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Mostrando postagens de 2018

Para Degustação: O Pintor de Retratos, Luiz Antonio de Assis Brasil

     Ficou um ano em Rio Pardo. refez seu guarda-roupa. Comia bem, para esquecer-se da revolução; engordou onze quilos. De Montevidéu encomendou o material fotográfico francês, e trabalhava para quem lhe pagasse. Montou estúdio numa dependência alugada à casa canônica. Muitos notaram que ele percorria todas as tardes o caminho que ligava ao bordel. O vigário indignou-se quando soube desses hábitos de seu inquilino, mandou-o porta afora.      Procurou outro lugar, mas nenhum lhe pareceu bom. Foi a dona Moça quem lhe disse:       - Fosse eu, voltava para Porto Alegre      - Lá não me querem.      Ela então mandou saber algo pela irmã. A informação foi simples: com tantas preocupações políticas e revolucionárias, a cidade havia esquecido Sandro Lanari. Deveria confiar: a mana Antônia era prática nesses assuntos de sociedade e malquerenças.      Assim, em poucos dias ele estava em Porto Alegre, e de novo na Pensão Itália, no mesmo quarto de antes.

Postagens Mais Acessadas de 2018

Quando a Lua Clareia as Águas do Rio Sol de Primavera Por que Ler A Literatura Como Turismo? Dribles do Passado Melhor Capa de Revista de 2018 Clique na imagem para ler as postagens mais acessadas de 2018

Livros Mais Vendidos em 2018

1º A Sutil Arte de Ligar o F*da-se, de Mark Mason (Intrínseca) 2º As Aventuras na Netoland com Luccas Neto, de Luccas Neto (Nova Fronteira) 3º O Milagre da Manhã, de Hal Elrod (Best-Seller) 4º Álbum da Copa – Rússia 2018 (Panini) 5º Seja Foda!, de Caio Carneiro (Buzz) 6º O Poder da Ação: Faça sua Vida Ideal Sair do Papel, de Paulo Vieira (Gente) 7º O Poder do Hábito, de Charles Duhigg (Objetiva) 8º Sapiens – Uma Breve História da Humanidade, de Yuval Noah Harari (L&PM) 9º O Poder da Autorresponsabilidade, de Paulo Vieira (Gente) 10º Propósito, de Sri Prem Baba (Sextante) 11º Me Poupe!, de Nathalia Arcuri (Sextante) 12º Textos Crueis Demais Para Serem Lidos Rapidamente, vários autores (Globoalt) 13º Vade Mecum Tradicional, vários autores (Saraiva) 14º Ainda Sou Eu, de Jojo Moyes (Intrínseca) 15º Felipe Neto – A Vida Por Trás das Câmeras, de Felipe Neto (Nova Fronteira) 16º Os Segredos da Mente Milionária, de T. Harv Eker (Sextante) 17º Origem, de Dan Brown (Arq

Para degustação: O Que Vem Ao Caso, Inez Cabral

      Alguns meses depois da renúncia de Jânio Quadros, sai do Brasil aos treze anos, direto para Madri (onde sua mãe inventa de matriculá-la no balé) e, alguns meses depois, para Sevilha. Tem que aturar mais uma vez a educação que as meninas aristocratas (ela é a única plebeia do colégio) recebem na Espanha de Franco. São preparadas para, ao terminar os estudos, casar e obedecer ao marido ou ir para um convento, opção bem ressaltada nas aulas de religião. Segundo as madres, não é para qualquer uma, apenas as que merecem ouvirão o chamado  de Cristo. 

Soneto da Paz, Joaquim Cardozo

Este soneto é natureza morta, Traço na alvura, sobra de uma flor, Sinal de paz que inscrevo em cada porta, Gesto, medida de comum valor. É letra e clave, é modulo que importa Na redução da voz, do som. Calor Do que vivido foi e inda comporta Palpitação de implícito lavor. Moeda que correu por muitas mãos, Brinquedo que ficou perdido a um canto Num lago de esquecidas esperanças. Mas nos seus versos fecho os sonhos vãos E em notas claras, digo, exalto e canto: -Paz! Paz! Brincai, adormecei, crianças! Cardozo, Joaquim. Poesias Completas. Ed.Civilização Brasileira, Rio de Janeiro 1979, pág.64

O Que Será Que Vou Ganhar?

