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30 Melhores Livros Infantis de 2023, Revista Crescer

Balas mágicas


Autora: Heena Baek
Editora: Companhia das Letras
Faixa etária: a partir de 6 anos
“Eu brinco sozinho”, anuncia o narrador-protagonista na primeira página. Mesmo ele dizendo que nem é tão ruim assim, vamos sentindo um nó na garganta: o texto tenta nos mostrar a perspectiva positiva, porém, nas imagens, o garoto está triste, os amigos estão longe e um pequeno cachorro aparece cabisbaixo, seguindo-o na coleira. É quando o menino compra novas bolinhas de gude que o leitor entende os detalhes: além de serem “balas-bolinhas”, elas são mágicas, e dão ao menino o poder de ouvir coisas especiais. A aclamada autora sul-coreana Heena Baek vai mostrando os silêncios com os quais este menino é desafiado a viver – o livro abaixo, Eu Sou Cachorro, é dela também e traz os mesmos personagens! Heena venceu o ALMA (Astrid Lindgren Memorial Award), uma das maiores premiações da área, de 2020.

Eu sou cachorro


Autora: Baek Heena. tradução: Ara Cultural 
Editora: Amelí
Faixa etária: a partir de 5 anos

O narrador deste livro é um cão, mas não um cão qualquer: é Bolinha, o cachorro de Dong-Dong, o menino do livro Balas Mágicas. Nesta história, a autora sul-coreana nos revela o começo da amizade e parte da rotina da família — que tem também o pai e a avó. O cachorro passa o dia esperando pela hora do passeio e, em uma das voltinhas, algo surpreendentemente forte acontece. Ficam as perguntas: será que os humanos escolhem os cães ou também pode ser o contrário? Ou tudo não passa de um comovente pacto entre os animais e as crianças? Como dissemos já em Balas Mágicas, a autora é vencedora do prêmio ALMA (Astrid Lindgren Memorial Award) de 2020, uma das maiores premiações na área.

A pele que eu tenho


Autores: Bell hooks e Chris Raschka
Editora: Boitatá
Faixa etária: a partir de 5 anos

A escritora, ativista social e educadora norte-americana bell hooks nos deixou em 2021 com um vasto acervo de livros e artigos que tratam de racismo, feminismo, política, pedagogia e mais. Nascida Gloria Jean Watkins, assina como bell hooks para celebrar o nome da bisavó. Já as letras minúsculas são para enfatizar o conteúdo e não quem o escreveu – fala sempre sobre o amor. Com o mesmo ilustrador de Meu Crespo É de Rainha e Minha Dança Tem História, neste livro crianças se autoconvidam a se conhecer melhor, num poema com um “jogo lúdico”, como comenta a sua tradutora, Nina Rizzi. “Funciona tanto na sua cultura de origem quanto para a gente”, disse Nina à revista Quatro Cinco Um. Para ler em voz alta e muitas vezes.


Ser o que se é


Autores: Pedroca Monteiro e Daniel Kondo
Editora: Companhia das Letrinhas
Faixa etária: a partir de 6 anos

“Ser o que se é… é ser livre.” Esta frase abre o livro e conduz a vibração da obra de Pedroca Monteiro, ator e comediante, e Daniel Kondo, um dos nossos grandes ilustradores e criadores de livros para a infância. A partir de amizade nascida via Instagram, Pedroca e Daniel nos carregam a um mundo de diversos modos de se viver. Como você se sente ao se perguntar quem é? Quem o define? Há limites? Preciso mesmo escolher apenas uma alternativa? As questões contemporâneas de identidade estão ali na obra e vão muito além de gênero: passam por profissão, habilidades, hobbies, sonhos. Com páginas cortadas, o leitor e a leitora poderão misturar rostos, nomes e ações. No escolhe-escolhe, uma espécie de aventura pela liberdade, em que cores, gostos e vontades têm lugar para ser o que se é.


Por que temos medo?


