“A vidinha do escritor é tão lerda, a gente vende tão pouco, é uma choradeira, e um prêmio é sempre um tapinha nas costas”.
Assim pensa Evandro Affonso Ferreira, vencedor na categoria romance, da 55ª edição do Prêmio Jabuti com o livro O Mendigo que Sabia de Cor os Adágio de Erasmo de Rotterdam.
A obsessão com a originalidade da linguagem sempre foi uma marca registrada de Evandro Affonso Ferreira, cuja literatura, iniciada em 2000 com o elogiado Grogotó, chegou a ser comparada à de Guimarães Rosa. Mas agora, aos 66 anos e em seu sexto livro, o escritor está mais reflexivo. Deixou de lado o cuidado excessivo com a forma, mas sem abrir mão da musicalidade, do cuidado com as palavras, da concisão — o que já vinha fazendo desde seu romance anterior, Minha mãe se matou sem dizer adeus, vencedor do Prêmio APCA de melhor romance de 2010 e finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti de 2011.
Páginas Sem Glória deu o prêmio de contos/crônicas a Sérgio Santana.
A saga do anti-herói Zé Augusto é narrada com o mais saboroso humor, num texto que já nasce como um clássico da literatura futebolística.Antes de “Páginas sem glória”, abrindo o volume, temos “Entre as linhas”, uma pequena obra-prima de narração literária. Esse conto se inicia com o “autor”, Fernando, expondo que pediu a uma amiga para ler a “pequena novela” que acabara de escrever. Ela então anota seus comentários nas entrelinhas do texto. O que nos é dado a ler não é a narrativa original, mas as anotações da leitora-crítica. O engenhoso procedimento resulta numa composição que fisga a atenção para diversas histórias espelhadas.No segundo conto, “O milagre de Jesus”, a voz em primeiro plano é a de um indigente chamado Jesus que relata a um amigo certo milagre por ele realizado. Numa igreja, ele é confundido com Jesus Cristo por uma mulher desesperada, que foi estuprada por três “filhinhos de papai” e descobre estar grávida. Ela vem pedir seu conselho e ele a demove da decisão de abortar. Mas Jesus é enxotado da igreja pelo pároco e pragueja contra Deus e o mundo. Por coincidência, um casal de cineastas “do bem” está nos arredores e presencia sua fúria. Os cineastas e o indigente acabam fazendo um filme em parceria, e nele Jesus faz questão de mostrar-se em cenas de amor fraterno, de acordo com o clichê que envolve o seu nome.
O melhor livro infantil do ano é de Socorro Accioli. Ela Tem Olhos de Céu (Gaivota), foi a estreia da autora no Prêmio Jabuti.
Depois do nascimento de Sabastiana, nada será como antes em Santa Rita do Norte - a menina tem olhos de céu. Será dom ou maldição? A cidade inteira está em polvorosa, ninguém sabia mais o que fazer para controlar os fenômenos provocados pela pequena criança.
Na categoria biografia deu Jabuti para Mario Magalhães com o livro Marighella.
Nesta obra o autor busca percorrer a vida, a obra e a militância de Marighella, baiano que foi deputado federal, poeta e estrategista da guerrilha no Brasil. Passagens pela prisão, resistência à tortura, assaltos a bancos (e a um trem pagador), tiroteios e espionagem internacional fazem parte de sua biografia, que atravessa a história política entre as décadas de 1930 e 1960. Por isso, figuras como Fidel Castro, Getúlio Vargas, Carlos Lamarca, João Goulart, Che Guevara, Luiz Carlos Prestes, Carlos Lacerda e Olga Benario aparecem como coadjuvantes.
As Duas Guerras de Vlado Herzog deu a Audálio Dantas o prêmio na categoria reportagem.
O ponto de partida do livro é a saga da família Herzog em sua fuga desesperada da Iugoslávia, para longe da guerra que despedaçava a Europa e perseguia os judeus. O pequeno Vlado viveu aí sua primeira guerra e aprendeu dolorosas lições. A segunda travou no Brasil, país no qual se refugiou em busca de paz. Mas foi no Brasil que sua vida lhe foi tirada, na escuridão de uma sala de tortura, episódio que marcou a história dessa família e da luta política no país.
As poesias de Ademir Assunção também foram premiadas.
O conjunto de poemas de A Voz do Ventríloquo é dividido em sete partes, cada parte abrindo sempre com um poema em prosa, sob o título de 'Diário do Ventríloquo' ('Primeira Noite' até 'Sétima Noite'). O livro deve trazer poemas marcados por intensa musicalidade, imagens de impacto e abordagens críticas ao consumismo, à violência e à ciranda financeira do mundo contemporâneo.
São, ao todo, 27 categorias no Prêmio Jabuti.
(Fontes: Estadão, Liv.Cultura)
Assim pensa Evandro Affonso Ferreira, vencedor na categoria romance, da 55ª edição do Prêmio Jabuti com o livro O Mendigo que Sabia de Cor os Adágio de Erasmo de Rotterdam.
