As nuvens são os sonhos acumulados das crianças que o vento segura no céu.
Quando juntam muitos sonhos ficam escuras, surgem os pesadelos com raios e trovões e começa a cair em gotinhas de água. O substantivo coletivo das gotinhas chama-se chuva.
Quando a chuva cai fere a terra que geme e solta um cheiro gostoso de terra molhada.
É esse cheiro que sobe e formam os arco-íris com sete cores. O amarelo vem do sol e as outras cores vêm das estrelas distantes. Não se pode tocar nele, pois é reflexo como um espelho que nossos olhos pensam que está ali como um arco colorido.
Dizem que se uma pessoa passar por baixo do arco-íris muda de sexo. Minha tia deve ter passado por baixo. Luta boxe, só come saladas e acredita em reencarnação.
Eu não acredito em vida após a morte. Fui ao cemitério visitar meu avô e ele continua sem sair de baixo de terra. Enterrado ao lado de uma mangueira. O corpo dele agora aduba a árvore. Minha avó sempre leva mangas para chupar em casa.
Meu pai disse que quer ser cremado e as cinzas dele jogadas no mar. Deve ser por isso que o mar é salgado. O sal da cozinha vem do mar das cinzas dos que morreram afogados. As águas dos rios são doces, pois não tem cinzas. Os índios não queimavam os corpos. Comiam cruas mesmo. Minha professora disse que eles devoravam os cérebros dos inimigos para ficarem mais inteligentes. Eu queria comer a cabeça de minha professora para não ter que estudar.
Ontem fiquei sentada numa cadeira vermelha e macia no teatro, vi um concerto da orquestra sinfônica. Tirei muitas sujeirinhas do nariz, fiz bolinhas e coloquei em baixo da cadeira. Quase dormi, só tocaram três músicas bem demoradas, mas todos gostaram da Nona, não entendi. O maestro, vestido de preto ficou ameaçando os músicos com uma varinha e depois mostrou que não gostou, quando a música acabou ele virou-se e ficou se abaixando mostrando a bunda para os músicos.
Estou com sono, é tarde. Muito barulho no quarto ao lado. Minha mãe tem asma todas às noites, pois fica gemendo e meu pai a ajuda gemendo também.
Não vou mais comer peixes do mar, chupar mangas e se passar debaixo do arco-íris eu quero ser um ator de novelas que come muito, beija na boca e se morrer numa novela fica vivo na outra, como na reencarnação.
Quando juntam muitos sonhos ficam escuras, surgem os pesadelos com raios e trovões e começa a cair em gotinhas de água. O substantivo coletivo das gotinhas chama-se chuva.
Quando a chuva cai fere a terra que geme e solta um cheiro gostoso de terra molhada.
É esse cheiro que sobe e formam os arco-íris com sete cores. O amarelo vem do sol e as outras cores vêm das estrelas distantes. Não se pode tocar nele, pois é reflexo como um espelho que nossos olhos pensam que está ali como um arco colorido.
Dizem que se uma pessoa passar por baixo do arco-íris muda de sexo. Minha tia deve ter passado por baixo. Luta boxe, só come saladas e acredita em reencarnação.
Eu não acredito em vida após a morte. Fui ao cemitério visitar meu avô e ele continua sem sair de baixo de terra. Enterrado ao lado de uma mangueira. O corpo dele agora aduba a árvore. Minha avó sempre leva mangas para chupar em casa.
Meu pai disse que quer ser cremado e as cinzas dele jogadas no mar. Deve ser por isso que o mar é salgado. O sal da cozinha vem do mar das cinzas dos que morreram afogados. As águas dos rios são doces, pois não tem cinzas. Os índios não queimavam os corpos. Comiam cruas mesmo. Minha professora disse que eles devoravam os cérebros dos inimigos para ficarem mais inteligentes. Eu queria comer a cabeça de minha professora para não ter que estudar.
Ontem fiquei sentada numa cadeira vermelha e macia no teatro, vi um concerto da orquestra sinfônica. Tirei muitas sujeirinhas do nariz, fiz bolinhas e coloquei em baixo da cadeira. Quase dormi, só tocaram três músicas bem demoradas, mas todos gostaram da Nona, não entendi. O maestro, vestido de preto ficou ameaçando os músicos com uma varinha e depois mostrou que não gostou, quando a música acabou ele virou-se e ficou se abaixando mostrando a bunda para os músicos.
Estou com sono, é tarde. Muito barulho no quarto ao lado. Minha mãe tem asma todas às noites, pois fica gemendo e meu pai a ajuda gemendo também.
Não vou mais comer peixes do mar, chupar mangas e se passar debaixo do arco-íris eu quero ser um ator de novelas que come muito, beija na boca e se morrer numa novela fica vivo na outra, como na reencarnação.
(Entre Sete Estrelas - O Livro Azul de Fernando Farias)
Q.U.E.R.O! Com todas as letras e gritanto mEsMo... é teu? Apaixonada, aqui. Beijo teus pés,mando cartas,envio mantras etc... Amei!
ResponderExcluirO Fernando escreve simples e bem objetivo, usa da ironia, do humor.. é uma redação inteligente.Sim, é meu.
ResponderExcluirBeijo