Minha avó foi uma doceira de mão cheia. Arrumava a mesa de bolos,
gelatinas e brigadeiros que ela própria fazia. Meu avô e eu ficávamos
horas comendo as guloseimas, enquanto ela ficava a observar satisfeita.
Preferia comer sozinha, para olhar o neto e o marido.
Todo final de semana ia
visitá-los. Era muito bom. Mas, com o tempo, descobri que atrás de tanta
doçura há o amargo. Meus avós, no final de suas vidas, ficaram com
graves problemas de saúde.
O tempo passou. Fiquei
diabético, obeso e com problema de coração. Comer, dava-me prazer imediato
e era isso que almejava sempre.
Morri e tive que ir ao
inferno. Mas, não fui para o lugar dantesco, que todos dizem. Voltei à
casa dos meus avós. Eles estavam me esperando. Voltei ao meu doce
inferno.
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