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Mostrando postagens de 2023

Mudas, Mudanças e Reformas Profundas, Ciro Porto

Na passagem de ano, desejamos vida nova e realizações. No mundo das aves, o ano novo ocorre antes, na primavera. Pouco antes do início da estação, as aves passam pela fase de muda de penas e ficam mais bonitas. Creio de podemos seguir o exemplo das aves em nosso ano novo, trocando nossas penas a começar pela “pena de mim”, sentimento que todos temos quando nos sentimos injustiçados ou preteridos, ou quando acreditamos que o que fazemos não tem importância. Quase sempre trabalhamos buscando o sustento sem nos darmos conta que a nossa labuta também contribui para a coletividade. Da mesma forma que um beija-flor ao se alimentar do néctar das flores não percebe que ajuda as plantas a se reproduzir. Quantas vezes nos infligimos penas, punições que acreditamos estar condenados por não nos julgarmos merecedores de uma vida melhor, ou ainda por sermos influenciados por tantas notícias negativas. Acreditar nisso é uma pena severa demais que podemos e devemos trocar. Penso que também podemos vi

Um Conto de Ano Novo, Mari Barros

       “Fazia tanto frio e a neve não parava de cair, a gélida noite aproximava-se. Aquela era a última noite de dezembro, véspera do dia de Ano Novo. Perdida no meio do frio intenso e da escuridão uma pobre menina seguia pela rua, a cabeça descoberta e os pés descalços. É certo que ao sair de casa trazia um par de chinelos, mas estes não duraram muito tempo, porque eram uns chinelos que já tinham pertencido à mãe, e ficavam tão grandes, pesados e encharcados de neve que a menina os perdeu quando teve de atravessar a rua.      Um dos chinelos desapareceu no meio da neve, e o outro foi apanhado por um garoto que o levou, pensando fazer dele um berço para a irmã mais nova brincar. Por isso, a menina seguia com os pés descalços e já roxos de frio; levava no bolso do avental uma quantidade de fósforos, e estendia um maço deles a todos que passavam, oferecendo:      — Quer comprar fósforos bons e baratos? — Mas o dia não estava bom. Ninguém comprara os fósforos, e, portanto, ela ainda não

Perde o Gato, Carlos Drummond de Andrade

     Um jornal é lido por muita gente, em muitos lugares; o que ele diz precisa interessar, senão a todos,pelo menos a um certo número de pessoas. Mas o que me brota espontaneamente da máquina, hoje, não interessa a ninguém, salvo a mim mesmo. O leitor, portanto, faça o obséquio de mudar de coluna. Trata-se de um gato.      Não é a primeira vez que o tomo para objeto de escrita. Há tempos, contei de Inácio e de sua convivência. Inácio estava na graça do crescimento, e suas atitudes faziam descobrir um encanto novo no encanto imemorial dos gatos. Mas Inácio desapareceu — e sua falta é mais importante para mim, do que as reformas do ministério.      Gatos somem no Rio de Janeiro. Dizia-se que o fenômeno se relacionava com a indústria doméstica das cuícas, localizada nos morros. Agora ouço dizer que se relaciona com a vida cara e a escassez de alimentos. À falta de uma fatia de vitela, há indivíduos que se consolam comendo carne de gato, caça tão esquiva quanto a outra.      O fato sociol

Vamos Pensar: Presépio Do Ano Inteiro

       No mês de dezembro  todos nós invocamos e somos invocados pelo chamado espírito natalino.      Acreditamos fazer a nossa parte e nos sentimos reconciliados com os céus se e quando participamos de campanhas de doação  de alimentos.   Passado o  Natal, dormimos apaziguados porque agimos como cristãos.        Esse presépio, encanta e enternece por pelo menos um mês.         É uma cena com distância e duração garantidas.     Para muitos  até gera  reflexão. Temporária e superficial, mas sim... reflexão.  Como fui ou como poderia ter sido durante o ano que está terminando?      Passado o Natal, até essa reflexão se vai..      Penso, no entanto, que  estamos mais que atrasados em refletir ( e agir) sobre o "espírito do ano inteiro".  Nos setiríamos verdadeiramente apaziguados se agíssemos concretamente e sem holofotes sobre os milhares de presépios que encontramos, diariamente em todas as cidades do país inteiro.        Sem luzes, sem glamur, sem estrela guia e presentes de

