Quebraram a chave da gaiola
João Cabral quando jogador. |
e os quadros-negros da escola.
Rebentaram enfim as grades
que os prendiam todas as tardes
Nos fugitivos, é a surpresa,
vendo que tomaram-se as rédeas
(dos técnicos mudos, mas surpresos
brancos, no banco, com medo).
Estão presos os da outra gaiola
que não souberam abrir a porta:
ou não o puderam, contra o jogo
dos que estavam de fora, soltos.
De certo também são capazes
de idênticas libertinagens
uma vez soltos, porém como
se liberar daquele tronco
em que os aprisionaram os táticos
argentinos, também gramáticos.
E enquanto os fugitivos seguem
com a soltura, a sem lei que os regem,
nos bancos é uma a indignação:
dos que vão vencendo e dos que não:
“Voltamos ao futebol de ontem?
Voltou a ser um jogo dos onze
Voltou a ser jogar de pião?
Chegou até cá a subversão?
Como é possível haver xadrez
Sem gramática, bispos, reis?”
Fonte:Carta Maior
Imagem:Futebol e Poesia
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