- O amigo acredita em Deus? A pergunta apanhou-me desprevenido. Deus? Eu estava dentro de um táxi, tinha fechado a porta e indicado o destino. Ainda pensei em sair mas o carro já corria, às curvas, por entre o trânsito transtornado de Lisboa. Assim, acomodei-me no assento, suspirei fundo e preparei-me para o pior. -Pois olhe - continuou o homem - eu também não acreditava. Um dia, porém, estava aqui ao volante,olhei para trás e quem é que vi sentado, muito sentado mesmo, onde agora está vossa excelência? Nosso Senhor Jesus Cristo!... Reparei melhor no taxista: era um sujeito sem grande relevo, quero eu dizer, olhava-se para ele e estava ali, mas olhava-se para o outro lado e era como se o pobre tivesse deixado de existir. Um tipo assim, tão desartificioso, não se diria capaz capaz de ficções. Por isso inclinei-me para a frente e quis saber o que achara ele de Jesus Cristo. - Uma simpatia, amigo, um príncipe. Mas se você o visse não o reconhece