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Mostrando postagens de julho, 2020

Nascido em 24 de Julho: Solano Trindade.

Bolinhas de gude Jorginho foi preso quando jogava bolinha de gude não usou arma de fogo nem fez brilhar sua navalha Jorginho era criança igual às outras queria brincar O brinquedo poderia ser um revólver uma navalha um pandeiro quem sabe um cavalinho de pau Jorginho queria brincar Jorginho viu um filme americano no outro dia fez uma quadrilha de mentirinha sempre brincando a quadrilha foi ficando de verdade Jorginho ficou grande como Pelé todos os dias saía no jornal... Televisionado só não deu autógrafo porque estava algemado Ele era o facínora que brincava com bolinhas de gude.                   ( Cantares ao meu povo , p. 40) Sobre o autor Imagem: Fátima News

Nascido em 30 de Julho: Mário Quintana

Nos Salões dos Sonhos Caricatura de Orlandeli Mas vocês não repararam, não?! Nos salões do sonho nunca há espelhos… Por quê? Será porque somos tão nós mesmos Que dispensamos o vão testemunho dos reflexos? Ou, então – e aqui começa um arrepio – Seremos acaso tão outros? Tão outros mesmos que não suportaríamos a visão daquilo, Daquela coisa que nos estivesse olhando fixamente do outro lado, Se espelhos houvesse! Ninguém pode saber… Só o diria Mas nada diz, Por motivos que só ele conhece, O misterioso Cenarista dos Sonhos!

A Cura, Amilcar Bettega

⠀ Ainda bem que temos o doutor, esse homem que não nos abandona. A situação é difícil, mas sabemos que ele tem trabalhado. Nos dias em que nosso ânimo nos põe um pouco mais vivos é que percebemos toda a dedicação do doutor e de sua equipe. São os momentos em que a febre arrefece e, quase naturalmente, nos tornamos mais observadores, desconcentramo-nos um pouco da luta contra a doença e podemos ver melhor as coisas, o trabalho do doutor. ⠀⠀⠀⠀⠀  É mesmo admirável que ele se arrisque tanto vindo até aqui, vivendo boa parte do seu tempo neste meio infecto e desafiando o vírus com essa coragem que nos espanta. Todos nós sabemos que ele e sua equipe não precisam disso, que poderiam muito bem trabalhar em meio à segurança da cidade, nos seus gabinetes e com todos os recursos disponíveis: computadores, laboratórios, os melhores equipamentos. Mas não. Todos os dias eles vêm, mesmo sabendo que poderão, ao final da jornada, levar o vírus para o seio das suas famílias. Já refletimos muit

Santo Segredo,Regina Ruth Rincon Caires

  No canto do quarto, no restolho de um berço, Zaqueu dormia. Aquele arremedo de cama, sem grades laterais, havia servido como abrigo de muitos rebentos, ali, por aquelas paragens. De tamanho reduzido, não permitia que o menino esticasse as pernas. Dormia como vivia: encolhido. Não reclamava, era o suficiente. Pareada com a dele, a cama grande da mãe era dividida entre ela, Gerusa – a filha mais velha, já moça, e a caçulinha. Mais lá no canto, dormiam os gêmeos, um cheirando o pé do outro. O espaço era abarrotado, sobrava apenas um vão para a velha cômoda, perto da porta. Móvel imenso, carregado por gerações. E sobre a cômoda, a santa. Desde os quatro anos, Zaqueu passou a coabitar com a santa. Até então, era apenas uma peça de barro, um adereço que a mãe cuidava com muita afeição e que servia para escorar um puído rosário que lhe era enlaçado nos ombros. De início, a convivência com a santa foi turbulenta. Tempo de pavor, de gritaria, de desespero. Um desassossego só. Per

