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Filho do Dono, Flávio José


Eu não sou profeta
Nem tão pouco visionário
Mas o diário desse mundo
Tá na cara

Um viajante
Na boleia do destino
Sou mais um fio
Da tesoura e da navalha
Levando a vida
Tiro versos da cartola
Chora viola
Nesse mundo sem amor
Desigualdade
Rima com hipocrisia
Não tem verso nem poesia
Que console o cantador
A natureza
Na fumaça se mistura
Morre a criatura
E o planeta sente a dor
O desespero
No olhar de uma criança
A humanidade
Fecha os olhos pra não ver
Televisão de
Fantasia e violência
Aumenta o crime
E cresce a fome do poder
Boi com sede
Bebe lama
Barriga seca
Não da sono
Eu não sou dono do mundo
Mas tenho culpa
Porque sou filho do dono
Simbora
(Barriga seca)
(Não dá sono)

Charge de: Arend Van Dam (Holanda)

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