Dona Quinota não se importava com a aspereza do ano inteiro. Com ela era ali no duro - trabalho, trabalho e mais trabalho. O ordenado das empregadas, na verdade, era uma pouca vergonha que a polícia devia pôr um paradeiro. Não punha. Vivia metida com a maldita política. Falta duma boa revolução!.. Ah! se ela fosse homem!... Enquanto a revolução não vinha para botar tudo nos eixos, obrigando-a a endireitar empregadas, fazia de criada - cozinhava, varria, cosia, Encerava a casa também, aos sábados, depois que disseram pelo rádio ser higiênico e muito econômico. - Econômico? Então se encera mesmo. O marido, que já estava acostumado àquelas resoluções, largou no melhor pedaço o volume de Os Miseráveis , meteu sobre o pijama a gabardine cheirando a gasolina na gola e foi telefonar para a loja de ferragens, pedindo duas latas de cera - da boa, vê lá! - chorando um abatimentozinho na escova e na palha de aço: está ouvindo, seu Fernandes? Estava sempre para tudo,