Autores: Fran Pintadera e Ana Sender. Tradução: Lívia Deorsola
Editora: WMF
Faixa etária: a partir de 5 anos

A questão que estampa a capa anuncia o desafio da obra. E logo na primeira dupla da história temos um menino apreensivo, um pai cuidadoso e uma pergunta após o trovão: “Papai, você já sentiu medo alguma vez?”. Além de um “sim”, o pai dá uma imagem à criança. “Quando ele aparece, é capaz de inundar cada canto”, respondeu. A criança, então, vai compreendendo que as razões que provocam esse sentimento são diversas e difíceis de controlar. Mas que uma boa história pode ser tão acolhedora quanto um abraço. Dos mesmos autores espanhóis de Por que Choramos? (também publicado pela WMF), o livro cria relações entre as palavras e as imagens para uma angústia comum que, muitas vezes, precisa de uma dose de sonho e fantasia para enfrentar.

O Cão Wue Nino Não Tinha


Autores: Edward Van de Vendel e Anton Van Hertbruggen.  Tradução:Cristiano Zwiesele do Amaral
Editora: Pulo do Gato
Faixa etária: a partir de 5 anos

Na casa de uma vila entre muitas árvores, havia um menino que tinha e não tinha um cão. Um cão que corria com ele pelos bosques, visitava a casa da avó e estava sempre perto quando o pai estava longe. Por mais que somente Nino visse o cachorro, um dia o animal desapareceu. “Bem no dia em que Nino ganhou um cãozinho. Um outro cãozinho. Esse cão que Nino agora tem.” E que todo mundo via, e que corria atrás dos coelhos e que ainda não sabia quem era o papai. Nas fortes imagens e textos que nos envolvem como um sonho, os autores nos dão algumas perspectivas de como lidar com ausências diversas. O escritor holandês tem suas obras por muitos países e até já foi dono de uma escola. Já o ilustrador belga é fascinado pelos traços da natureza. 

A Árvore Em Mim

Autora: Corinna Luyken. Tradutora:Alice Sant’Anna
Editora: Pequena Zahar
Faixa etária: a partir de 4 anos

A porta de entrada do livro, sem dúvida, é o desenho. Da capa à contracapa, nos envolvemos nos tons de vermelho, laranja e amarelo em torno da natureza, com pinceladas em preto. Na capa, um menino em um galho observa algo e, ao longo da leitura, talvez nos perguntemos: ele olha para fora ou para si? Em seu primeiro livro trazido ao Brasil, a autora norte-americana Corinna Luyken expõe um poema ilustrado que apela aos cinco sentidos a partir do que uma árvore pode oferecer – ou ser. Folheamos as páginas com diversas crianças e vivemos com elas as sensações, sendo lembrados o tempo todo que somos natureza, como tudo que está ali. Mas, metaforicamente, também podemos encontrar uma referência à ancestralidade e à possibilidade de que cada infância – principalmente se conectada a outras – pode deixar sua própria marca e ser uma aposta para novos mundos.

Amanhã

Autora: Lúcia Hiratsuka
Editora: Pequena Zahar
Faixa etária: a partir de 6 anos

A autora paulista Lúcia Hiratsuka marca presença há algumas décadas com seu traço delicado na história do livro para a infância brasileira. Traz um Brasil do interior de São Paulo e sua ancestralidade japonesa. Nesta obra, ela conta três histórias: a primeira, Depois da Ponte, é o seu caminho até a escola, a máquina de costura da mãe, a marmita para carregar. Na segunda, Caminhos das Amoreiras, a narrativa contém a infância da mãe dela e de outros filhos de imigrantes japoneses, do período em que estudar o idioma era proibido no Brasil. A terceira, Tooryanse, é a memória de uma cantiga ensinada por sua avó Orie (que dá nome a outro livro de Lúcia). O entrelace é o próprio objeto, que desde a capa se faz por meio de um retrato das três infâncias, das três mulheres, das três memórias que se unem pela relação com o direito ao estudo.

Serena Finitude



Autores: Anelis Assumpção e Aline Bispo
Editora: 
Veneta
Faixa etária: 
a partir de 4 anos

“Por que as flores, depois de abrirem lindas e perfumadas, murcham?”, a menina pergunta à irmã mais velha. “Ciclo da vida.” Seria isso suficiente para um ouvido de criança? Certamente, não. Por isso, Serena vai além e estica a conversa sobre finitude com a irmã mais nova. A partir da orquídea caída, chegam à palavra “decompor”. “Mas isso não é acabar?”, pergunta a pequena. Textos e imagens nos pincelam uma conversa vagarosa como o curso de um rio, que vai e volta e tem calma para acontecer. Anelis, criadora da história, é irmã da cantora Serena, falecida em 2016. Ambas são filhas do músico Itamar Assumpção, parte do movimento “Vanguarda Paulistana” nos anos 1980, e que também partiu cedo, em 2003. Na companhia dela está Aline Bispo, que tem seus desenhos em alguns prédios gigantes de São Paulo e assina a capa dos famosos Torto Arado e Salvar o Fogo, de Itamar Vieira Júnior.


