Estadão escolheu para leitura de inverno/férias 12 livros dentre os recém lançados ficção e não ficção no Brasil. Vamos conferir?
Ficção:
Inverno, Karl Ove Knausgard
Segundo volume da Quadrilogia das Estações, de Karl Ove Knausgård (1968), autor da série autobiográfica Minha Luta. Neste volume, Karl Ove Knausgård e sua mulher vivem o último semestre da gestação da filha. Assim como em Outono, mas agora motivado por um clima mais austero e vagaroso, ele elabora ensaios singulares sobre o mundo que ela irá encontrar ao nascer. A carta que abre o volume é destinada à menina. Por quase dois meses, a preparação para a sua chegada era feita por meio de pequenas mas extraordinárias reflexões sobre a neve, alguns objetos de casa, Natal e Papai Noel, animais, amigos. No meio da escrita do livro, porém, uma surpresa: o nascimento, um mês antes do planejado.
Cinzas Na Boca, Branda Navarro
Na história, uma jovem mexicana parte para a Espanha com o irmão para reencontrar a mãe, ausente desde a infância dos dois. Porém, no novo país, a perspectiva de reconexão familiar vai ruindo diante de uma sociedade que é cruel com imigrantes. Resta viver à margem, cuidando de idosos ou limpando banheiros, enquanto se questiona sobre o quê, afinal, dá sentido aos seus dias. Esse conflito se intensifica após o suicídio do irmão, quando ela tem que carregar as cinzas dele de volta para o México.
Romance da japonesa Yoko Tawada (1960), de quem a Todavia também publicou Memórias de um Urso-Polar.Em um futuro próximo, onde os idosos vivem quase para sempre e o resto das pessoas morre ainda jovem, um homem luta para manter vivo seu querido bisneto. Uma distopia em que o amor familiar pode vencer a devastação da humanidade. Yoko Tawada nasceu em Tóquio, mudou-se para Hamburgo, na Alemanha, aos 22 anos e hoje vive em Berlim. É autora premiada de romances, poemas, peças teatrais e ensaios.
A Mulher Ruiva, Orhan Pamuk
Trata-se da história de um garoto abandonado pelo pai. Ao se jogar em caminhos imprevisíveis, ele se aproxima de um cavador de poços e tem sua vida impactada por um incidente envolvendo uma misteriosa mulher ruiva. Anos depois ele é capaz de revisitar a cena e desvelar segredos desse passado.
A história é ambientada em Osun, no sudoeste da Nigéria, durante o início dos anos 2000. Eniolá e Wuraola vivem em mundos opostos. Ẹniọlá é um adolescente sofrendo para pagar pela própria educação após seu pai ter perdido o emprego de professor. Ele frequenta uma escola em que os alunos são abusados fisicamente quando as mensalidades atrasam. Enquanto trabalha como aprendiz de alfaiate e fica nas ruas pedindo por esmolas, ele sonha com um futuro melhor. Wúràọlá, por outro lado, é uma garota cuja vida fora planejada desde a infância por sua família influente, mas se transformou em uma médica exausta iniciando a carreira e vivendo um relacionamento abusivo. Durante uma grande eleição no país, quando um político local se interessa por Ẹniọlá, os caminhos dele e de Wúràọlá se entrelaçam.
Vento de Queimada, André de Leones
Romance de André de Leones (1980), escritor goiano e autor de Hoje Está um Dia Morto, Como Desaparecer Completamente e Eufrates, entre outras obras. A história se passa no centro-oeste, em 1983. Isabel, a protagonista, é uma matadora profissional que inadvertidamente se mete em uma enrascada envolvendo o pai dela, um ex-policial que também é matador, políticos corruptos e outros bandidos. Historiadora por formação, ela passou por uma experiência traumática anos antes, o que explicaria sua mudança de profissão.