A obsessão com a originalidade da linguagem sempre foi uma marca registrada de Evandro Affonso Ferreira, cuja literatura, iniciada em 2000 com o elogiado Grogotó, chegou a ser comparada à de Guimarães Rosa. Mas agora, aos 66 anos e em seu sexto livro, o escritor está mais reflexivo. Deixou de lado o cuidado excessivo com a forma, mas sem abrir mão da musicalidade, do cuidado com as palavras, da concisão — o que já vinha fazendo desde seu romance anterior, Minha mãe se matou sem dizer adeus, vencedor do Prêmio APCA de melhor romance de 2010 e finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti de 2011.
Páginas Sem Glória deu o prêmio de contos/crônicas a Sérgio Santana.
A saga do anti-herói Zé Augusto é narrada com o mais saboroso humor, num texto que já nasce como um clássico da literatura futebolística.Antes de “Páginas sem glória”, abrindo o volume, temos “Entre as linhas”, uma pequena obra-prima de narração literária. Esse conto se inicia com o “autor”, Fernando, expondo que pediu a uma amiga para ler a “pequena novela” que acabara de escrever. Ela então anota seus comentários nas entrelinhas do texto. O que nos é dado a ler não é a narrativa original, mas as anotações da leitora-crítica. O engenhoso procedimento resulta numa composição que fisga a atenção para diversas histórias espelhadas.No segundo conto, “O milagre de Jesus”, a voz em primeiro plano é a de um indigente chamado Jesus que relata a um amigo certo milagre por ele realizado. Numa igreja, ele é confundido com Jesus Cristo por uma mulher desesperada, que foi estuprada por três “filhinhos de papai” e descobre estar grávida. Ela vem pedir seu conselho e ele a demove da decisão de abortar. Mas Jesus é enxotado da igreja pelo pároco e pragueja contra Deus e o mundo. Por coincidência, um casal de cineastas “do bem” está nos arredores e presencia sua fúria. Os cineastas e o indigente acabam fazendo um filme em parceria, e nele Jesus faz questão de mostrar-se em cenas de amor fraterno, de acordo com o clichê que envolve o seu nome.
O melhor livro infantil do ano é de Socorro Accioli. Ela Tem Olhos de Céu (Gaivota), foi a estreia da autora no Prêmio Jabuti.
Depois do nascimento de Sabastiana, nada será como antes em Santa Rita do Norte - a menina tem olhos de céu. Será dom ou maldição? A cidade inteira está em polvorosa, ninguém sabia mais o que fazer para controlar os fenômenos provocados pela pequena criança.
Na categoria biografia deu Jabuti para Mario Magalhães com o livro Marighella.
Nesta obra o autor busca percorrer a vida, a obra e a militância de Marighella, baiano que foi deputado federal, poeta e estrategista da guerrilha no Brasil. Passagens pela prisão, resistência à tortura, assaltos a bancos (e a um trem pagador), tiroteios e espionagem internacional fazem parte de sua biografia, que atravessa a história política entre as décadas de 1930 e 1960. Por isso, figuras como Fidel Castro, Getúlio Vargas, Carlos Lamarca, João Goulart, Che Guevara, Luiz Carlos Prestes, Carlos Lacerda e Olga Benario aparecem como coadjuvantes.
As Duas Guerras de Vlado Herzog deu a Audálio Dantas o prêmio na categoria reportagem.
O ponto de partida do livro é a saga da família Herzog em sua fuga desesperada da Iugoslávia, para longe da guerra que despedaçava a Europa e perseguia os judeus. O pequeno Vlado viveu aí sua primeira guerra e aprendeu dolorosas lições. A segunda travou no Brasil, país no qual se refugiou em busca de paz. Mas foi no Brasil que sua vida lhe foi tirada, na escuridão de uma sala de tortura, episódio que marcou a história dessa família e da luta política no país.
As poesias de Ademir Assunção também foram premiadas.
O conjunto de poemas de A Voz do Ventríloquo é dividido em sete partes, cada parte abrindo sempre com um poema em prosa, sob o título de 'Diário do Ventríloquo' ('Primeira Noite' até 'Sétima Noite'). O livro deve trazer poemas marcados por intensa musicalidade, imagens de impacto e abordagens críticas ao consumismo, à violência e à ciranda financeira do mundo contemporâneo.
São, ao todo, 27 categorias no Prêmio Jabuti.
(Fontes: Estadão, Liv.Cultura)
Houve uma troca na premiação: o livro Páginas Sem Glória, desclassificado por conter texto já publicado, cedeu lugar a Diálogos Impossíveis de Luis Fernando Veríssimo.
Nesta obra o autor apresenta crônicas que perseguem o absurdo que marca a existência humana - seja no diálogo imaginário de Don Juan tentando seduzir a própria Morte ou na conversa cotidiana de um casal que se desentende na hora de dormir.
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