Presepe, Manoel Bandeira

Chorava o menino. Para a mãe, coitada, Jesus pequenito, De qualquer maneira (Mães o sabem…), era Das entranhas dela O fruto bendito. José, seu marido, Ah esse aceitava, Carpinteiro simples, O que Deus mandava. Conhecia o filho A que vinha neste Mundo tão bonito, Tão mal habitado? Não que ele temesse O humano flagício: O fel e o vinagre, Escárnios, açoites, O lenho nos ombros, A lança na ilharga, A morte na cruz. Mais do que tudo isso O amedrontaria A dor de ser homem, O horror de ser homem, — Esse bicho estranho Que desarrazoa Muito presumido De sua razão; — Esse bicho estranho Que se agita em vão; Que tudo deseja, Sabendo que tudo É o mesmo que nada; — Esse bicho estranho Que tortura os que ama; Que até mata, estúpido, Ao seu semelhante No ilusivo intento De fazer o bem! Os anjos cantavam Que o menino viera Para redimir O homem — essa absurda Imagem de Deus! Mas o jumentinho, Tão manso e calado Naquele inefável, Divino momento, Esse bem sabia Que inútil seria Todo o sofrimento No Siné

O Burro do Presépio, José Jorge Letria

Sou versado em pouca coisa mas burro é que eu não sou; entre os bichos do presépio eu sei sempre onde estou. Se era preciso calor e uma eterna companhia, ali estava eu presente enquanto o menino nascia. Como não sou adivinho, nem sequer mestre em magia, quem esse menino era eu ao certo não sabia Filho de gente modesta, tinha um brilho no olhar que era só comparável ao das noites de luar. Velando pelo seu sono, sem o deixar despertar, eu ficava de atalaia evitando até zurrar. Sem que saiba bem o quê, qualquer coisa me fez pensar que essa noite em Belém o mundo iria mudar. Mal sabia nessa altura, num lugar de escassa luz, que essa criança, afinal, era o Menino Jesus. Em: O Livro do Natal

10 Livros Mais Vendidos na Amazon em 2023

  1 -É Assim Que Começa (Vol. 2 É assim que acaba), de Colleen Hoover (Galera) 2 -A Biblioteca da Meia-Noite , de Matt Haig (Bertand) 3 - É Assim Que Acaba: 1 , de Colleen Hoover (Galera) 4- O homem Mais Rico da Babilônia , de George S Clason (HarperCollins Brasil) 5 - Verity, de Colleen Hoover (Galera) 6 - Todas As suas (im)perfeições , de Colleen Hoover (Galera) 7 - Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas , de Dale Carnegie (Sextante) 8 - Tudo é Rio , de Carla Madeira (Record)   9 - Os Segredos da Mente Milionária : Aprenda a enriquecer mudando seus conceitos sobre o dinheiro e adotando os hábitos das pessoas bem-sucedidas, de T. Harv Eker (Sextante) 10 - A Psicologia Financeira : lições atemporais sobre fortuna, ganância e felicidade, de Morgan Housel (HarperCollins) ( Fonte: Estadão)

Se Ter, Bráulio Bessa

Ir sozinho ao cinema visitar uma livraria uma cerveja no bar um café na padaria. Ter você para você mesmo também é ter companhia. Nem sempre estar sozinho é sinal de solidão. Vez por outra o mundo chama e a nossa resposta é não, por ter marcado um encontro com o próprio coração. Em: Um Carinho Na Alma , Bráulio Bessa.

Minhas Leituras em 2023.

     Pelo  Goodreads essa foi minha listinha de leitura em 2023, mas o site  não acrescentou ( e eu tentei) mais quatro títulos inclusive o que considerei minha melhor leitura esse ano. Vamos aos livros que faltaram: As Guerreiras da Esperança , Aluízio Falcão; Salvar o Fogo , Itamar Vieira Júnior, Guananira , Bernadette Lyra e Obrigada Por Vir, Nadezhada Bezerra.       Sobre Obrigada Por Vir de Nadezhada Bezerra, que considerei minha melhor leitura,  falei a respeito do livro  em postagem anterior  AQUI   no blog. E você?  Qual foi sua melhor leitura esse ano?  Me diz aí, para eu ler também!!

