- Ter alguém junto a mim, nesta noite tão fria! Exclamo, e fico a espiar, através da vidraça, a rua, agora tão deserta e sem poesia, a rua, ao Luar vazia, onde somente cai a chuva, e ninguém passa... Ah, ter alguém aqui, mas, alguém que reunisse ao Mistério a ternura amorável! Aquela... Aquela que eu não sei se é Dulce, ou Alda, ou Alice, porém cuja meiguice há de o estilo possuir das lindas cartas dela! ... E ela é apenas Mistério. Ama-me, e tem receio de que eu lhe saiba o nome! E nem vem ... Mas, virá? Sonho-a, entanto, imagino-a aqui junto ao meu seio, lendo os poemas que eu leio ou traduzindo, ao piano, uns motivos de Bach. Sinto-lhe a mão macia em meu ombro. Tão leve!... Ouço-lhe a doce voz, feita de suaves trenos. Olho-a e sinto que a mão não a pinta ou descreve: Ela é a Branca de Neve que eu apero, final, nos meus braços morenos. Sonho-a apenas, entanto. Ela não vem agora... E eu - tão feliz na minha ingênua Fantasia! -Sim; alguém há de vir ...