Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de maio, 2014

Poema Inaugural, Maya Angelou

A Rocha, o Rio, a Árvore, Maya Angelou -  Anfitriões de espécies há muito extintas, Marcaram o mastodonte. O dinossauro, que deixou provas secas De sua estada aqui, No chão de nosso planeta. Qualquer alarme claro de sua condenação apressada Está perdido nas trevas da poeira e das eras. Mas hoje, a Rocha clama a nós, com clareza e vigor -Venham, coloquem-se sobre Minhas costas e contemplem seu distante destino E não procurem abrigo em minha sombra. Não lhes darei mais esconderijo aqui Vocês, criados um pouco abaixo Dos anjos, arrastaram-se longo tempo Na escuridão sombria, Permaneceram por longo tempo Com a face na ignorância Suas bocas derramaram palavras Feitas para o massacre A Rocha clama hoje, - podem colocar-se em mim, Mas não escondam o rosto Através da muralha do mundo, o Rio entoa uma bela canção, -Venham descansar à minha margem. Cada pessoa é um país com fronteiras, Delicado e orgulhoso, Ainda assim, perp

Tem Livro Bonito na Sua Estante?

Fui ali dar uma ordem na minha estante para ver o que tenho nas  fila de espera, devolução e doação.   A de espera, como sempre, cresce mais veloz que minha leitura.     Notei que os livros de Sabino e Valter Hugo Mãe têm capas padronizadas.  DETESTO CAPAS PADRONIZADAS. Não sei porque as editoras fazem isso, com certeza tem a ver com Marketing.  Pra mim não são atraentes.  Bem, mas por causa dessa antipatia à padronização  prestei atenção às outras capas,  a maioria sem graça. Infelizmente.  Mas três delas considerei bonitas.                                                                          São as belas da minha estante e estão na fila de espera: A Fábrica de Papel - Marie Arana, que eu ganhei pra conhecer  a autora. Quem me recomendou tem bom gosto. Pinto Velho do Monteiro , o maior repentista do século - Ivo Mascena. Esse livro é de minha irmã e não sei onde ela comprou   Histórias e Conversas de Mulher - Mary Del

Os 20 Livros Mais Esquecidos Em Hotéis

Por que alguém deixaria livro em hotel?    Minha resposta seria: puro esquecimento ou de propósito pra outra pessoa ler. Eu mesma só deixaria livro em hotel por essas razões. Sou  craque nas duas opções. Além de esquecimento e a vontade de doar o livro, também o desinteresse levou hóspedes da  rede de hotéis Travelodge  a deixar  exemplares em seus quartos.  Segundo pesquisa do jornal inglês The Guardian,  esquecimento, doação e desinteresse levaram os hóspedes de uma das maiores redes de hotéis do mundo a esquecerem livros.    E.L. James é campeã.   Cinquenta Tons de Liberdade , Cinquenta Tons de Cinza e Cinquenta Tons Mais Escuros , foram os mais esquecidos, somando 1209 exemplares. Além da trilogia acima, que no Brasil vendeu como água principalmente para mulheres, mais uma autora com temática feminina, ficou entre os 17 livros esquecidos.   Toda Sua - Sylvia Day Para Sempre Sua  - Sylvia Day Profundamente Sua  - Sylvia Day Garota Exemplar - Gillian Flynn 

Aniversariantes de maio (5) Lima Barreto

Queixa de defunto      Antônio da Conceição, natural desta cidade, residente que foi em vida, a Boca do Mato, no Méier, onde acaba de morrer, por meios que não posso tornar público, mandou-me a carta abaixo que é endereçada ao prefeito. Ei-la:      Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Doutor Prefeito do Distrito Federal. Sou um pobre homem que em vida nunca deu trabalho às autoridades públicas nem a elas fez reclamação alguma. Nunca exerci ou pretendi exercer isso que se chama os direitos sagrados de cidadão. Nasci, vivi e morri modestamente, julgando sempre que o meu único dever era ser lustrador de móveis e admitir que os outros os tivessem para eu lustrar e eu não.      Não fui republicano, não fui florianista, não fui custodista, não fui hermista, não me meti em greves, nem em cousa alguma de reivindicações e revoltas; mas morri na santa paz do Senhor quase sem pecados e sem agonia.      Toda a minha vida de privações e necessidades era guiada pela esperança de gozar depo

