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Mostrando postagens de janeiro, 2022

Você Sabia Quem Era Richard Bachman? Eu Não.

Richard não teve uma produção muito grande e escreveu por pouco tempo.  O primeiro livro dele, A Fúria (1977)  foi lançado no mesmo ano de uma grande sucesso de vendas:  Carrie, a estranha.   Depois de A Fúria  ele escreveu: A Longa Marcha (1979) A Autoestrada (1981) O Concorrente (1982) A Maldição do Cigano (1984). Depois da  "morte" de Richard Bachman ainda foram lançados dois "manuscritos inéditos" dele:  Os Justiceiros (1996) e Blaze (2007).  Então, convencido de que fazia sucesso pelo talento e não por sorte, como supunha, Stephen King deixou de usar o nome de Richard como  pseudônimo.  E com o próprio nome Stephen King vem fazendo sucesso até hoje e dois de seus livros foram levados às telas: O Iluminado em 1980 com direção de Stanley Kubrick e  Carrie, a Estranha, em 2013 com direção de Kimbely Peirce.  (Fonte:  Revista Superinteressante ) Sobre o livro A Fúria: Rage (título original) , um suspense psicológico que foi publicado pelo autor em 1977, sendo sua p

Belarmino do Depósito, Regina Ruth Rincon Caires

− Pode dar meia-volta, Belarmino, hoje você não trabalha. Vai descansar a carcaça por um bom tempo. Pode até ficar mais bonito, sabia? Só de ouvir a voz enfadonha do gerente, Belarmino sente um arrepio. É uma aversão que se avoluma a cada encontro. De repente, vem aquela vontade danada de perder a paciência, mas, talvez por intercessão de todos os santos, desvia o corpo e entra na loja. Se o infeliz imaginasse a angústia que o subalterno enfrenta a cada minuto da vida, se ele vestisse a pele do outro por um dia apenas, não seria tão impiedoso. O sorriso mangador, afetado, há muito tempo está entalado na garganta de Belarmino. Uma hora, isso não vai dar certo. Empurra a porta do escritório: − Licença, patrão... − Entra, Belarmino, senta. − O senhor vai me dispensar? − Que é isso, homem? Ficou louco? É o seguinte: recebi orientação de que, a partir de hoje, o empregado que tem mais de sessenta anos deve ficar em casa. É exigência trabalhista, essa pandemia traz muito risco.

Canção do Primeiro Ano, Mário Quintana (inédito)

Pelas estradas antigas As horas vêm a cantar. As horas são raparigas, Entram na praça a dançar. As horas são raparigas… E a doce algazarra sua De rua em rua se ouvia. De casa em casa, na rua, Uma janela se abria. As horas são raparigas Lindas de ouvir e de olhar. A imagem ao lado é um manuscrito, descoberto por acaso por um livreiro de Porto Alegre. Trata-se de um  poema de Mário Quintana foi escrito em 1941.  Comprovada sua autenticidade a Associação dos Amigos da Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul, adquiriu o poema e o livro onde ele foi encontrado e incorporou os dois a seu acervo.   O poema chama-se Canção do Primeiro Ano.  Veja abaixo a transcrição. As horas cantam cantigas E eu vivo só de momentos, Sou como as nuvens do céu… Prendi a rosa dos ventos Na fita do meu chapéu. Uma por uma, as janelas Se abriram de par em par. As horas são raparigas… Passam na rua a dançar. As horas são raparigas Lindas de ouvir e de olhar. As horas cantam cantigas E eu vivo só de momentos, Sou c

O Famoso Quem? Mary Westmacott

Nunca li a inglesa Mary Westmacott, não faço ideia de qual seu estilo ou gênero.  Agora que soube dela,vejo  que não existe edição brasileira de nenhum de seus 6 livros escritos entre 1930 e 1956:  Absent In The Spring, Unfinished Portrait A Daughter's a Daughter and Otheres Novels Giant's Bread The Rose and The New Tree The Bunder. Complica porque não falo inglês e até que gostaria de conhecer Agatha Christie fora do gênero que lhe deu notoriedade e que faz sucesso ainda hoje.   Pois é. Atualmente os livros acima citados são vendidos com o pseudônimo Mary Westmacott e o nome da verdadeira autora: Agatha Christie. Fonte: Revista Superinteressante

Poesia de Filho Para O Poeta Pai, Thiago de Mello Filho.

     Passei três semanas no Amazonas, viajando sozinho. Se é que é possível dizer que viajei sozinho, pois sempre estive acompanhado de gente que me quer bem, amigos e familiares que encontrei pelo caminho. Gente que amo e que me constitui. Fui com dois propósitos nessa imersão solitária. O primeiro, visitar meu pai. Estar com ele por alguns momentos, já ciente da situação de saúde e cuidados na qual ele se encontrava. Depois, fui com o objetivo de iniciar uma reforma inadiável em nossa casa à beira do rio, em Freguesia do Andirá, no interior do município de Barreirinha, a quase 350 km de Manaus. Um dia de barco pra chegar até lá. A casa me pede zelo já há um tempo e estou há uns meses organizando uma campanha para arrecadar recursos para as obras. Consegui uma parte do dinheiro através da generosidade e da compreensão de muitos amigos e conhecidos, todos amantes da amizade, da poesia, da Amazônia e da obra literária de meu pai. Todos sonhadores como eu, que sabem, como meu pai, que ar