Silêncio

Autor: Alexandre Rampazo
Editora: Rocquinho
Faixa etária: 
a partir de 7 anos

No início do livro, a neve. Ela nos coloca em um inverno que teria durado mais tempo do que o comum – “o frio persistia. Era um ontem no hoje”, reflete a protagonista, que vive na região do Ártico. Alexandre Rampazo, premiado autor paulistano, nos expõe uma moça e seu cachorro, com quem ela conversa sobre o avô. Em seguida, com uma borda diferenciada, o autor coloca a leitora ou o leitor na memória dela menina, onde vemos este avô e o cão ainda filhote. Já não bastasse a relação dos dois e as belas imagens, começa ali um diálogo filosófico sobre o silêncio e a espera da vida, a partir da observação de uma lagarta que aguarda o momento certo de virar mariposa. “Ela entende a espera.” Neste 19º trabalho autoral, Rampazo aposta em metáforas para nos convidar a pensar sobre o tempo, assunto complexo para qualquer idade.

Lá Fora

Autor: André Neves
Editora: Companhia das Letrinhas
Faixa etária: a partir de 6 anos

O livro em que as cores são o mote começa em branco, cinza e preto na capa. O premiado autor pernambucano André Neves nos conta sobre um tempo em que os camaleões habitavam um reino sem cor. Onde também havia um imperador que fazia de tudo para que os súditos ignorassem o “lá fora”. Um grupo de pessoas até concordava e o seguia sem questionar. Mas… outro notou algo “lá fora” e ouviu de alguém “diferente” que, se existem desejos, ninguém é igual. A obra, então, começa a colorir-se num virar de páginas em flor, brisa, salto, movimentos diversos. “Está na nossa contemporaneidade política: as minorias estão aí, um contagiando o outro, se unem, vão embora atrás de seus objetivos, ninguém solta a mão de ninguém, até chegar ao ideal deste grupo, que é uma vida justa e feliz na sociedade”, disse o autor, em entrevista exclusiva ao site da Crescer.


A Melhor Mãe do Mundo

Autoras: Nina Rizzi e Veridiana Scarpelli
Editora:
 Companhia das Letrinhas
Faixa etária: 
a partir de 6 anos

A mãe da criança narradora deste livro é incrível: joga todo tipo de bola, solta pipa e faz “mais de 30 tipos de aviõezinhos de papel!”. Mas os colegas custam a acreditar, tiram sarro… Talvez seja porque nem todos conseguem ver a melhor mãe do mudo, que mora em um lugar diferente: “A gente se vê só de vez em quando… são os dias mais felizes da minha vida”, conta a menina. Quando lemos o termo “dia de visita”, podemos já supor que ela está numa prisão. Mas a certeza mesmo quem dá é a ilustração. O texto de Nina Rizzi (a que traduziu A Pele Que eu Tenho, outro da lista, espie!) é uma delicadeza: está na perspectiva da criança que vive o presente, envolve-se com o desafio do cotidiano e aposta no futuro, quando terá a mãe pertinho novamente.


Afrofuturo: ancestral do amanhã


Autores: Henrique André e Tutano Nômade
Editora: 
Kitembo
Faixa etária: 
a partir de 5 anos

Há uma diferença entre perguntar a uma criança “o que você quer ser quando crescer?” e “como você se vê no futuro?”. Sim, e a professora Amara sabe bem: a segunda maneira considera o que as crianças são hoje e o que elas desejam ou podem vir a (se) desenvolver. Para crianças negras, isso é ainda mais imenso, pois em nosso país racista não é tão simples imaginar seus futuros como escolhas. Feito a muitas cores e repleto de referências afro pelos desenhos, as crianças criam possibilidades para si: escritora, apresentadora de TV, astronauta, fabricante de avião e mais. Carolina se vê presidenta, e Danzo fala sobre “afrofuturismo”. “É construir o futuro no presente, sem esquecer de quem já passou pela gente.” Lançado com financiamento coletivo e independente no ano passado, entrou para o catálogo da Kitembo, que tem uma série de livros afrofuturistas, em 2023. Por meio de um QR Code no livro, dá para conferir uma incrível narração de Magno Farias.