Circuito da Poesia, Recife

            No último final de semana, dei início a uma passeada pelo Circuito da Poesia  com a postagem Eu e os Poetas do Recife.  Abracei o primeiro autor do circuito: Antônio Maria e coloquei um texto dele.  Vou repetir o trabalho trazendo um a um todos os artistas homenageados.  Mas, antes vamos saber sobe  projeto Circuito da Poesia: O que é?      Projeto da prefeitura, que colocou estátuas de poetas pernambucanos em diversos pontos no centro da cidade. O projeto que traz expoentes da cultura do estado ficou pronto em 2007. Dá pra fazer todo o percurso a pé. Todos os poetas são do Recife?      Não, mas todos moraram aqui e em algum momento e de alguma forma  dedicaram seu amor à cidade. Quem são eles?   Antônio Maria Joaquim Cardozo, Capiba,Carlos Pena Filho, João Cabral de Melo Neto,  Manoel Bandeira,  Clarice Lispector,  Mauro Mota,  Chico Science,  Solano Trindade, Ascenso Ferreira, e Luiz Gonzaga, O projeto foi iniciado em 2005 e concluído em 2007  Quem fez

Eu e os poetas do Recife - Antonio Maria

Amanhecer em Copacabana Amanhece, em Copacabana, e estamos todos cansados. Todos, no mesmo banco de praia. Todos , que somos eu, meus olhos, meus braços e minhas pernas, meu pensamento e minha vontade. O coração, se não está vazio, sobra lugar que não acaba mais. Ah, que coisa insuportável, a lucidez das pessoas fatigadas! Mil vezes a obscuridade dos que amam, dos que cegam de ciúmes, dos que sentem falta e saudade. Nós somos um imenso vácuo, que o pensamento ocupa friamente. E, isso, no amanhecer de Copacabana. As pessoas e as coisas começaram a movimentar-se. A moça feia, com o seu caniche de olhos ternos. O homem de roupão, que desce à praia e faz ginástica sueca. O bêbado, que vem caminhando com um esparadrapo na boca e a lapela suja de sangue. Automóveis, com oficiais do Exército Nacional, a caminho da batalha. Ônibus colegiais e, lá dentro, os nossos filhos, com cara de sono. O banhista gordo, de pernas brancas, vai ao mar cedinho, porque as pessoas da manhã são poucas e

Aniversariantes de maio (4) Carlos Pena Filho

Nunca Fui Amado Autor: Gildo Branco Voz: Célio Roberto  Carlos Pena tinha razão quando escreveu este refrão: "são trinta copos de chope são trinta homens sentados trezentos desejos presos trinta mil sonhos frustrados" eu sou um daqueles trinta foste meu sonho não realizado era meu desejo ter o seu beijo mas amei e nunca fui amado. O poeta recifense Carlos Pena Filho, faria hoje 85 anos. O poema citado nesse frevo canção de 1963 pode ser encontrado aqui . LivroErrante trouxe outros dois belos poemas do autor: Para Fazer Um Soneto   e A Solidão e sua Porta

A Megera Domada em cordel.

M eus amigos, agora E u devo me despedir G raças à sua atenção, E m frente posso seguir, R iscando do meu caderno A palavra desistir D esanimar é bobagem, O Petrúquio é uma prova M esmo quando a circunstância A sua ideia reprova, D esistindo não se chega A uma consciência nova                    Shakespeare, o autor mais adaptado no mundo, jamais imaginou que seu Petrucchio estivesse num cordel, nem que viesse a falar português numa novela da Globo.  Boa parte de quem viu Du Moscovis em O Cravo e a Rosa, por sua vez, não sabe que assistiu a uma adaptação de uma história escrita há 400 anos!! Muitos jovens não leram os créditos depois de assistirem ao filme Dez Coisas que Odeio em Você. Teriam visto, se lessem, que tratava-se de uma adaptação teen de A Megera Domada de Shakespeare. O que mudaria para os teens e para os espectadores da Globo  se soubessem a autoria da história original?  Procurariam mais do autor, provavelmente. Mas, será que buscariam o original o