Menino de Rua, Henrique Duarte

  Imagem: JusBrasil

O Famoso Quem? Suzana Flag

  "Eu posso começar esta história dizendo que me chamo Suzana Flag. Sou filha de canadense e francesa; os homens me acham bonita e se viram, na rua, fatalmente, quando passo."  A autora, que em folhetins escreveu e fez sucesso com as histórias sensuais: Meu Destino É Pecar, O Homem Proibido, Núpcias de Fogo e Escravas do Amor.  Da mesma forma  Myrna,  que  tinha a coluna: Myrna escreve , onde dava (des) conselhos amorosos  e respondia perguntas dos desiludidos.  Eram, ambas, pseudônimos do conhecido Nelson Rodrigues.   Os 43 textos da coluna do jornal escritos por Myrna, foram  reunidos em um livro pela Companhia das Letras em 2002: Não Se Pode Amar e Ser Feliz ao Mesmo Tempo.  Bem a cara de Nelson Rodrigues mesmo, não? Fonte: Revista Superinteressante

1 Milhão de Acessos!!!

                                      Hoje o blog ultrapassou 1 milhão de acessos.                                                 Comecei por brincadeira, acabei gostando e levando a sério. Procuro trazer autores variados com ênfase nos nacionais. Talentos novos também estão presentes. Por causa do blog conheci pessoas e trabalhos formidáveis. Sou grata a ele e a todos que passaram aqui buscando ou deixando alguma coisa.  Para acessar:www.livroerrante.blogspot.com.br Para comentar clique em: postar um comentário Para falar comigo: clique em  três tracinhos no  alto à direita da página.  Agradeço a sua visita. 

Os Estatutos do Homem, Thiago de Mello

  OS ESTATUTOS DO HOMEM (Ato Institucional Permanente )                              A Carlos Heitor Cony Artigo I Fica decretado que agora vale a verdade. agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira. Artigo II Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo. Artigo III Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança. Artigo IV Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu. Parágrafo único: O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino. Artigo V Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca ma

Refletindo Com Érico Veríssimo

  Érico Veríssimo, Incidente em Antares Por alguns segundos o padre permanece em silêncio, de dedos trançados sobre o peito, a cabeça baixa. — Como é difícil viver... — balbucia. — O Mauro embarcou de volta para Porto Alegre hoje no ônibus das quatro. Não se despediu do pai. É que esta manhã tiveram em casa uma altercação violentíssima. O Mauro temeu até que o pai o agredisse fisicamente. Não podem mais viver embaixo do mesmo teto. — Tudo por causa de política, naturalmente... — Sim, Inocêncio detesta as ideias do filho. — Ouvi dizer que o rapaz é comunista. E verdade? — Comunista é o pseudônimo que os conservadores, os conformistas e os saudosistas do fascismo inventaram para designar simplisticamente todo o sujeito que clama e luta por justiça social. Por outro lado, não ignoramos que na Rússia Soviética não existe nenhuma liberdade de crítica ou de expressão e que um escritor pode ser condenado a três ou cinco anos de trabalhos forçados na Sibéria por ter escrito poemas, artigos ou

Você Já Ouviu Falar no Famoso João da Regras?

João das Regras, Victor de Paula, Boas Noites e Dr. Semana eram bons críticos. Tão bons quanto Machado de Assis.   Por que comparei com o querido do Cosme Velho?  Por que aprendi há pouco e me surpreendi também. Vou contar:  Machado de Assis sempre fez duras críticas sociais, todos sabemos disso.  Elas estão lá de uma forma ou de outra nos seus livros.   Mas quando as críticas eram específicas a fazendeiros favoráveis à abolição, Machado de Assis preferia não se expor.  Usava pseudônimos variados.  Chegou até a se assinar Platão.  Somente em 1950, descobriu-se que João das Regras, Victor de Paula, Boas Noites ou Dr. Semana  eram um só: Machado de Assis. Fonte: Revista Superinteressante

Mudanças Imutáveis, Fábula de Millôr Fernandes

  À maneira dos... chineses.          “Se você não consegue fugir, você é muito corajoso.”         Olin-Pin, abastado negociante de óleos e arroz, vivia numa imponente mansão Kin-Tipê. Sua posição social e sua mansão só não eram perfeitas porque, à direita e à esquerda da propriedade, havia dois ferreiros que ferravam ininterruptamente, tinindo e retinindo malhos, bigornas e ferraduras. Olin-Pin, muitas vezes sem dormir, dado o tim-pin-tin, pan-tan-pan a noite inteira, resolveu chamar os dois ferreiros e ofereceu a eles 1.000 ienes de compensação, para que ambos se mudassem com suas ferrarias. Os dois ferreiros acharam tentadora a proposta (um iene, na época, valia mil dólares) e prometeram pensar no assunto com todo empenho. E pensaram. E com tanto empenho que, apenas dois dias depois, prevenidamente acompanhados de advogado, compareceram juntos diante de Olin-Pin. E assinaram contrato, cada um prometendo se mudar para outro lugar dentro de 24 horas. Olin-Pin pagou imediatamente os 1.

A Casa do Homem Verde, Marcos Cirano

É uma casa aonde hoje não chega ninguém. Onde só as formigas e algumas mariposas passeiam e voam por entre móveis antigos e velhos retratos de antepassados do atual e solitário morador do imóvel. Aliás, imóvel é o termo perfeito para definir aquela casa. Uma casa onde já não se ouvem músicas. Onde nenhuma risada interrompe o incômodo silêncio da solidão e onde nada, ou quase nada mais acontece. Uma casa onde um centenário relógio, na parede da sala, não marca mais as horas: deixou de funcionar faz exatos 23 anos e dois meses - mesmo tempo em que a última visita por ali andou e nunca mais voltaria. A casa é isolada, sim. Mas, não a ponto de ser um local de difícil acesso. Erguida numa pequena chácara, tem outras casas por perto, onde vive uma gente feliz e alegre. De modo que não é a casa que afasta as pessoas. A casa é a grande testemunha da amargurada vida do seu morador - único sobrevivente de uma família, digamos assim: não rica, mas uma família de algumas posses e que, outrora, ali