Nota de agradecimento, Newton Moreno

Todo dia acordo achando que estou morto. Condômino de um limbo com a parcela atrasada, verificando se ainda produzo sombra, se o coração ainda é música, batendo cartão na mesma dúvida: já é luto ou ainda estamos no páreo? E uma das primeiras notícias que ouço é que astronautas não querem mais voltar ao planeta. Levanto-me, dirigindo a carcaça obesa pelos quartos do meu jazigo. A casa é uma zona zero, uma alfândega, uma sala de espera da polícia federal pré-celestial. Não sei mais a que mundo pertenço. Hoje sou fronteira, hoje sei o que é ser refugiado. Sinto o gosto do sal marinho que salpica para dentro da minha balsa. Lágrimas, náufragos… Já organizei testamentos distribuindo posses. Posses que me ajudam a estudar meus afetos. Posses definem afetos? Mas as coisas da casa me parecem tão mortas… Coisas podem morrer? Um apartamento, cemitério de objetos. Tem dias que danço mais, tem dias que rezo mais… Todos os dias como mais, e sonho tanto! Sonho pra rever, as vezes

Poesias na M.P.B:Segura teu filho no colo... Trem bala ( Ana Vilela)

Não é sobre ter todas pessoas do mundo pra si É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós É saber se sentir infinito Num universo tão vasto e bonito é saber sonhar Então, fazer valer a pena cada verso Daquele poema sobre acreditar Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu É sobre ser abrigo e também ter morada em outros corações E assim ter amigos contigo em todas as situações A gente não pode ter tudo Qual seria a graça do mundo se fosse assim? Por isso, eu prefiro sorri E os presentes que a vida trouxe pra perto de mim Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar E …

Poesias na M.P.B: Dias Melhores, Jota Quest

Dias Melhores, Rogério Flausino Vivemos esperando Dias melhores Dias de paz, dias a mais Dias que não deixaremos Para trás, oh oh Vivemos esperando O dia em que Seremos melhores (Melhores! Melhores!) Melhores no amor Melhores na dor Melhores em tudo, oh oh oh Vivemos esperando O dia em que seremos Para sempre Vivemos esperando, oh oh oh Dias melhores pra sempre Dias melhores pra sempre (Pra sempre!) Vivemos esperando Dias melhores (Melhores! Melhores!) Dias de paz Dias a mais Dias que não deixaremos Para trás, oh oh oh Vivemos esperando O dia em que Seremos melhores (Melhores! Melhores!) Melhores no amor Melhores na dor …

Poesias na M.P.B: Enquanto Houver Sol, Titãs

Enquanto Houver Sol, Sérgio Britto Quando não houver saída Quando não houver mais solução Ainda há de haver saída Nenhuma idéia vale uma vida... Quando não houver esperança Quando não restar nem ilusão Ainda há de haver esperança Em cada um de nós Algo de uma criança... Enquanto houver sol Enquanto houver sol Ainda haverá Enquanto houver sol Enquanto houver sol... Quando não houver caminho Mesmo sem amor, sem direção A sós ninguém está sozinho É caminhando Que se faz o caminho... Quando não houver desejo Quando não restar nem mesmo dor Ainda há de haver desejo Em cada um de nós Aonde Deus colocou... Enquanto houver sol Enquanto houver sol Ainda haverá Enquanto houver sol Enquanto houver sol..

Poesias na M.P.B:Tente Outra Vez, Raul Seixas

tados da pesquisa Resultado do Mapa de informaçõe Veja! Não diga que a canção Está perdida Tenha fé em Deus Tenha fé na vida Tente outra vez! Beba! (Beba!) Pois a água viva Ainda tá na fonte (Tente outra vez!) Você tem dois pés Para cruzar a ponte Nada acabou! Não! Não! Não! Oh! Oh! Oh! Oh! Tente! Levante sua mão sedenta E recomece a andar Não pense Que a cabeça aguenta Se você parar Não! Não! Não! Não! Não! Não! Há uma voz que canta Uma voz que dança Uma voz que gira (Gira!) Bailando no ar Uh! Uh! Uh! Queira! (Queira!) Basta …

