No Verão Passado Maria Olímpia Foi no verão, no verão passado. Que verão, que passado, eu nem sei, não acabou. Passou. O tempo é confuso, existem momentos que parecem ser, aqui e agora, existem aqueles que nunca foram. Talvez delírio, talvez sonho, mas era verão, isso eu sei. Quando paro e penso e paro e penso continuamente, o pensamento indo e vindo como as ondas do mar, o tic e o tac do relógio, quando penso uma corrente elétrica me percorre inteirinha, da ponta dos dedos dos pés a ponta dos cabelos, mas não sei se é vice e versa ou versa e vice nem sei se a ordem dos fatores tem alguma importância. É um vai e vem gostoso que arrepia e levanta os pelos dourados dos meus braços vazios, tão frios. Corrente que se vale de uma saudade viva, respingos do sangue do coração em chagas. A lembrança é tão forte que nem parece lembrança, se confunde. Se me localizo no tempo, firmo os pés no chão, distante das areias da praia e espalho em cima da cama, nas paredes do quarto, da sala, cozinha, em