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Mostrando postagens de março, 2020

O Taxista de Jesus, José Eduardo Agualusa

         - O amigo acredita em Deus?      A pergunta apanhou-me desprevenido. Deus?  Eu estava dentro de um táxi, tinha fechado a porta e indicado o destino. Ainda pensei em sair mas o carro já corria, às curvas, por entre o trânsito transtornado de Lisboa. Assim, acomodei-me no assento, suspirei fundo e preparei-me para o pior.      -Pois olhe - continuou o homem - eu também não acreditava. Um dia, porém, estava aqui ao volante,olhei para trás e quem é que vi sentado, muito sentado mesmo, onde agora está vossa excelência? Nosso Senhor Jesus Cristo!...      Reparei melhor no taxista: era um sujeito sem grande relevo, quero eu dizer,  olhava-se para ele e estava ali, mas olhava-se para o outro lado e era como se o pobre tivesse deixado de existir. Um tipo assim, tão desartificioso, não se diria capaz capaz de ficções. Por isso inclinei-me para a frente e quis saber o que achara ele de Jesus Cristo.      - Uma simpatia, amigo, um príncipe. Mas se você o visse não o reconhece

Nascido em 23 de Março: Moacyr Scliar.

         A Festinha do Colégio           Se você é pai, você sabe: você pode faltar à festa de aniversário de seu chefe, você pode faltar  ao encontro com o sujeito que ia lhe arranjar um emprego milionário, você pode até faltar a uma audiência com o governador, mas você  não pode faltar à festinha de fim de ano da escola de seu filho. É uma expectativa que começa, aliás, muito antes  da data da festa. Eu diria que já no primeiro dia de aula as professoras começam a programar a apresentação. E aí você começa a receber cartinhas, com as coisas que você precisa comprar para a fantasia do herói: setenta metros de veludo cotelê, noventa metros de fita, dois quilos de pedras preciosas... Mas você compra, porque afinal é o seu garoto que vai se apresentar . Aí você é convocado para saber do que se trata: é uma peça infantil que foi bolada por uma das professoras. Chama-se A Festa do Pedrinho, ou algo no estilo. Nada do outro mundo, naturalmente, mas o que falta em sofisticação sobra

Meu Presidente, Regina Ruth Rincon Caires

                                                                                      Início da década de 1960...         A pequena vila, acanhada, era quase estéril de empregos. Afora os pequenos sitiantes e comerciantes, o resto lutava só Deus sabe como... Mas tudo era mais fácil, visivelmente mais fácil que hoje. É bem verdade que a comida não era tão diversificada como agora, mas existia a fartura. Em quase todas as casas podia-se ver uma horta ampla, um chiqueiro apinhado de crias, galinhas aos montes, sem contar as frutas! A gente comia até se fartar, e não havia a menor preocupação com a sobrevivência futura, como hoje. Não sei se isso, se essa despreocupação estava só com as crianças, e ficava para os adultos a angústia do “como fazer?”. Acho que não... As pessoas eram leves, não mostravam tensão. Eram falantes, alegres, maravilhosamente solidárias. Tempo bom! Sadio nos costumes e nas amizades!         Em casa, minha mãe, viúva, com uma penca de filhos... Éramos assu

10 Livros de Tirar o Fôlego, Mariana Felipe da Revista Bula

            O Museu da Inocência, Orhan Pamuk     Kemal, descendente de uma família rica e tradicional, está prestes a se casar com Sibel, uma mulher inteligente e refinada. Na Turquia dos anos 1970, eles representam um casal moderno, que se arrisca a fazer sexo antes do casamento. A vida de Kemal parece completa em todos os aspectos. Mas, ao reencontrar-se com Füsun, uma prima distante de dezoito anos que trabalha como vendedora, toda a sua estabilidade colapsa. Ele passa a ter encontros sexuais frequentes com a jovem, embora não considere romper o noivado com Sibel. À medida que o casamento se aproxima, a pressão sobre Kemal aumenta. A partir dessa história de obsessão amorosa, Pamuk desenha um panorama social e cultural da Turquia.       O Mundo Pós Aniversário ,Lionel Shriver     Aborda o relacionamento aparentemente sólido de um casal de americanos que mora em Londres. Lawrence é um disciplinado pesquisador de um instituto de estudos estratégicos, um h

M.P.B Poesia: Tá Escrito

  Xande de Pilares, Gilson Bernini  e  Karlinhos Madureira Quem cultiva a semente do amor Segue em frente e não se apavora Se na vida encontrar dissabor Vai saber esperar a sua hora Às vezes a felicidade demora a chegar Aí é que a gente não pode deixar de sonhar Guerreiro não foge da luta e não pode correr Ninguém vai poder atrasar quem nasceu pra vencer É dia de sol, mas o tempo pode fechar A chuva só vem quando tem que molhar Na vida é preciso aprender Se colhe o bem que plantar É Deus quem aponta a estrela que tem que brilhar Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé Manda essa tristeza embora Basta acreditar que um novo dia vai raiar Sua hora vai chegar. Ouça Tá Escrito com Xande Pilares e Caetano Veloso

