De tanto minha filha falar, e porque colocando minhas leituras de 2020 lá no Goodreads notei que tive sorte e lí muito bons livros. E até li não-ficção, coisa que quase nunca faço. Bem, isso tudo pra dizer meus favoritos de 2020.
Ed. Leya, 2015 - 416 páginas.
Em Porto Negro, capital da ilha de São Cristóvão, todo mundo conhece Santiago Cardamomo, o bom malandro que trabalha na estiva, tem muitos amigos e adora mulheres, de preferência feias, raramente passando uma noite sozinho. O seu sucesso com o sexo oposto, aliás, provoca inveja naqueles a quem a sorte nunca bateu à porta, sobretudo o enfezado Rolindo Face, que há muito alimenta esperanças pelo amor de Ducélia Trajero – a filha que o patrão açougueiro guarda como um tesouro. Até que, no dia em que ensaiava pedir a mão da doce jovem, Rolindo assiste sem querer a um pecado impossível de perdoar, e que acabará por alterar a vida de incontáveis porto-negrinos, incluindo a da própria mãe; a de um foragido da justiça que vive um amor clandestino para se esquecer do passado; a de Cuménia Salles, a dona do Chalé l’Amour, a mais famosa casa de meninas da cidade; ou a de Chalila Boé, um mulato afeminado que, nas desertas horas da madrugada, se perde pelo porto à procura do amor. O pecado de Porto Negro, obra finalista do Prêmio LeYa de Portugal, é um mosaico de histórias que vão se encadeando para construir um romance admirável sobre o caráter circular do destino e a capacidade do passado de ressurgir quando menos se espera. (Site Amazon)
Não Ficção: Contos de Kolimá, Varlan Chalámov
Ed.34, 2016 - 304 páginas
Entre o final dos anos 1920 e o pós-guerra, milhões de pessoas foram deportadas e morreram nos campos de trabalhos forçados soviéticos. Em Kolimá, região desolada no nordeste da Sibéria, "onde um cuspe congela no ar antes de tocar a terra", localizavam-se alguns desses campos, e num deles o escritor russo Varlam Chalámov (1907-1982) cumpriu pena por quase duas décadas, cavando buracos, abrindo estradas e quebrando pedras. Ao final desse período, retorna a Moscou e já no ano seguinte começa a escrever sua obra-prima, os Contos de Kolimá. Após este primeiro volume se seguiram mais cinco, constituindo uma obra monumental, com mais de 2 mil páginas, trabalho que lhe tomaria outros vinte anos e no qual a escavação profunda da memória, o relato autobiográfico sem floreios, é acompanhado a cada passo por uma aguda reflexão filosófica sobre os limites do ser humano em face de experiência tão brutal. (Site Amazon)
Os dois parecem ser tristes mas bem interessantes.
ResponderExcluirOs africanos colocam muito de seus países no que escrevem. A Última Tragédia, não foge disso, nem o título permite. No entanto é na forma que o autor encanta: romanceia fatos reais de forma poética, às vezes bem humorada, irônica.. prende o leitor que se atento, aprende muito também do Brasil. Pecado de Porto Negro me segurou nas primeiras páginas. Em nenhum momento fui capaz de imaginar o próximo passo de algum personagem, não tem final obvio. Também narra uma situação de um lugar real, num tempo colonial português e também, para quem for atento, permite ao brasileiro ver semelhanças. Recomendo muito.
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