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Mostrando postagens de setembro, 2017

Sommelier de Silêncios, Ricardo Araújo Pereira

     Os animais têm boa imprensa. É muito raro vermos um cão com a seta para baixo, naqueles balanços que os jornais fazem sobre as figuras que estiveram mal na semana, ou um gato criticado no editorial.      N ão é que os cães e gatos não tenham opiniões estúpidas. eles só não a verbalizam. Um imbecil calado consegue camuflar durante muito tempo tempo sua condição de imbecil. Os meus cães, por exemplo, têm a opinião de que meu gramado fica melhor com buracos. E parece-me que a minha gata considera que seria interessante  saber que aspecto teriam meus olhos se tirados do crânio.       Sucede que eles não proferem essas opiniões. Nas fábulas, os animais são ressentidos, altivos, dissimulados, manhosos, vingativos, avarentos, egoístas, velhacos. na vida real são adoráveis. A diferença é que nas fábulas, eles falam.

A Costureira e o Cangaceiro.

Lembram desse livro? A Costureira e o Cangaceiro de Frances de Pontes Peebles, a gente não encontra mais nas livrarias A Costureira e o Cangaceiro, de Frances de Pontes Peebles Pois bem, ele vai voltar em dose dupla e roupa nova. 

Poema de Fim da Feira, Alceu Valença

Imagem do site Kleber Leite A noite rendendo a tarde, Toda Sexta é mesmo assim, Depois do sol em declínio, A feira chegando ao fim. Um bêbado declama um verso Na frente de um botequim: É o resto, É a sobra É o sobejo, É a casca É a banana É a calçada, Melancólicas Melancias Mordiscadas. É a feira Que agoniza Triturada Bebida Sorvida, Deglutida, Mastigada, Ela vive E agoniza Em becos, Praças, Calçadas. De manhã, Chegou gorda E bem faceira. Pouco a pouco Foi perdendo O movimento. virou resto, Monturo, Bagaceira. Peleja da vida Com o bicho do tempo. In O Poeta da Madrugada, Alceu Valença.

Rapadura, Rachel de Queiroz

     Outro dia foi presa uma senhora porque numa banca de mercado, em pleno sábado de feira, agrediu a rival com uma rapadura, dando-lhe uma tijolada que exigiu doze pontos no couro cabeludo. Rapadura é arma perigosa, um paralelepípedo de doce bruto, pesado e com arestas. Batendo de quina pode até matar.      A banca de rapadura era o local de comércio do próprio marido da agressora. Vinha ela descuidosa, passando ali por acaso, e de repente depara com o quadro ofensivo: o marido em idílio público com a dalila, a messalina, a loba do seu lar! Ela debruçada ao balcão e ele, de dentro, segurava o queixo da sereia e lhe cochichava no ouvido. O monte de rapaduras estava ao lado. Foi só passar a mão na rapadura de cima e virá-la de quina, para castigar mesmo, no pé do ouvido da outra. A agredida se pôs a gritar, com a cara coberta de sangue, e o infiel asperamente ralhou: “Cala a boca, mulher, senão aparece a polícia”.

Entre Marília e a Pátria, Frei Caneca

  Entre Marília e a pátria Coloquei meu coração: A pátria roubou-m'o todo; Marília que chore em vão. Quem passa a vida que eu passo, Não deve a morte temer; Com a morte não se assusta Quem está sempre a morrer. A medonha catadura Da morte feia e cruel, Do rosto só muda a cor Da pátria ao filho infiel.

O Menino Maluquinho - BiblioTheo

Era uma vez um menino maluquinho...   Se eu escrevesse pra criança, sempre começaria assim: era uma vez...   Essa frase tem poder  de remeter imediatamente à magia. Pelo menos comigo funciona.  Era uma vez... duas crianças que ganharam esse livro de Ziraldo.  Eram como o protagonista: travessos, simpáticos, enrolões, enchiam a casa e minha vida de alegria. Cresceram e, também como o Menino Maluquinho , ficaram pessoas legais.  Muito legais.  Muuuuuuuuuuuuuuuito legais, na verdade.   Esse livro tornou-se um clássico, que originou dois filmes (1995 e 1997) uma série em revista de quadrinhos.  Não assisti aos filmes nem acompanho mais os personagens. A linguagem o livro ficou ultrapassada logicamente.  Lá se vão muitos  anos do lançamento! Bem, continuando... Era uma vez, outra vez, meu netinho fofo... que nasceu 34  depois que Ziraldo escreveu o Menino Maluquinho. Ele tem o livro, é travesso, é simpático enche a casa e nossa vida de alegria.  Ah sim!! ele fez u

Entrevista Solta, Carlos Drummond de Andrade

- Qual a mais bela palavra da língua portuguesa? Glicínia - Hoje é glicínia. Apesar de leguminosa. - E amanhã?  - Cada dia escolho uma, conforme o tempo. - A mais feia? - Não digo. Podem escutar. - Acredita em Deus? - Ele é que não acredita em mim. - E em Saldanha? - O cisme ou o outro? - O outro. - Até Deus acredita nele - Então papamos a taça? - Na raça - E se não paparmos? - Eu não sou daqui, sou de Niterói. - Mas tudo é Brasil. - Para o Imposto de Renda, sim. Para o Imposto de Serviço, são muitos. - Já fez a declaração? - Quem faz por mim é um computador da terceira geração. - Tão complicada assim? - Ao contrário: a mais simples. - Parabéns por ter renda - Mas eu não tenho. Imagine se tivesse. - E a Apolo-9? - O maravilhoso ficou barato. Quero ver aqueles três é guiando fusca no Rio. - Vai melhorar. Olhe os viadutos. - Estou olhando. Não vejo é pedestre. Já será efeito da pílula? - O Papa nem sempre é Papa. - Acha que China e U.R.S.S. irão à guerra

Cadeiras de Aluguel, John Ashbery

Sabia-se muito pouco sobre qualquer coisa antigamente. Era como o que é um vocalise para uma sonata, as crianças à luz da ribalta e água correndo sobre pedras como se tivesse pressa para chegar a algum lugar. É possível fazer piada sobre isso agora que o período probatório já passou. Não admitir estar no papel errado.

Minhas Leituras do 1º Semestre

       Romance de personagens protagonizado por Rebecca Bayliss, jovem londrina que vive longe da mãe e nunca soube do paradeiro do pai, um talentoso pintor e ex-oficial da Marinha. Buscando aproximar-se do passado, Rebecca parte para Boscarva, na península britânica da Cornualha, onde conhece pessoas ambíguas que se revelam aos poucos. Grenville Bayliss, seu avô irritadiço e teimoso; Joss Gardner, o carpinteiro habilidoso por quem Rebecca nutre sentimentos conflitantes; Andrea, uma jovem instável apaixonada por Joss; Eliot, seu primo ambicioso, envolvido em negócios escusos; e Pettifer, o criado leal a Greenville Bayliss.A cada página vão surgindo novos e inesperados personagens, habilmente construídos com a criatividade humana e literária de Rosamunde Pilcher . (Liv. Saraiva)  Minha opinião: recomendo.      Odisseia mágica , bem-humorada e apaixonada de uma bela viúva em busca de sua filha desaparecida. Empenhada em sua missão ela parte de um pequeno vilarejo m