Aniversariantes de maio (3) Ascenso Ferreira

          Trem de Alagoas O sino bate, o condutor apita o apito, solta o trem de ferro um grito, põe-se logo a caminhar... — Vou danado pra Catende, vou danado pra Catende, vou danado pra Catende com vontade de chegar... Mergulham mocambos nos mangues molhados , moleques mulatos, vem vê-lo passar. — Adeus! — Adeus! Mangueiras, coqueiros, cajueiros em flor, cajueiros com frutos já bons de chupar... — Adeus, morena do cabelo cacheado! — Vou danado pra Catende, vou danado pra Catende, vou danado pra Catende com vontade de chegar... Na boca da mata há furnas incríveis que em coisas terríveis nos fazem pensar: — Ali mora o Pai-da-Mata! — Ali é a casa das caiporas! — Vou danado pra Catende, vou danado pra Catende, vou danado pra Cate

Arrasando na terceira idade: Livraria Saraiva 100 anos

·                     De um pequeno comércio de livros usados, do imigrante português Joaquim Inácio da Fonseca Saraiva, nasceu o que conhecemos hoje nas principais cidades do país. Uma cadeia de 98 livrarias. A Livraria Saraiva, que começou como Livraria Acadêmica e tinha acervo apenas de livros jurídicos, hoje possui 98 lojas.  Antes iniciada no largo do ouvidor próxima da mais importante faculdade de direito da USP, no Largo de São Francisco,  cresceu  e diversificou mix de produtos de acordo com a demanda.  À época da loja pioneira, Livraria Acadêmica, o Sr. Joaquim, recebeu dos estudantes e professores  apelido de Conselheiro Saraiva, pela orientações que deste recebiam. O conselheiro era homem de visão e inaugurou a fase editorial da livraria, com o livro O Casamento Civil, de Aniceto Corrêa. Pouco depois e ainda nos anos 30 passou a editar livros didáticos, literatura, ciências, mas manteve prioridade à área jurídica. Tornou-se a mais important

Aniversariantes de maio (2) Nélida Pinõn

Nélida Piñon.Aniversário:3 de maio Colheita  Nélida Piñon          Um rosto proibido desde que crescera. Dominava as paisagens no modo ativo de agrupar frutos e os comia nas sendas minúsculas das montanhas, e ainda pela alegria com que distribuía sementes. A cada terra a sua verdade de semente, ele se dizia sorrindo. Quando se fez homem encontrou a mulher, ela sorriu, era altiva como ele, embora seu silêncio fosse de ouro, olhava-o mais do que explicava a história do universo. Esta reserva mineral o encantava e por ela unicamente passou a dividir o mundo entre amor e seus objetos. Um amor que se fazia profundo a ponto de se dedicarem a escavações, refazerem cidades submersas em lava.      A aldeia rejeitava o proceder de quem habita terras raras. Pareciam os dois soldados de uma fronteira estrangeira, para se transitar por eles, além do cheiro da carne amorosa, exigiam eles passaporte, depoimentos ideológicos. Eles se preocupavam apenas com o fundo da terra, que é o no

Aniversariantes de Maio(1) José de Alencar

Olhos Negros José de Alencar. Aniversário: 1 de maio José de Alencar Eu tenho meus olhos negros Desta minh'alma o condão, É por eles que inda vivo E que morro de paixão. São negros, negros, tão lindos! Porém que maus que eles são! Muito maus! Nunca me dizem O que bem sabem dizer; Não me dão uma esperança E nem ma deixam perder; Andam sempre me enganando, Têm gosto em ver-me sofrer. Por mais terno que os suplique,  Não se condoem de mim; Às vezes fitam-me a furto,  Porém nunca dizem sim.  Ah! olhos negros tão maus,  Nunca vi outros assim. Não quero mais estes olhos! Amo agora umas estrelas Que brilham num céu de anil; Sem receio de ofendê-las, Bebo a luz dos olhos seus; Só vivo agora de vê-las.   Fonte: www.antoniomiranda.com.br Imagem: Alexandre Zaparini