Chora Maria. Quem firma teus pés ao solo, É a dor. E a ginga entorpece, Girando a saia rodada, O tempo, o vento e a poeira ao subirem, Chegam e lá vivem inertes Fica cravado em teu corpo o suor, Que destemido, aventureiro, Atravessa, Teus seios, teus sonhos, Tua penha por inteiro. Tua liberdade implora seguindo um andor. Chora Maria, Através de ti a ter ra senti, cheia, Enquanto lá fora seca, Somente o que quer viver. Mas esse tudo é baseado na frieza. Quem viu nascer o mundo, Viu também morrer um povo. Sangue na senzala, Quiçá não seja d`outro, Este que por inconsciência,assumes te, E te remete a paredes mudas, frias, mas não surdas. Por ele que desejas falar. A pino ardor na pele, filho do sol. Chora Maria. Oxalá traz a manta que enxugará, Levando a vida do senhor da terra, que cedo, Rasgando o véu, O vértice do continente, Tua pele partia. Chora Maria Que em verdade, Não chora. Ricardo Alves