Rua Ramalhete, Tavito ( Crônicas da M.P.B)

Sem querer fui me lembrar De uma rua e seus ramalhetes Do amor anotado em bilhetes Daquelas tardes No muro do Sacré-Coeur De uniforme e olhar de rapina Nossos bailes do clube da esquina Quanta saudade! Muito prazer, vamos dançar Que eu vou falar no seu ouvido Coisas que vão fazer você tremer dentro do vestido Vamos deixar tudo rodar E o som dos Beatles na vitrola. Será que algum dia eles vêm ai Cantar as canções que a gente quer ouvir? Veja AQUI a história da Rua Ramalhete Tavito ( Luís Otávio de Melo Carvalho) 6/1/1948 - Belo Horizont 26/2/2019 ( São Paulo)

Imbuzeiro, Laelson Lourenço

Imbuzeiro, imbuzeiro Onde está o viajante Que descansou da viagem Debaixo da sua folhagem Num tempo nem tão distante? Das árvores do meu sertão Tu és a planta sagrada Por que se encontra despida Da sua copa florida Na beira dessa estrada? Hoje quem te contempla Fica muito admirado Cadê sua copa densa Muito verde e extensa Por que estás ressecado? A seca que te maltrata É injusta e persistente Te tira a cor e a beleza Por isso que a natureza Te fez planta resistente   Espero que as chuvas voltem Em dezembro ou janeiro Pra te ver belo e copado Dando sombra para o gado E frutos pro estradeiro. Foto de: Eduardo Henrique

Tu e Eu, Luís Fernando Veríssimo

Somos diferentes, tu e eu. Tens forma e graça e a sabedoria de só saber crescer até dar pé. Eu não sei onde quero chegar e só sirvo para uma coisa – que não sei qual é! És de outra pipa e eu de um cripto. Tu,lipa Eu,calipto. Gostas de um som tempestade roque lenha muito heavy Prefiro o barroco italiano e dos alemães o mais leve. És vidrada no Lobão eu sou mais albônico. Tu,fão. Eu,fônico. És suculenta e selvagem como uma fruta do trópico Eu já sequei e me resignei como um socialista utópico. Tu não tens nada de mim eu não tenho nada teu. Tu,piniquim. Eu,ropeu. Gostas daquelas festas que começam mal e terminam pior. Gosto de graves rituais em que sou pertinente e, ao mesmo tempo, o prior. Tu és um corpo e eu um vulto, és uma miss, eu um místico. Tu,multo. Eu,carístico. És colorida, um pouco aérea, e só pensas em ti. Sou meio cinzento, algo rasteiro, e só penso em Pi. Somos cada um de um pano uma sã e o outro insano. Tu,cano. Eu,clidiano. Dizes na cara o que te vem a cabeça com coragem e

A Águia e a Flecha, fábula de Esopo

     Uma águia sentou-se empoleirada numa rocha alta, mantendo um olhar aguçado para a presa. Um caçador, escondido numa fenda da montanha e à espreita da caça, espiou-a e disparou uma flecha contra ela. A flecha atingiu-a no peito e furou-a por completo. Deitada  na agonia da morte, ela virou seus olhos para a flecha, e lamentou: - "Ah! Que destino cruel ao morrer assim! Mais cruel ainda é que a flecha que me mata é alada com penas de uma águia." Moral da história : Damos aos inimigos os meios para a nossa própria ruína. Sec.VI a.C

Retrato de Mulher Triste, Cecília Meireles

Vestiu-se para um baile que não há. Sentou-se com suas últimas jóias. E olha para o lado, imóvel. Está vendo os salões que se acabaram, embala-se em valsas que não dançou, levemente sorri para um homem. O homem que não existiu. Se alguém lhe disser que sonha, levantará com desdém o arco das sobrancelhas, Pois jamais se viveu com tanta plenitude. Mas para falar de sua vida tem de abaixar as quase infantis pestanas, e esperar que se apaguem duas infinitas lágrimas. Cecília Meireles, in 'Poemas (1942-1959)' Imagem: Bent Figure of a Woman 1882 - Van Gogh

Prêmio São Paulo de Literatura Edição 2023: Vencedores

       Mariana Salomão Carrara  e Alexandre Alliatti foram os vencedores da última edição do Prêmio São Paulo de Literatura.       Não Fossem As Sílabas do Sábado,dela,  e Tinta Branca,dele, venceram nas categorias Melhor Romance  e Romance de Estreia respectivamente. Não Fossem As Sílabas do Sábado Mariana Salomão Carrara Ed. Todavia Ano: 2022 Págs. 168 Tinta Branca Alexandre Alliatti Ed. Patuá Ano 2022 Págs. 192