Cosmonauta


Autores: Mário Alex Rosa e Carol Fernandes
Editora: 
Aletria 
Faixa etária: 
a partir de 3 anos

Existe um menino no mundo da Lua que quer ser astronauta. Ah, e como ele é feliz com isso! Neste poema de Mário Alex Rosa, as palavras dançam como num sonho. O menino quer ir à Lua, não apenas para explorá-la, mas para fazer parte dela, levar quem ele é para o alto. A ilustradora Carol Fernandes, então, dialoga com esta imaginação e nos desenha primeiro um menino, com seu foguete e astronauta de brinquedo; depois, ele vestindo “uma espécie especial de uma roupa espacial” e seu capacete-aquário de proteção. É quando ela também começa a sua própria narrativa, em um jogo do tipo flipbook, com os peixes do aquário voando junto e a Lua, lá no alto da página da direita, se transformando em algo que só podemos conhecer no final. É um livro especial ou espacial? Mas, e os sonhos de infância, têm mesmo que ter definições?

A Menina e as Estrelas


Autoras: Mariana Ianelli e Fereshteh Najafi
Editora: 
Edições Olho de Vidro
Faixa etária: a partir de 7 anos

São nas ilustrações da iraniana Fereshteh Najafi – que mora no Brasil desde 2015 – que vemos as primeiras caminhadas do livro. Estariam essas pessoas indo para onde? Começa, então, a narrativa de uma menina em um lugar com muitas proibições. “Ai de quem cantasse qualquer coisa diferente. Ai de quem inventasse alguma nova brincadeira”, diz o texto da história, da paulistana Mariana Ianelli. Um dia, ela foi embora, guiada pelas estrelas. O conto ilustrado é inspirado na história da norte-coreana Yeonmi Park e sua fuga ao lado da mãe pelo Deserto de Gobi (China), aos 13 anos, percurso em que ambas sofreram atrocidades.

O Que é Preciso Para Ser Rei?


Autores: Leo Cunha, Tino Freitas e Fê
Editora:
 Pequena Zahar
Faixa etária: a partir de 4 anos

A dedicatória já comove: “Às crianças que só fazem guerra de travesseiro”. Nesta resenha, fica quase impossível não querer reproduzir os textos precisos de Leo Cunha e Tino Freitas. Na rima, no conteúdo, no vocabulário, não tem concessão alguma, faz todo mundo pensar. O que é preciso para ser rei? Muito mais do que ter uma coroa ou um castelo, segundo eles, é ter orelhas de elefante para escutar o semelhante e entender que não existe ideia pronta! “Mesmo com tanta experiência/é aprender que a ciência/ também ajuda a governar.” Com as ilustrações do inventivo Fê, os três premiados autores se unem para exibir um mundo imenso, em que a diversidade toma conta das possibilidades. Afinal, coisa de rei é unir sua comunidade, levantar atitudes pela paz e ver a melhor maneira de dar conta do verbo conviver. Que trio!

Boa Noite

Autora: Carolina Moreyra e Odilon Moraes
Editora:
 Jujuba Editora
Faixa etária: a partir de 1 ano

As famílias fãs da coleção Literatura de Colo, da editora Jujuba, e/ou do casal de autores Carolina Moreyra e Odilon Moraes, já ficam à espera das aventuras da coelha Bia e do elefante que, para protesto dos pequenos, chama-se “apenas” “Elefante” mesmo. Em 2022, os personagens, que moram juntos, ganharam seu terceiro livro. Se no primeiro falou-se dos opostos e, no segundo, dava para brincar de contar, neste terceiro é hora de dormir! Elefante até tem pressa, mas Bia precisa se despedir do sofá, do armário, do quadro na parede, dos peixinhos na cortina do box… (reconhece essa situação?). Os personagens, criados por dois dos grandes autores e pesquisadores de livros ilustrados para a infância do Brasil, estão tão em alta que ganharam sua própria coleção na editora. Na lista dos melhores da Crescer, a presença tem sido certa!

