Dona Alegria pediu-me uns versos.
Que versos lindos, suaves e tersos
não merecera Dona Alegria!
Dona Alegria dos grandes olhos,
grandes e belos, da cor do Céu...
Que tem catleias florindo, aos molhos,
à nívea copa de seu chapéu...
Dona Alegria perdeu a luva.
Nem sabe como! Foi outro dia:
tomando um bonde, fugindo à chuva...
Contudo, riu-se Dona Alegria.
Dona Alegria na rua Nova,
Vai ao cinema? Vai com a mamã.
Dona Alegria dá-me uma trova!
Não tenho um verso para amanhã.
Dona Alegria cheia de graça,
de quem sou poeta e de quem sou servo,
passa sorrindo com a mamã... Passa...
E eu lembro uns versos de Amado Nervo.
Dona Alegria mando-lhe agora
as rimas pobres desta poesia.
Perdoe-me , e ainda pela demora...
Mas... vão com a luva, Dona Alegria
Austro Costa (1899-1953)
In Costa, Austro,Mulheres e rosas;Vida e sonho; De monóculo - 2.ed. revista - Recife: Cepe, 2012
Do mesmo autor:
A Morte do Cisne - postada em: 22.3.15
Capibaribe, Meu Rio - postada em:20.3.15
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