Pular para o conteúdo principal

História bonita(6): Laissa, 1ª na família a chegar à universidade


Laíssa Sobral Santos Martins, de 19 anos, é uma das estudantes aprovadas no último processo de transferência externa da Fuvest, que seleciona alunos já matriculados em outras universidades para estudarem na USP (Universidade de São Paulo).
Sua história seria comum se não fosse um detalhe: Laíssa é ex-catadora de lixo e cresceu na cooperativa de catadores da Granja Julieta, na qual sua mãe, Mara Lúcia Sobral Santos, é coordenadora.
- Eu estava matriculada em um curso de gestão ambiental na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), mas não podia mais arcar com os custos da mensalidade, alimentação e transporte.
Na família de Laíssa, composta pela mãe, o irmão Everton e mais 14 irmãos adotados, ninguém havia conseguido superar o ensino médio. A jovem é a primeira a entrar em uma universidade.

Como foi?
Laíssa se matriculou na FMU no começo de 2011, quando ainda trabalhava com a mãe na cooperativa e recebia cerca de R$ 900 por mês.
Incentivada por amigos que conheciam seu trabalho na Granja Julieta, ela se inscreveu no processo de seleção para trabalhar na ITCP (Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares) da USP, que selecionaria dois estudantes.
Laíssa passou, mas o salário era inferior ao que recebia na cooperativa. Mesmo assim, ela não desistiu.
- Era junho de 2011, período de inscrição para transferência para a USP. Seria a chance de poder continuar na incubadora. Alguns amigos me ajudaram com o dinheiro para pagar a taxa e consegui me inscrever.
A jovem passou por um processo seletivo semelhante ao vestibular, que também continha conteúdos específicos do curso de gestão ambiental, para o qual ela desejava transferência.
No total, foram oferecidas 1.101 vagas de transferências para cursos das áreas biológicas, exatas e de humanidades.
A boa notícia para Laíssa veio em novembro, quando ela soube que havia sido aprovada para estudar no curso de gestão ambiental, que fica no campus USP-Leste.
- As aulas começam dia 27 de fevereiro. Vou precisar regredir um ano, pois já estava no segundo ano na FMU. Mesmo assim, consegui eliminar cinco matérias, então não terei prejuízos e vou terminar no tempo previsto.
(materia do Estadão)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di

Mãe É Quem Fica, Bruna Estrela

           Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica.      Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica.      Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.      Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.      É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.      Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora.      Quando as certezas se desfazem. Mãe

Aprenda a Chamar a Polícia, Luis Fernando Veríssimo

          Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.                   Como minha casa era muito segura, com  grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranquilamente. Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa.            Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível. Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma: - Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guard