Gildo Está Fora do Ritmo

Autora: Silvana Rando
Editora:
 Brinque-Book
Faixa etária: a partir de 4 anos

Lá vem ele, o adorado Gildo, elefante que Silvana Rando criou e ganhou o coração dos leitores. Também, ele nunca está sozinho: do livro para bebês ao jogo de tabuleiro, tem uma turma e tanto. Claro que sempre com um lugar especial para a barata Socorro – a única, inclusive, que ganhou um livro próprio. Mas a história, desta vez, acontece no mesmo dia do ensaio da banda da escola. Bem na sequência de uma noite em que Gildo não dormiu muito bem, pois assistiu a um filme de terror e ficou acordado até tarde. Ele chegou já fora do eixo, e entrou fora do ritmo: ficou aborrecido, chorou um balde de lágrimas e encontrou um jeito de se acalmar. Na companhia dos amigos, a sinfonia sempre se arranja, não é?

Diário das Águas

Autora: Gabriela Romeu e Kammal João
Editora:
 Peirópolis
Faixa etária: a partir de 7 anos

Parece um caderninho… Na capa, minipessoas, minipeixes, minicursos de rio. Os rabiscos começam à primeira virada de página e, seguindo, entramos numa escrita com ar de secreta, que convida a uma missão: “favor devolver às crianças das águas, aquelas que vivem nas margens dos rios ou também as que vivem sobre os rios escondidos em cidades afastadas”. Típico da escritora Gabriela Romeu – autora de Terra de Cabinha e Lá no Meu Quintal – e seu texto meio real, meio sonho, nesta série de fragmentos-vida que ela apresenta após tantos mergulhos nas infâncias diversas de nosso Brasil. Os desenhos do parceiro Kammal João dão forma e outra camada onírica ao livro de um alguém que tem o batismo nas águas, “num desmedido Amazonas”. O livro alterna relatos poéticos com histórias, passando por glossários e detalhes de uma viajante que se aprofunda nos encontros com as nossas terras, águas e pessoas.

O Que O Crocodilo Diz No Parque?


Autora: Eva Montanari. Tradução: Daniela Padilha 
Editora:
 Jujuba Editora
Faixa etária: a partir de 1 ano

A autora italiana Eva Montanari nos apresentou a esta família-crocodilo em um livro de 2018, que chegou também pela editora Jujuba, em 2021. Mesclando ações com onomatopeias precisas, se você passar as páginas lendo em voz alta, o bebê vai ficar de olho em tudo. Se no primeiro livro era o choro na hora em que a mãe deixa o pequeno na escola, agora o crocodilo vai passear no parque com os avós! É catavento TRRRR, dente-de-leão PFFFFFFF, gira-gira ocupado e BUÁÁÁÁÁÁÁ! Mas a felicidade chega e… que som será que ela faz? A mesma autora de Hoje e Os Convidados da Senhora Olga tem gosto pelos detalhes e expressões, bem à medida do leitor ou da leitora pequeninos.

Minúscula


Autora: Fran Matsumoto
Editora:
 Brinque-Book
Faixa etária: a partir de 4 anos

Ela estava pronta, à espera da irmã. Expectativa e ansiedade lá nas alturas! Mas… “Eu pensava que seríamos iguais, que brincaríamos juntas, que seríamos grandes amigas…” Não foi bem assim, claro. E o motivo é simples: “ela veio pequena. Não, pequenininha. Não, minúscula”. A decepção típica da criança com a chegada da irmã ou do irmão bebê numa narrativa divertidíssima ao adulto e acolhedora às crianças. A autora paulista Fran Matsumoto faz um jogo com as ilustrações que torna tudo ainda mais “real”: misturados aos desenhos “do livro”, ela junta os da própria personagem, ampliando assim a voz, o conflito e a amorosa surpresa que a protagonista ganha no final.

