UM BOM CAFÉ NA PLACE SAINT-MICHEL
Era época de mau tempo. Chegaria a qualquer momento, no fim do outono. Teríamos de fechar as janelas à noite, por causa da chuva, e o vento frio arrancaria as folhas das árvores de Place Contrescarpe. As folhas ficariam no chão, encharcadas, o vento atiraria a chuva contra os grandes ônibus verdes no ponto terminal e o Café des Amateurs ficaria cheio de gente, suas janelas embaçadas pelo calor e pela fumaça lá dentro. Era um café triste e mal-administrado, o Amateurs, onde os beberrões do bairro se apinhavam e do qual eu eu me mantinha afastado por causa do cheiro de corpos sujos e do azedo da embriaguez. Os homens e mulheres que o frequentavam viviam bêbados todo o tempo ou, pelo menos, sempre que tinham dinheiro para isso, gastando seus recursos principalmente em vinho que compravam me garrafas de meio litro ou de um litro. Havia anúncios de muitos aperitivos com nomes estranhos, mas poucos clientes se dignavam de tomá-los, exceto como preparação para os copos e copos de vinho com que se embebedariam. As mulheres que se embriagavam eram chamadas de poivrottes.
Hemingway, Ernest. Paris é Uma Festa,Ed.Bertrand Brasil,2012, pág.16
Imagem La times
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