Antes de Desaparecer,Lisa Gardner
A protagonista é Frankie Elkin, uma mulher comum, que não é detetive particular nem tem treinamento especial, mas que se dedica a encontrar pessoas desaparecidas – especialmente as que fazem parte de minorias. E ela não faz isso por dinheiro. Este foi o jeito que ela encontrou de dar algum sentido à sua vida, depois de um passado complicado. Um novo caso a leva a Mattapan, um bairro periférico de Boston. Frankie está em busca de Angelique Badeau, uma adolescente haitiana que desapareceu da escola meses antes. A polícia não a aceita na investigação e a família é cautelosa na relação. Frankie se descobre sozinha e fazendo perguntas que alguém não quer que sejam respondidas. Mas ela segue, quer descobrir a verdade. Mesmo que isso signifique que ela possa ser a próxima pessoa a desaparecer.
Não Ficção
Não Pise no Meu Vazio, Ana Suy
Livro da psicanalista Ana Suy lançado antes de ela se tornar uma autora best-seller, que volta às livrarias depois do sucesso de A Gente Mira do Amor e Acerta na Solidão. A obra traz textos psicanalíticos escritos ao longo de uma década sobre o feminino, os excessos, as faltas, o vaivém da vida, o amor, o ódio e a dor. Para esta nova edição (a anterior saiu pela Patuá), a autora revisou os textos já escritos e adicionou outros inéditos.
Poesia Como Arte Insurgente, Lawrence Ferlinghetti
Coletânea de textos sobre poesia e política escritos por Lawrence Ferlinghetti (1919-1921) durante a segunda metade do século 20 e publicada pela primeira vez no Brasil. Ferlinghetti foi um dos maiores nomes da contracultura americana na explosão do movimento beat. Foi poeta, editor, tradutor, pintor, agitador e ativista - e fundador da editora City Lights, responsável pela revelação de grandes autores, como Allen Ginsberg.
A Arte da Fuga, Jonathan Freedland
Livro de não ficção do jornalista britânico Jonathan Freedland, colunista do The Guardian, ex-correspondente estrangeiro e apresentador da série de história contemporânea da BBC, The Long View. Na obra, ele conta a história real de Rudolf Vrba, que, adolescente em 1944, e depois de testemunhar o horror em campo de concentração nazista, se tornou um dos primeiros, e poucos, judeus a conseguir escapar de Auschwitz. Publicado originalmente em 2022, Arte da Fuga foi considerado livro do ano por veículos como The Times, The Economist, The Guardian e Time.
Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano
Biografia de Robert Oppenheimer, o físico por trás da criação da bomba atômica, escrita por Kai Bird e Martin J. Sherwin, que vai virar filme dirigido por Christopher Nolan com Cillian Murphy, Robert Downey Jr. e Emily Blunt no elenco (a estreia será no dia 20 de julho). J. Robert Oppenheimer liderou os esforços para desenvolver uma arma nuclear em favor de seu país durante a guerra e se tornou o cientista mais famoso de sua geração, logo após o bombardeamento de Hiroshima. Ele, no entanto, se opôs ao desenvolvimento da bomba de hidrogênio e criticou os planos da Força Aérea de travar uma guerra nuclear perigosa. O livro conta toda essa história a partir de registros e cartas encontrados em arquivos nos Estados Unidos e no exterior, em relatórios do FBI e em uma centena de entrevistas, com a família e amigos.
O Livro da Esperança, Jane Goodall
Livro de Jane Goodall (1934), primatologista, etóloga, antropóloga britânica e a mais famosa naturalista viva. Na obra, escrita com Douglas Abrams, lançada originalmente em 2021 e best-seller do New York Times, Jane explica por que, apesar da crise climática, da perda de biodiversidade e das turbulências políticas, ela ainda acredita na humanidade e na construção de um mundo melhor. Instigada por Abrams, Jane revisita suas memórias: os primeiros desafios como jovem pesquisadora na África (ela foi para a Tanzânia aos 26 anos, em 1960), as descobertas sobre os chimpanzés, os pequenos e grandes dramas que testemunhou e viveu. Há muitos documentários sobre ela. Um dos mais recentes, disponível no Disney+?, é Jane Goodall: A Esperança.
Esta postagem foi editada do Estadão.
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