Poesias na M.P.B: Mais Uma Vez, Renato Russo

Mas é claro que o sol Vai voltar amanhã Mais uma vez, eu sei Escuridão já vi pior De endoidecer gente sã Espera que o sol já vem Tem gente que está do mesmo lado que você Mas deveria estar do lado de lá Tem gente que machuca os outros Tem gente que não sabe amar Tem gente enganando a gente Veja nossa vida como está Mas eu sei que um dia a gente aprende Se você quiser alguém em quem confiar Confie em si mesmo Quem acredita sempre alcança Mas é claro que o sol Vai voltar amanhã Mais uma vez, eu sei Escuridão já vi pior De endoidecer gente sã Espera que o sol já vem Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena Acreditar no sonho que se tem Ou que seus planos nunca vão dar certo Ou que você nunca vai ser alguém Tem gente que machuca os outros Tem …

Preste Atenção No Que Você Presta Atenção, Suzana Valença

O nosso olhar pode focar em diferentes objetos, com variadas intensidades. O que focamos determina aonde vamos, com que sentimento e porquê. Então, é importante pensar sobre onde colocamos nossa atenção. Olhar para as estrelas Dia desses, meu amigo Sérgio Mendonça enviou uma de suas ótimas newsletters . Naquela edição ele falou sobre olhar. Ele contou a história do astrônomo Robert William que, em 1995, teve uma ideia meio maluca. O que será que aconteceria se ele apontasse as poderosas lentes do telescópio Hubble para… o nada?  Em um literal ajuste de foco, William acabou descobrindo e fotografando um ponto no espaço que ficou, depois, conhecido como Hubble Deep Field. Lá, mais de 3 mil galáxias e estrelas foram identificadas. Não é incrível? Olhar para o que está mais perto Por coincidência, no dia que li a news de Sérgio, eu estava lendo sobre um cara chamado Antonie van Leeuwenhoek e a história dele era também sobre onde focamos nosso olhar. Você

Um Sapinho Para Cora Coralina

Pesquisadores Felipe Silva de Andrade e Isabelle Aquemi Haga,* descobriram nova espécie de anfíbio num milharal na cidade de Palmeira de Goiás (71km da capital Goiânia)uma nova espécie de anfíbio. Pela localização  o minúsculo sapinho (tamanho varia entre 1,25cm e 1,53cm) e porque os cientistas têm bom gosto, batizaram o bichinho de Pseudopaludicola coracoralinae. Homenageando a poeta Cora Coralina.   Não foi uma ideia fofa? Poema do Milho, Cora Coralina Milho . .. Punhado plantado nos quintais. Talhões fechados pelas roças. Entremeado nas lavouras, Baliza marcante nas divisas. Milho verde. Milho seco . Bem granado, cor de ouro. Alvo. às vezes vareia, - espiga roxa, vermelha, salpintada. Milho virado, maduro, onde o feijão enrama Milho quebrado, debulhado na festa das colheitas anuais. Bandeira de milho levada para os montes largada pelas roças: Bandeiras esquecidas na fartura. Respiga descuidada dos pássaros e dos bichos. Milh

Nascido em 7 de Julho: Artur Azevedo

    Um Capricho      Em Mar de Espanha havia um velho fazendeiro, viuvo que tinha uma filha muito tola, muito mal-educada, e, sobretudo. muito caprichosa. Chamava-se Zulmira. Um bom rapaz, que era empregado no comércio da localidade, achava-a bonita, e como estivesse apaixonado por ela, não lhe descobria o menor defeito. Perguntou-lhe uma vez se consentia que ele fosse pedi-la ao pai. A moça exigiu dois dias para refletir. Vencido o prazo, respondeu: — Consinto, sob uma pequena condição. — Qual? — Que o seu nome seja impresso. — Como? — É um capricho. — Ah! — Enquanto não vir o seu nome em letra redonda, não quero que me peça. — Mas isso é a coisa mais fácil... — Não tanto como supõe. Note que não se trata da assinatura, mas do seu nome. É preciso que não seja coisa sua. Epidauro, que assim se chamava o namorado, parecia ter compreendido. Zulmira acrescentou: — Arranje-se! E repetiu: — É um capricho. Epidauro aceitou, resignado, a singular