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Mostrando postagens de março, 2013

Fechando Março e o Verão Com As Águas de Tom Jobim

Composta por Tom Jobim há 41 anos, foi eleita pela Folha de São Paulo (juri com jornalistas, músicos e  outros artistas) em 2001 como a melhor canção brasileira de todos os tempos.  Águas de Março, ganhou notoriedade na voz do autor e de Elis Regina. Música e literatura, nunca estiveram distantes e com a grande música de Tom Jobim não é diferente. A composição foi feita numa época em que o autor estava bastante triste, sentindo-se acabado como artista. Esse sentimento pessoal somado a um poema de Olavo Bilac: O Caçador de Esmeraldas ¹  e um ponto de macumba ² que lhe inspiraram, resultaram nessa beleza de música que você pode ouvir aqui com Maria Rita. (1) - Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada do outono, quando a terra em sede requeimada bebera longamente as águas da estação...  (Olavo Bilac) (2) É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo (Grav. J.B de Carvalho) Fonte: Como Surgiu a Canção Fonte:Wikipédia

O Ex-Covarde, Nelson Rodrigues

     Entro na redação e o Marcelo Soares de Moura me chama. Começa: - "Escuta aqui, Nélson. Explica esse mistério." Como havia um mistério, sentei-me. Ele começa: - "Você, que não escrevia sobre política, por que é que agora só escreve sobre política?" Puxo um cigarro, sem pressa de responder. Insiste: - "Nas suas peças não há uma palavra sobre política. Nos seus romances, nos seus contos, nas suas crônicas, não há uma palavra sobre política. E, de repente, você começa suas "confissões".       É um violino de uma corda só. Seu assunto é só política. Explica: - Por quê?"      Antes de falar, procuro cinzeiro. Não tem. Marcelo foi apanhar um duas mesas adiante. Agradeço. Calco a brasa do cigarro no fundo do cinzeiro. Digo: - "É uma longa história." O interessante é que outro amigo, o Francisco Pedro do Couto, e um outro, Permínio Ásfora, me fizeram a mesma pergunta. E, agora, o Marcelo me fustigava: - "Por quê?"

Fernando Farias, Um Autor Original

     Conheci o escritor Fernando Farias, lá no Facebook e me interessei por seu texto rápido, simples, às vezes lírico, irônico, erótico, divertido. Sempre preciso e inteligente.       O trabalho de Fernando  tem apresentação original: O autor dividiu em 5 cores e nelas distribuiu contos e poesias.        Na verdade, ele, é que se dividiu em cores,  assim : O livro verde de Fernando Farias - Fantasia Manchada de Batom Carmim O livro azul de Fernando Farias - Entre Sete Estrelas O livro amarelo de Fernando Farias - Salada Mista O livro vermelho de Fernando Farias - A Escolha dos Anjos O livro laranja de Fernando Farias - Espelhos Obscenos . Um dos contos, já foi publicado no blog . Mais a respeito dos livros coloridos, o próprio Fernando Farias, fala melhor que eu:        Concordo com o escritor Ítalo Calvino. Ele que muito me ensinou sobre a leveza, a rapidez e a exatidão na técnica de escrever, tanto que às vezes vou aos extremos, disse que "ho

A Cigarra e a Formiga,Olegário Mariano

A Cigarra E A Formiga Dona formiga, nesta redondeza Rústica e solitária, É tida Como três vezes milionária, Possuidora de esplêndida riqueza Que levou a juntar durante toda a vida. Acostumou-se desde criança à luta, Ao sol de fogo e à aventura brava. Vivia a trabalhar heróica e resoluta Armazenando tudo o que ganhava. Hoje está bem, mas é geralmente malquista Faltam-lha uns poucos sentimentos nobres. É em demasia egoísta E odeia as raparigas que são pobres. Dona Cigarra, por exemplo, alheia A tudo, vive como pode, à toa ... Canta os dias a fio... Tem a garganta quase sempre cheia E quase sempre o estômago vazio... Entretanto,coitada! é humilde e boa. Chega a passar misérias, mas que importa? Só quer que a sua vida não se acabe. Anda de porta em porta... Se não trabalha, é só porque não sabe. Entregou-se de vez à vida airada e quando Se lhe fala em riqueza, Ela responde, trêfega, cantando Que o seu grande tesouro é a Natureza. - Ora, um dia ... (ch

Crônica cantada: Rap do Silva

                 Voltei a postar música no blog. Só há poucas semanas conheci  o grupo carioca Monobloco e só com eles prestei atenção à letra do funk  que coloco abaixo. É uma crônica urbana de letra simples e direta como a história que narra. Alguém mais conhecedor por favor me dê o nome dos autores. Vamos ao Rap do Silva   Todo mundo devia nessa história se ligar Porque tem muito amigo que vai pro baile dançar Esquecer os atritos Deixar a briga pra la E entender o sentido quando o dj detonar Era só mais um silva que a estrela não brilha Ele era funkeiro Mas era pai de família Era um domingo de sol Ele saiu de manhã Pra jogar seu futebol Levou uma rosa pra irmã Deu um beijo nas crianças Prometeu não demorar Falou pra sua esposa que ia vir pra almoçar Era só mais um Silva que a estrela não brilha Ele era funkeiro mas era pai de família   Era trabalhador, pegava o trem lotado E a boa vizinhança era considerado E todo mundo dizia

Doei Livro e Gostei.