Dei duas sugestões ao meu amigo secreto. Qualquer uma delas vai me agradar imensamente. Preciso, no entanto, conter minha curiosidade. O Que Eu Pedi a Meu Amigo Secreto? Em seu romance de estreia, Inez Cabral relata as experiências de quando viajava pelo mundo ao lado da família e do pai e poeta João Cabral de Melo Neto, até a idade adulta. O Que Vem ao Caso é baseado nas experiências pessoais de Inez Cabral e reconstrói parte de sua infância, juventude e idade adulta. Os cenários variados do livro — Barcelona, Recife, Rio de Janeiro, Sevilha, Marselha, Madri, Genebra — são as cidades onde morou, sempre acompanhando o pai, o poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto. E para quem acha que este livro é, na verdade, sobre ele, podem esquecer. Aqui o poeta é personagem coadjuvante. Em seu impressionante relato, Inez fala de laços familiares, descobertas pessoais, tentativas e erros, amadurecimento. Vêm ao caso sentimentos, as constantes mudanças de casa, os interna

Representante de Pernambuco na ONU Precisa de Nossa Ajuda

Aluno de Lagoa de Itaenga pede ajuda para representar o Estado na ONU Matéria de: Blog da Folha de Pernambuco  O estudante Estênio Ferreira , do município de Lagoa de Itaenga (PE) , foi aprovado na última quinta-feira (22) para integrar a Delegação Brasileira na Assembleia da Juventude da Organização das Nações Unidas nos dias 15 a 17 de fevereiro, em Nova Iorque. Ele busca agora conseguir recursos para custear as despesas da missão internacional. O evento, com jovens de mais de 110 países , é voltado para a discussão de temáticas sociais e ambientais , conforme os 17 Objetivos Sustentáveis da ONU . Na Assembleia da Juventude , Estênio terá a oportunidade de contar às experiências que passa no Brasil, principalmente em sua cidade onde coordena de forma voluntária uma biblioteca comunitária com a colaboração do farmacêutico Napoleão Baião e do professor João Francisco. O projeto, criado em 2017, busca contribuir para o acesso ao conhecimento e despertar em crianças e j

Biblioteca Pública Municipal Machado de Assis

Biblioteca Pública Municipal Cidade de Tailândia - Pará Precisa dos seguintes livros:  Reforma Política, o debate inadiável - Murilo Três Mosqueteiros(Os),  Alexandre Dumas Fantástico Mistério da Feiurinha (O), Pedro Bandeira Diário de Um Banana Rodrick é o Cara Menina Bonita de Laço de Fita Que é Fascismo e outros ensaios(O), George Orwell Formação Social da Mente (A),L.S. Vigotskyi Disciplina Positiva,Jane Nelsen Importância do Ato de Ler (A), Paulo Freire Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire Introdução à Economia, N. Gregori Nankiw Formação Econômica do Brasil. Celso Furtado Capital (O), Karl Marx Curso de Direito Civil Brasileiro,Maria Helena Diniz Direito Administrativo, Maria Silvia Zanela de Pietro Teoria Geral do Processo,Antonio Carlos de Araujo Cintra e ooutros Direito Constitucional,Alexandre de Moraes Gestão de Pessoal, Idalberto Chiavenato Introdução à Teoria Geral da Administração, Idalberto Chiavenato Crônicas de Nárni

Paris é Uma Festa, Ernest Hemingway - Primeira Página

UM BOM CAFÉ NA PLACE SAINT-MICHEL                                                    Era época de mau tempo. Chegaria a qualquer momento, no fim do outono. Teríamos de fechar as janelas à noite, por causa da chuva, e o vento frio arrancaria as folhas das árvores de Place Contrescarpe. As folhas ficariam no chão, encharcadas, o vento atiraria a chuva contra os grandes ônibus verdes no ponto terminal e o Café des Amateurs ficaria cheio de gente, suas janelas embaçadas pelo calor e pela fumaça lá dentro. Era um café triste  e mal-administrado, o Amateurs, onde os beberrões do bairro se apinhavam e do qual eu eu me mantinha afastado por causa do cheiro de corpos sujos e do azedo da embriaguez. Os homens e mulheres que o frequentavam viviam bêbados todo o tempo ou, pelo menos, sempre que tinham dinheiro para isso, gastando seus recursos principalmente em vinho que compravam me garrafas de meio litro ou de um litro. Havia anúncios de muitos aperitivos com nomes estranhos, mas pouco

Velha História, Mário Quintana.

