Houve um tempo em que foste o ídolo de meu culto.Neste tempo , minha alma era um catedral
erguida à luz do Amor e à glória de teu vulto,
e em festa acesa, dia e noite, ao Madrigal.
Mas, enquanto eu - ingênuo, eu - sonhador estulto
sacrificava a ti todo o meu Sonho e Ideal,
tu guradavas,cruel, cada qual mais mais oculto,
como Bórgias outrora, o veneno e o punhal.
Punhal...o veneno.. E eu te adorei de joelhos!
Meu ídolo eras tu! ... hoje essas coisas narro
e, ao narrá-las, vacilo entre a revolta e o dó.
Penso em ti, e arde o pranto em meus olhos vermelhos.
Mas bem vejo que foste um ídolo de barro
que, um dia, outro e não eu, talvez reduza a pó.
Em: Mulheres e Rosas, Vida e Sonho, De Monóculo, Austro-Costa
Ed.CEPE 2012, pág, 122
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