A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di
Li "VIDAS SECAS" quando ainda era adolescente. Ficaram gravadas, com cores muito fortes, as passagens dessa história; história dos brasileiros esquecidos à propria sorte ... Livros como esse nos ajudam a não esquecer de que a "MÃE GENTIL", não é tão gentil assim para todos.
ResponderExcluirAbraço.
Sugiro as outras obras de Graciliano; Conforme informei,quando terminar suas férias, você pode entrar no grupo que está em andamento. Vai gostar.
ResponderExcluirInteressante saber que tudo começou com a cachorra Baleia...
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