          Era uma vez um homem que estava pescando, Maria. Até que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequenininho e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do coitadinho. Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no quente.      E desde então ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava, a trote, que nem um cachorrinho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelos cafés. Como era tocante vê-los no "17"! - o homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando uma xícara de fumegante café, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho, enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava laranjada por um canudinho especial...

Melhores Livros Infantis de 2018 - Revista Crescer

A Quatro Mãos , Texto e Ilustrações de Marilda Castanha.Ed.Cias das Letrinhas. Idade: a partir de 3 anos Partindo das mãos, e de seus variados empregos na língua portuguesa, Marilda Castanha constrói uma preciosa história sobre a passagem do tempo, as perdas e as pessoas que nos ajudam a crescer e a construir nossas vidas. Precisamos de mãos para nos afagar, nos dar asas, nos sinalizar que não podemos, nos acenar, nos apoiar. Ao mesmo tempo em que trata da linha da vida, contida na palma da mão, a autora vai mostrando como essa parte do corpo humano gerou tantas expressões: de mão cheia, via de mão única, de mãos dadas, não abre mão, mãos de ferro... O Passeio. Texto de Pablo Lugones Ilustrações de Alexandre Rampazo.Ed.Gato Leitor. Idade: a partir de 3 anos Preparada, filha?” A menina mal responde e sai voando na bicicleta. Desta página em diante, o leitor percorrerá um longo passeio pelo tempo, acompanhando pai e filha em suas pedaladas. Lado a lado, ele

Ciao, Carlos Drummond de Andrade (última crônica de)

  Página do caderno B do Jornal do Brasil, onde Drummond publicou sua última crônica      Há 64 anos, um adolescente fascinado por papel impresso notou que, no andar térreo do prédio onde morava, um placar exibia a cada manhã a primeira página de um jornal modestíssimo, porém jornal. Não teve dúvida. Entrou e ofereceu os seus serviços ao diretor, que era, sozinho, todo o pessoal da redação. O homem olhou-o, cético, e perguntou:

Carlos Drummond de Andrade na Voz de Belchior

Dentre os muitos admiradores de Carlos Drummond de Andrade, creio ter sido Belchior  quem lhe prestou a melhor homenagem.     Em 2004 o selo Cameratti e a Revista Caras e  Belchior  lançaram o Projeto As Várias Caras de Drummond.    Á lbum com 31 poemas musicados por Belchior e um livro com 31 desenhos do poeta feitos pelo cantor fã. Selo Cameratti, junto com a revista “Caras”, em novembro de 2004. CD 1 1. Sentimental 2. Lagoa 3. Concerto 4. Cota zero 5. Liquidação 6. Perguntas em forma de cavalo-marinho 7. Quando desejos outros é que falam 8. Toada de amor 9. Lanterna Mágica 10. Orion 11. Poema que aconteceu 12. Também já fui brasileiro 13. O passarinho dela 14. Ar 15. Política literária 16. Poesia CD 2 1. A música barata 2. Arte poética 3. Os inocentes do Leblon 4. Quero me casar 5. Cidadezinha qualquer 6. Cantiguinha 7. Boca 8. Ainda que mal 9. Procuro uma alegria 10. Serenata 11. Nova canção do exílio 12

Sentimental,Belchior e Carlos Drummond de Andrade

Sentimental Ponho-me a escrever teu nome com letras de macarrão. No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na mesa todos contemplam esse romântico trabalho. Desgraçadamente falta uma letra, uma letra somente para acabar teu nome! – Estás sonhando? Olhe que a sopa esfria! Eu estava sonhando… E há em todas as consciências, um cartaz amarelo: “Nesse país é proibido sonhar.” – Carlos Drummond de Andrade, do livro “As impurezas do branco” (1973).