O Vestido de Afiya


Autores: James Berry e Anna Cunha.  e Tradutor: Marcos Marcionilo
Editora:
 Olho de Vidro
Faixa etária: a partir de 3 anos

“Afiya tem uma delicada pele negra que ressalta suas roupas brancas e seus sorridentes olhos castanhos”, começa o texto do jamaicano James Berry, envolto pelas comoventes ilustrações da mineira Anna Cunha. A menina tem um vestido que, durante o dia, vive com ela as histórias da vida e, à noite, é lavado, mas sempre escolhe algo para guardar registrado. A cada nascer do sol, novas aventuras. Em um dia, ela passa pelos girassóis e eles se imprimem na roupa; em outro, são as rosas vermelhas; há dias em que são os pássaros que ficam; outros, os tigres: tudo depende das experiências. Publicado originalmente na Inglaterra, em 2020, pela editora Lantana, que escolheu o poema que Berry compôs em 1991. Foi a editora de lá que chamou Anna, vencedora do Prêmio Jabuti de melhor ilustração por seu livro Origem (ed. Maralto) no ano passado. A editora Olho de Vidro, então, fez questão de convidar um tradutor negro, Marcos Marcionilo, para compor o time e trazer o poema ao Brasil.

Valente Como Um Rato


Autor: Nicolò Carozzi. Tradução: Fabricio Valério (tradutor)
Editora:
 VR Editora
Faixa etária: a partir de 3 anos

A guarda do livro – página que gruda a capa ao miolo – já nos coloca para dentro da casa da história. Em cima de um móvel, vemos um aquário com um peixe dourado, e um rato cutuca o objeto: “Você quer brincar?”, pergunta o peixe. Então, eles se divertem um bocado até que… “outros três queriam brincar também” e vemos a sombra de três gatos! Será que o rato vai fugir? A forma de narrar é um elemento marcante da criação deste autor italiano – e a leitura vai ter que ganhar bis. A cada dupla de página, uma ação, mas também uma divertida intervenção do narrador em conversa direta com o leitor, trazendo ainda mais humor para a situação de apuro, típica da tal cadeia alimentar.

Uma Raposa – Um livro de contar (e de suspense)


Autor: Kate Read. Tradução: Ellen Maria Vasconcelos 
Editora:
 Companhia das Letrinhas
Faixa etária: a partir de 1 ano

“Tenho uma amiga cujas galinhas eram sempre perseguidas pelas raposas da região, e por isso decidi que, neste livro, o jogo ia virar”, diz a autora inglesa Kate Read ao final desta divertidíssima obra. Em “Um livro de contar”, como diz o subtítulo, temos de início o gigante “1 – uma raposa esfomeada”, com uma imensa raposa tomando a página toda. Seguido do “2 – dois olhos atentos”, do “3 – três galinhas gorduchas”, do “4 – quatro patas acolchoadas”, e o suspense só aumenta. A cada virar de página, os desenhos vão tomando conta de tudo – e não é possível que… nada do que a leitora ou o leitor esperam irá acontecer (prepare-se, que a tensão chega até 100!).

Olhe Pela Janela


Autor: Katerina Gorelik. Tradução: Gilda de Aquino
Editora:
 Brinque-Book
Faixa etária: a partir de 3 anos

O convite do título se materializa na capa: há um recorte em formato de janela para se olhar do lado de fora para dentro do livro. Isso continua por toda a narrativa: numa dupla de páginas, um texto sugere o que vemos, enquanto, na outra, percebemos que fomos enganados. Por exemplo: “Socorro! A casa está pegando fogo!” quando olhamos pela janela, um sustão; mas, ao virar a página, “é só o dragão tostando rosquinhas para o café da manhã. Ele gosta delas bem chamuscadas”. E vamos seguindo apostando sempre no que não estamos vendo, o que caracteriza a boa literatura, não? E vem tubarão, morcego, elefante, afinal, tudo indica que, para esta autora russa, o que faz sentido é mexer com as nossas certezas.

Tem Alguém Em Casa?

Autor: Jujuba Editora
Editora:
 Editora Salamandra
Faixa etária: a partir de 1 ano

Aline Abreu tem sido das maiores presenças quando o assunto é literatura e bebês. Pesquisadora do fazer livro, suas criações sempre estão nos provocando a reparar nos detalhes, algo que a criança pequena ama. Nesta obra, em que o amarelo predomina, os lápis de Aline desenham uma floresta. Nela, os animais têm suas casinhas e portas. Ainda na folha de rosto do livro, vemos um pica-pau voando para a página seguinte, onde ele bate e diz: “Tem alguém aí?”. A porta se abre na dupla seguinte e mostra que são os tamanduás cozinhando. Propondo um jogo de palavras bom de ler em voz alta, as viradas de páginas nos surpreendem na forma e no conteúdo. Pontilhados, pequenos riscos e cores vão tomando conta, e galhos nos levam a uma casinha acima, e a outra abaixo, e assim seguimos numa bagunça inocente que tem espaço até para dinossauro. Quando chegamos ao final do livro, alguém muito especial é convidado a entrar.

