Quando Lúcia Peláez era pequena, leu um romance escondida. Leu aos
pedaços, noite após noite, ocultando o livro debaixo do travesseiro. Lúcia tinha
roubado o romance da biblioteca de cedro onde seu tio guardava os livros
preferidos.
Muito caminhou Lúcia, enquanto passavam-se os anos. Na busca de
fantasmas caminhou pelos rochedos sobre o rio Antióquia, e na busca de gente
caminhou pelas ruas das cidades violentas.
Muito caminhou Lúcia, e ao longo de seu caminhar ia sempre
acompanhada pelos ecos daquelas vozes distantes que ela tinha escutado, com
seus olhos, na infância.
Lúcia não tornou a ler aquele livro. Não o reconheceria mais. O livro
cresceu tanto dentro dela que agora é outro, agora é dela.
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