Desafio do Facebook: 7 Dias 7 Capas de Livros Que Impactaram

Recebi de Letícia (MG) o desafio de postar durante 7 dias, a capa de 1 livro que tenha sido muito importante para mim.  Dia 1:  Pai Patrão , de Gavino Ledda .  Livro e autor estão neste blog numa postagem de 2009 . Gavino Ledda (Sigilo, Sassari, 1938) hoje prefere ser chamado de Gaínu de sos Agues (Gavino dos Ágües, referência a um povo que habitou que habitou a Sardenha durante a idade do Bronze). Filho de um pequeno proprietário rural, escreveu como pastor no interior da ilha. Analfabeto até perto de seus vinte anos, resolveu estudar e mudar o rumo de sua vida. Formou-se em lingüística em 1961, em Roma. Pai patrão, seu primeiro romance (1975), narra em primeira pessoa a infância usurpada de um menino que é obrigado a deixar a escola com 6 anos de idade para ajudar o pai no patoreio e na lavoura. A dura vida do campo e a luta pela construção de uma personalidade independente são narradas com extrema pujança entremeada por poéticos momentos de conta

De Braulio Bessa aos Professores - out.2018

     Não sei fazer poemas. Aproveito, então, o talento de Bráulio Bessa, para deixar meu abraço aos professores em geral e especialmente para D.Elita que me alfabetizou;  minha irmã Cema; minha cunhada e professora também de vida, Edinha; Prof. Antônio de TGA da UFPE; prof. Oswaldo, hoje meu amigo e mais o recente, prof. Enéas que gosta muito do que faz e faz bem.   Meu carinho imenso por todos vocês.

Isto Não é Um Poema, Arnaldo Antunes

O Post Mais Odiado do Mundo, Roberta Maropo

            Sim, estou escrevendo esse post pra fazer todos infelizes. Desculpem. Mas estou de saco cheio. É revoltante ver pessoas inteligentes proferirem discursos de ódio contra outras pessoas. Amigo, estamos divididos nesse embate ideológico, e tudo o que o Brasil menos precisa é disso.       Honestamente, eu entendo o eleitor médio de Bolsonaro. Descarte os extremistas, aquele pessoal mal educado que não representa os milhões de pessoas que votaram nele. Esqueça o seu "bolsominion secreto". Pense nas outras pessoas com família que com sufoco pagam seus impostos, que estão cansadas de serem enganadas a despeito de fazerem tudo correto. São pessoas que fizeram esse voto de protesto, a maioria consciente do estrupício que Bolsonaro é, mas convenhamos, não temos nenhum santo aqui. Não se preocupe que elas não querem colocar uma arma na sua cara nem banir você da sociedade por ser negro, homossexual ou mulher. Não defendem fascismo e vão co

No Alto, Machado de Assis

O poeta chegara ao alto da montanha, E quando ia a descer a vertente do oeste, Viu uma cousa estranha, Uma figura má. Então, volvendo o olhar ao subtil, ao celeste, Ao gracioso Ariel, que de baixo o acompanha, Num tom medroso e agreste Pergunta o que será. Como se perde no ar um som festivo e doce, Ou bem como se fosse Um pensamento vão, Ariel se desfez sem lhe dar mais resposta. Para descer a encosta O outro lhe deu a mão. Fonte: Escola educação Imagem: Center Brasil  

Contratado Pelo Sevilla Por Causa de Um Livro

   No futebol a maioria das negociações se deve pelos atributos técnicos do jogador. No entanto, o goleiro tcheco Tomás Vaclík foi contratado pelo Sevilla por um motivo extra-campo. Uma foto do jogador lendo um livro chegou até a diretoria do time espanhol, de modo que o clube se interessou em obter o atleta. Ele foi anunciado no time comandado por Pablo Machín em julho deste ano.     

