Bem, o romance é centrado em Ndani que sai de sua terra natal no interior e vai para a capital da Guiné-Bissau, por ser tida como portadora do azar, causadora natural de tragédias. Esse estigma faz Ndami ir viver só e sem recursos num território de pessoas brancas e que não falam a sua língua.
Ndami narra o que vê, passa e entende da vida sem curandeiros, e sem tribos, mas sob outra forma de domínio (religioso, político e branco) que lhe é totalmente desconhecido.
A visão que a personagem tem dos brancos ora surpreendendo ora assustando mas sempre obrigando à adaptação por sobrevivência é encantadora. Última Tragédia, foi uma grata surpresa e eu recomendo a leitura. Acrescento que a África tem excelentes escritores que valem muito ser lidos e com quem temos muito a aprender sobre nós mesmos.
O Mundo Colonial, Mundo Compartimentado
Para submeter os povos conquistados, o colonizador considerou necessário quebrar-lhes a vontade, coisificá-los, surrupiar-lhes a língua, as crenças, as tradições, engabelá-los com mistificações e roubar-lhes a capacidade de escolha própria. Desprestigiar, desconsiderar cultura autóctone em detrimento da cultura imposta embriagando o colonizado com o elixir de civilização, foi uma tática recorrente e eficiente. Em A Última tragédia, nota-se a cada passo, as estratégias que vão de encontro ao discurso maniqueísta da época quem insistia em estigmatizar os "nativos" como ignorantes, ingênuos, incapazes, referências reducionistas, justificativas para o ímpeto dominador e para a espoliação inescrupulosa. (pág.11).
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Parece bem interessante!
ResponderExcluirE é mesmo. Aprendi muito com o livro. Penso que a gente vê mais o Brasil quanto mais lê africanos. Abraço.
ResponderExcluirFiquei bastante curiosa! E a capa é belíssima!
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