão da alma. Entre os grandes movimentos planetários e os marcos históricos, a vida cotidiana acontece. É entre o nascer e o morrer que amamos, odiamos, nos ressentimos e nos reconciliamos. ""Nada é banal. E não existem pessoas comuns."" ""Podemos não perceber, mas tudo nesta vida é pura mágica"", como nos lembra o autor. (Amazon)
A AlmaPerdida, Olga Tokarczuk
Livro que encanta, enternece e faz pensar. Era uma vez um homem que trabalhava muito e quase não prestava atenção no tempo que passava diante de seus olhos. Não que sua vida fosse ruim. Ele apenas sentia que tudo ao seu redor estava plano, como se estivesse se movendo na folha de um caderno de matemática inteiramente coberta por quadradinhos iguais e onipresentes. Esta é uma história que leva o leitor a buscar a si mesmo, conduzindo-o a um desenlace maravilhoso e inesperado, como só os grandes contos de fadas são capazes de fazer. Uma história que se abre para o futuro ― sem respostas, mas com inúmeras e fascinantes perguntas destinadas a todas as idades. (Amazon)
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