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Príncipes da Poesia (4)

           O 4º príncipe da poesia é Guilherme de Almeida que foi escolhido em 1958, duas décadas depois da eleição de Olegário Mariano.  Guilherme de Almeida foi eleito pelo jornal carioca Correio de Manhã


                             Príncipe dos poetas (4) Guilherme de Almeida

                                                O Idílio suave

                                        Chegas. Vens tão ligeira
                            e és tão ansiosamente esperada, que enfim,
                           nem te sentindo o passo e já te tendo inteira,
                                            completamente em mim,
                            quando, toda Watteau, silenciosa, apareces,
                                         é como se não viesses.


                                        Vens... E ficas tão perto
                            de mim, e tão diluída em minha solidão,
                         que eu me sinto sozinho e acho imenso e deserto
                                                 e vazio o salão...
                         E, sem te ouvir nem ver, arde-me em febre a face,
                                         como se eu te esperasse!

                                                  Partes. Mas é tão pouco
                                 o que de ti se vai que ainda te vejo o arfar
                                do seio, e o teu cabelo, e o teu vestido louco,
                                                   e a carícia do olhar,
                                      e a tua boca em flor a dizer-me doidices,
                                                   como se não partisses!



Já publicados:
Príncipes da poesia (1) Olavo Bilac
Príncipes da poesia (2) Alberto de Oliveira
Príncipes da poesia (3) Olegário Mariano

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