A Primeira Mulher do Nunes, Rubem Braga

          Hoje, pela volta do meio-dia, fui tomar um táxi naquele ponto da Praça Serzedelo Correia, em Copacabana. Quando me aproximava do ponto notei uma senhora que estava sentada em um banco, voltada para o jardim; nas extremidades do banco estavam sentados dois choferes, mas voltados em posição contraria, de frente para o restaurante da esquina. Enquanto caminhava em direção a um carro, reparei, de relance, na relance, na senhora.           Era bonita e tinha ar de estrangeira; vestia-se com muita simplicidade, mas seu vestido era de um linho bom e as sandálias cor de carne me pareceram finas. De longe podia parecer amiga de um dos motoristas; de perto, apesar da simplicidade de seu vestido, sentia-se que nada tinha a ver com nenhum dos dois. Só o fato de ter sentado naquele banco já parecia indicar tratar-se de uma estrangeira, e não sei por que me veio a idéia de que era uma senhora que nunca viveu no Rio, talvez estivesse em seu primeiro dia de Rio de Janei

Lua Bonita, Zé do Norte

Lua bonita Se tu não fosse casada Eu preparava uma escada Pra ir no céu te beijar Se colasse teu frio Com meu calor Pedia a Nosso Senhor Para contigo casar Lua bonita Me faz aborrecimento Ver São Jorge num jumento Pisando teu quilarão Pra que casaste Com homem tão sisudo Que come dorme e faz tudo Dentro do teu coração

Canção do Dia de Sempre, Mário Quintana

Tão bom viver dia a dia... A vida assim, jamais cansa... Viver tão só de momentos Como estas nuvens no céu... E só ganhar, toda a vida, Inexperiência... esperança... E a rosa louca dos ventos Presa à copa do chapéu. Nunca dês um nome a um rio: Sempre é outro rio a passar. Nada jamais continua, Tudo vai recomeçar! E sem nenhuma lembrança Das outras vezes perdidas, Atiro a rosa do sonho Nas tuas mãos distraídas... Fonte: Português - Uol Imagem: Drummond (de pé) e Mário Quintana - Praça da Alfândega, Porto Alegre obra do Francisco Stockinger **

María de la O Lejárraga, Talento por Tras de Um Nome Masculino

       Escreveu em silêncio, na solidão entre quatro paredes, longe dos aplausos para as peças que saíam de sua pluma. Seu nome é uma ausência, uma sombra, um vazio e uma história dolorosa. María de la O Lejárraga (San Millán de la Cogolla, 1874 - Buenos Aires, 1974) atravessou um século inteiro e foi uma dessas mulheres brilhantes e pioneiras da Idade de Prata da cultura espanhola. Romancista, dramaturga, ensaísta, tradutora, feminista e, no entanto, ausente das capas de seus livros. O nome que lemos é o de seu marido, Gregorio Martínez Sierra, que recebia elogios nas estreias de Canción de Cuna , El Amor Brujo e El Sombrero de Tres Picos , de Manuel de Falla, enquanto a autora e libretista esperava em casa.      Nestes tempos em que a história da criação parece estar reparando esquecimentos e variando a bússola do cânone oficial, a figura de María Lejárraga retorna com sede de justiça poética. A recuperação de seu nome na capa de sua obra é o rec

Mar, Rubem Braga

     A primeira vez que vi o mar eu não estava sozinho. Estava no meio de um bando enorme de meninos. Nós tínhamos viajado para ver o mar. No meio de nós havia apenas um menino que já o tinha visto. Ele nos contava que havia três espécies de mar: o mar mesmo, a maré, que e menor que o mar, e a marola, que é menor que a maré. Logo a gente fazia ideia de um lago enorme e duas lagoas. Mas o menino explicava que não. O mar entrava pela maré e a maré entrava pela marola. A marola vinha e voltava. A maré enchia e vazava. O mar às vezes tinha espuma e às vezes não tinha. Isso perturbava ainda mais a imagem.       Três lagoas mexendo, esvaziando e enchendo, com uns rios no meio, às vezes uma porção de espumas, tudo isso muito salgado, azul, com ventos. Fomos ver o mar. Era de manhã, fazia sol. De repente houve um grito o mar! Era qualquer coisa de larga, de inesperado. Estava bem verde perto da terra, e mais longe estava azul. Nós todos gritamos, numa gritaria infernal, e saí