Era uma cidade de trabalho. Fria. Pausada. Irritadiça. Os moradores contavam os dias sem qualquer resistência, aceitavam pacificamente passar os anos em um mundo estressante e automatizado, numa existência sem adrenalina e sem cor. Viver, aparentemente, não era preciso.
Mas as aparências enganam, como todos sabem. Por trás de cada clichê, há uma série de histórias que o sustenta. É assim que se tornam verdade – ou ao menos parte da cultura popular.
Em um certo dia, Marcelo ligou para Renata, que ligou para Edu, que ligou para João, que ligou para Letícia. Estava formada a banda “Vitalícia”. Certo, rima desnecessária – pontos negativos para o narrador. Mas a banda, não. Esta era essencial. Para cada um de seus membros e, principalmente, para toda a cidade.
E aqueles músicos tinham essa consciência. Precisavam tocar, alegremente, marchinhas felizes que pudessem animar o bairro. No primeiro dia, colocaram-se na rua, em uma praça, em frente a uma padaria, bem ao cair da noite. Era justamente o horário em que todos voltavam de seus trabalhos. Por que não convidá-los à diversão? Quem sabe um pão quentinho com uma boa música não aquecesse aquela noite de inverno?
As pessoas passavam aos montes, apressadas, como sempre, e um pouco desconsertadas. Algumas pararam. Era diferente se deparar com aquilo, bem na volta para casa. Uma música, algumas pessoas; animação. Não sabiam como reagir, afinal, estavam programadas para voltar aos seus lares, ligar seus televisores e se esquecer do mundo até a manhã seguinte, quando novamente deixariam suas casas em direção a um trabalho infinito e irremediável.
Aquilo, porém, era muito diferente. Os sons, muitos agradáveis, aqueciam os ouvidos, tocavam a pele, suaves, como seda, e seduziam, sempre. E todos começaram a relaxar, junto com a bandinha, em frente à padaria. A noite caiu e a multidão aumentava. E assim foi, naquele dia, surpreendente como somente a música pode ser.
Nas semanas seguintes, Marcelo novamente ligou para Renata, que ligou para Edu, que ligou para João, que ligou para Letícia. E a bandinha seguiu seu percurso pela cidade. Cada dia em um local diferente.
Com o tempo, os habitantes já esperavam ansiosos pelo final do expediente. Mal podiam se conter, queriam saber onde a bandinha estaria, e por quanto tempo iria tocar. Alguns, inclusive, já convencidos a acompanhá-los. Por que não poderiam eles também produzir música? Por que se resignar em apenas ouvir?
Mas as aparências enganam, como todos sabem. Por trás de cada clichê, há uma série de histórias que o sustenta. É assim que se tornam verdade – ou ao menos parte da cultura popular.
Em um certo dia, Marcelo ligou para Renata, que ligou para Edu, que ligou para João, que ligou para Letícia. Estava formada a banda “Vitalícia”. Certo, rima desnecessária – pontos negativos para o narrador. Mas a banda, não. Esta era essencial. Para cada um de seus membros e, principalmente, para toda a cidade.
E aqueles músicos tinham essa consciência. Precisavam tocar, alegremente, marchinhas felizes que pudessem animar o bairro. No primeiro dia, colocaram-se na rua, em uma praça, em frente a uma padaria, bem ao cair da noite. Era justamente o horário em que todos voltavam de seus trabalhos. Por que não convidá-los à diversão? Quem sabe um pão quentinho com uma boa música não aquecesse aquela noite de inverno?
As pessoas passavam aos montes, apressadas, como sempre, e um pouco desconsertadas. Algumas pararam. Era diferente se deparar com aquilo, bem na volta para casa. Uma música, algumas pessoas; animação. Não sabiam como reagir, afinal, estavam programadas para voltar aos seus lares, ligar seus televisores e se esquecer do mundo até a manhã seguinte, quando novamente deixariam suas casas em direção a um trabalho infinito e irremediável.
Aquilo, porém, era muito diferente. Os sons, muitos agradáveis, aqueciam os ouvidos, tocavam a pele, suaves, como seda, e seduziam, sempre. E todos começaram a relaxar, junto com a bandinha, em frente à padaria. A noite caiu e a multidão aumentava. E assim foi, naquele dia, surpreendente como somente a música pode ser.
Nas semanas seguintes, Marcelo novamente ligou para Renata, que ligou para Edu, que ligou para João, que ligou para Letícia. E a bandinha seguiu seu percurso pela cidade. Cada dia em um local diferente.
Com o tempo, os habitantes já esperavam ansiosos pelo final do expediente. Mal podiam se conter, queriam saber onde a bandinha estaria, e por quanto tempo iria tocar. Alguns, inclusive, já convencidos a acompanhá-los. Por que não poderiam eles também produzir música? Por que se resignar em apenas ouvir?
Ao final do primeiro mês, Marcelo ligou para Renata, que ligou para Edu, que ligou para João, que ligou para Letícia, que ligou para Roberto, que ligou para Andressa, que ligou para Elisa, que ligou para Bianca, que ligou para Camilo, que ligou para Helena, que ligou para José, que ligou para Cassandra, que ligou para Bernardo, que ligou para Camila, que ligou para Cecília, que ligou para Dorneles, que ligou para Felipe, que ligou para Ronaldo, que ligou para Amélia, que ligou para Safira, que ligou para Karina, que ligou para Maurício...
A bandinha crescera. E a cidade, aos poucos, fazia parte.
Não demorou muito e todos saíam para cantar e tocar após as intermináveis horas de trabalho. Toda a noite se transformava em festa; e os habitantes pareciam finalmente felizes. Decorrido um ano, aquela cidade não era mais do trabalho. Era a cidade da música. E milhares de turistas passaram a visitá-la, sempre dispostos a retornar às suas casas e recriar aquilo que viveram; era hora de animar o seu próprio povo, pensavam eles enquanto se intoxicavam com o sabor das notas musicais.
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