Alguns de meus livros iniciaram ontem nova viagem. Eu mesma que levei  e fiz isso com muito prazer.  lembro de alguns:                   O Centauro No Jardim , que comprei para ofertar num grupo de leitura formado só para  livros pedidos pela UFRS. Fui ler na maior empolgação porque gosto do autor, Moacyr Scliar. Não correspondeu à minha expectativa.Seguiu para São Paulo, Rio Grande do Sul e voltou tendo agradado aos outros leitores. A história fantástica do homem(?) que nasceu centauro e por meio de cirurgia volta a ser humano vai ser lida por outras pessoas.              Estórias Mínimas é de José Rezende Júnior.  Conheci o autor em 2008 através de uma livreira charmosíssima do Distrito Federal. Rezende me enviou 2 exemplares: um para mim e outro para circular entre os amigos leitores virtuais. Fui obediente fiz circular  emprestando para cinco pessoas de cidades diferente, até que o exemplar chegou- por engano- em Natal-RN onde acabou na estante de Aline. Na terra dos potigu

Arrasando na Terceira Idade: Fogo Morto, José Lins do Rego

     Fogo Morto de José Lins do Rego foi publicado há 70 anos. O autor é um dos ícones da Literatura Regionalista  e este livro é o ultimo  da série denominada Ciclo da Cana de Açúcar.            Fogo Morto é ambientado na zona rural canavieira do Nordeste e o nome vem do fato de assim serem chamadas as usinas que já não moem mais. O livro tem três personagens principais: Mestre Amaro José que mora no Engenho Santa Fé, não quer ser dominado por ninguém, escolhe as pessoas para quem trabalha e um critério para sua escolha é que admire o cangaceiro Antônio Silvino.       Mestre Amaro vive à beira da estrada e está sempre de conversa com os passantes. Seu Lula ( Luis Cesar de Holanda Chacon) é quem sustenta a segunda parte de Fogo Morto. Aqui o autor retrocede no tempo para explicar como Seu Lula passou a ser o dono do Engenho Santa Fé. Seu Lula tinha instrução, era autoritário e costumava tratar os escravos com severidade.   Comanda o engenho e a família sem qualquer talento ou in

Juca Mulato (9): Ressureição

Ressurreição 1 Coqueiro! Eu te compreendo o sonho inatingível: queres subir ao céu, mas prende-te a raiz... O destino que tens de querer o impossível é igual a este meu de querer ser feliz. Por mais que bebas a seiva e que as forças recolhas, que os verdes braços teus ergas aos céus risonhos, no último esforço vão, caem-te murchas as folhas e a mim, murchos, os sonhos! Ai! coqueiro do mato! Ai! coqueiro do mato! Em vão tentas os céus escalar na investida... Tua sorte é tal qual a de Juca Mulato... Ai! tu sempre serás um coqueiro do mato... Ai! Eu sempre serei infeliz nesta vida!" 2 "Ser feliz! Ser feliz estava em mim, Senhora... este sonho que ergui, o poderia por onde quisesse, longe até da minha dor, em um lugar qualquer onde a ventura mora; onde, quando o buscasse, o encontrasse a toda hora, tivesse-o em minhas mãos... Mas, louco sonhador, eu coloquei muito alto o meu sonho de amor... Guardei-o em vosso olhar e me arrependo agora

Juca Mulato (8) : A Voz das Coisas

A Voz das Coisas   E Juca ouviu a voz das coisas. Era um brado: "Queres tu nos deixar, filho desnaturado?"   E um cedro o escarneceu: "Tu não sabes, perverso, que foi de um galho meu que fizeram teu berço?   E a torrente que ia rolar no abismo: "Juca, fui eu quem deu a água para o teu batismo".   Uma estrela a fulgir, disse da etérea altura: "Fui eu que iluminei a tua choça escura no dia em que nasceste. Eras franzino e doente. E teu pai te abraçou chorando de contente... - Será doutor! - a mãe disse, e teu pai, sensato: - Nosso filho será um caboclo do mato, forte como a peroba e livre como o vento! - Desde então foste nosso e, desde esse momento, nós te amamos seguindo o teu incerto trilho com carinhos de mãe que defende seu filho!"   Juca olhou a floresta: os ramos, nos espaços, pareciam querer apertá-lo entre os braços!   "Filho da mata, vem! Não fomos nós, ó Juca, o arco do teu bodoque, as