Cristina procurou um amigo advogado. Não era consulta. Fora só comunicar que iria se suicidar. "Que é isso?, mulher." A escolha de um advogado, para essa comunicação, deu-se apenas por confiar nele.E Não ser alguém da família. Passaram a conversar. Decidira morrer por conta de um telefonema. O doutor estava perplexo. Já vira muitos que desistiram da vida, quase todos em razão de problemas financeiros; ou alguma doença incurável; ou, apenas, por compulsão de alguma neurose. Coisas assim. Não era o caso de agora em que uma mulher estava tranquila e bem. O doutor pediu que contasse o que acontecera, no tal telefonema, para a levar a uma decisão tão drástica. Foi assim. Cristina estava em frente à TV. Como sempre. Na novela das oito, mulheres iguais a ele viviam amores impossíveis. Paixões ardentes que jamais Cristina seria capaz de sentir. Distantes de sua vida, que nessas horas lhe parecia banal. Sem nenhuma promessa de futuro. O marido, como em tod...