Tem Um Fantasma Nesta Casa
Autor: Oliver Jeffers. Tradução: e Yukari Fujimura 
Editora:
 Editora Salamandra
Faixa etária: a partir de 5 anos

Quando é livro novo do australiano-irlandês-vivendo-em-Nova-York Oliver Jeffers, a gente já se prepara para comemorar. Desta vez, um dos mais badalados autores contemporâneos lançou algo diferente, usando materialidades de papel que não tinha experimentado com a gente ainda. Nas imagens, fotos e desenhos, vemos um casarão antigo e uma menininha esverdeada. Ela nos convida a entrar, nós aceitamos e notamos uma página em papel vegetal, com efeito especial na parte superior… não, um fantasma! Ela nos conta que há um problema: “Eu ouvi dizer que tem um fantasma nesta casa!”. Mas isso a leitora ou o leitor já viu! E como avisá-la? Ela nos leva, então, como em um tour de visitação, e ficamos aflitos de nada poder fazer. Os fantasmas, no entanto – sim, são vários –, têm ali suas próprias rotinas, e vamos perdendo a esperança até que… a gente acha que o livro terminou na última página, mas talvez não seja bem assim.

Guarda-chuva Amarelo


Autor: Ryu Jae-soo (autor)
Editora:
 Companhia das Letrinhas
Faixa etária: a partir de 3 anos

Ao abrir o livro do autor e ativista da educação sul-coreano Ryu Jae-soo, vemos um QR Code e uma diferente sugestão de ler o livro ouvindo uma trilha sonora composta por outro sul-coreano, Shin Dong-il. Avançando um pouco mais, uma rua vista de cima, um amarelo em formato de guarda-chuva. O amarelo encontra o azul, depois o vermelho, o verde, e por aí vão neste encontro-diversidade. Passam por um parquinho e a paisagem vai mudando, enquanto reconhecemos traços de uma urbanidade com a qual temos referências. Uma série de guarda-chuvas conduz até o destino final, aquele lindo,onde as infâncias se encontram diariamente.

Linhas


Autora: Suzy Lee
Editora: Companhia das Letrinhas
Faixa etária: a partir de 3 anos

De um lápis e uma borracha nasce… um livro! Quem ama a autora sul-coreana Suzy Lee já se joga à experiência. Agora, ela aparece novamente “só” com suas belas imagens para nos fazer deslizar os olhos por uma garota marcando o gelo com seus patins. Ela – a menina ou a artista? – desenha, completa, cria marcas diversas, faz o impossível, voa nos espaços em branco, toma conta da página e, de repente, é um papel amassado gigante. Mas será que é o mesmo livro? Se ele se abre de novo, a menina vê alguém. Uma companhia? Um par de dança? Uma turma? Sobre os riscos e as linhas, notamos as inscrições de cada percurso, que se cruza com outros – assim como a vida, se fazem e se desfazem, prontos para se tornarem outros quando preciso.

Amarelo


Autores: Meritxell Martí e Xavier Salomó. Tradução: Daniela Padilha
Editora:
 Jujuba Editora
Faixa etária: a partir de 1 ano

De um lápis e uma borracha nasce… um livro! Quem ama a autora sul-coreana Suzy Lee já se joga à experiência. Agora, ela aparece novamente “só” com suas belas imagens para nos fazer deslizar os olhos por uma garota marcando o gelo com seus patins. Ela – a menina ou a artista? – desenha, completa, cria marcas diversas, faz o impossível, voa nos espaços em branco, toma conta da página e, de repente, é um papel amassado gigante.Mas será que é o mesmo livro? Se ele se abre de novo, a menina vê alguém. Uma companhia? Um par de dança? Uma turma? Sobre os riscos e as linhas, notamos as inscrições de cada percurso, que se cruza com outros – assim como a vida, se fazem e se desfazem, prontos para se tornarem outros quando preciso.

O ranking apresentado é feito anualmente pela Revista Crscer.

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