Nascido em 9 de Março: Pedro Bandeira

     Hoje o popularíssimo Pedro Bandeira faz 78 anos. Por causa do aniversário descobri que ele também faz poesias infantis como essa dai de baixo.   Para ler mais sobre o autor, escolha algum título lá no finalzinho e clique.   É o que tem de Pedro Bandeira aqui no blog.  Quem sou eu? Eu às vezes não entendo! As pessoas têm um jeito De falar de todo mundo Que não deve ser direito. Aí eu fico pensando Que isso não está bem. As pessoas são quem são, Ou são o que elas têm? Eu queria que comigo Fosse tudo diferente. Se alguém pensasse em mim, Soubesse que eu sou gente. Falasse do que eu penso, Lembrasse do que eu falo, Pensasse no que eu faço Soubesse por que me calo! Porque eu não sou o que visto. Eu sou do jeito que estou! Não sou também o que eu tenho. Eu sou mesmo quem eu sou! Fonte: Literatura Infantil Pedro Bandeira Por Minha Filha  ***  🎈  Melodia Mortal Pedro Bandeira e Guido Carlos Levi    🎈***A Droga A

Ela é de Pernambuco, é do leão do norte: Naíde Teodósio.

Data magna do estado de Pernambuco (6 de março) e Dia Internacional das Mulheres (8 de março), aproveitei para juntar dois orgulhos e trazer uma mulher à frente do tempo, que era feminista quando nem se falava nisso. Ela é de Pernambuco, é do leão do norte:      Nasceu em 6 de junho de 1915, em Sirinhaém, interior de Pernambuco. De família pobre, graças aos esforços do seu pai, Naíde conseguiu estudar na sua terra natal, interna no Colégio da Sagrada Família, que foi, para ela, sua iniciação no mundo do conhecimento e berço de sua formação ética e intelectual. É nesta fase de sua juventude que, estimulada pelo ambiente educacional em que vivia, aprende a ler e a falar bem o francês.       Aos 16 anos, acompanhada de duas irmãs mais novas, contrariando a vontade paterna, audaciosamente decidiu vir para o Recife, para trabalhar e estudar na concretização de um sonho, a de ser médica. Formou-se médica (1946)  pela Faculdade de Medicina do Recife.      Naíde Teodósio ingressou

Bestiarii, Antônio Neto

    Pão e circo. É isso o que Roma oferece para os seus pobres. Pão para o estômago faminto. Circo para as almas vazias.     Andar pelas ruas da cidade é o que fazem milhares de molambos humanos. Aprígio é só mais um. Seu corpo come o pão. Seu espírito esvazia-se no circo. No circo ele aprendeu que a vida vale um polegar apontando para cima ou para baixo. Nem abdomens abertos, nem cabeças decapitadas, nem corpos mutilados ou um oceano de sangue conseguem sensibilizá-lo mais. A primeira morte foi difícil segurar no peito. As dezenas de outras, não o incomodam nem um pouco.       Não quer ser gladiador porque teme a inteligência humana. O gladiador experiente luta com a mente, não com os músculos, como a multidão acredita. Ele ainda é muito jovem para ser um gladiador. Seria morto nas primeiras lutas. Por isso prefere ser um bestiarii. Os animais pensam com os músculos, por isso é tão fácil matá-los.     Apesar de ser filho da miséria, Aprígio é alto e muito forte. A primeira co

Nascida em 2 de Março: Ruth Rocha

     Amanhã é aniversário de Ruth Rocha e eu pensei em reapresentar o livro Dois Idiotas Sentados Cada Qual em Seu Barril.   Qualquer dia pergunto à autora se ela escreveu esse livro para crianças mesmo, porque só vejo a obra como um livrinho (tem poucas páginas) de reflexão para adultos. Aliás um livrinho ainda atual e cada vez mais necessário.  Calma! Não vou falar do livro não, mas se você quiser saber a respeito dele ,faz muito bem.       Ruth Rocha é paulista e completa hoje 89 anos. Ela foi aluna do historiador Sérgio Buarque de Holanda, só tem uma filha que se chama Mariana, orientadora Educacional mesmo sem ter formação acadêmica na área (Ruth estudou Ciências Políticas e Sociais e não pedagogoa como eu pensava), escreveu sobre educação na Revista Crescer e sua primeira história nessa revista foi Romeu e Julieta.         Mais sobre a autora é  muito melhor ver lá no site de Ruth Rocha , é bem legal e está atualizado. Parabéns pra você Ruth!! Ruth Rocha tem um site f