A saudade do Sol vibra nas folhas tenras
E as alamêdas têm retos de mocidade...
Ainda se ouve um rumor de assas que já fugiram.
As árvores estão chorando de saudade
Pelas últimas folhas que caíram...
Há sombras na água... O poente é ouro velho
[diluído
E a paisagem perdida em meia tinta,
Tem sombras imperfeitas e bizarras...
Sente-se muito ao longe, apagada, indistinta,
A música das últimas cigarras...
Com estas sugestões de crepúsculos tristes
Esta Elegia trêmulo rascunho...
dos meus olhos fugiu tôda Felicidade
Para sentir-vos, ó Crepúsculos de Junho,
Na vossa humana e intérmina saudade.
Foi preciso sentir e amar as árvores!...
Fui árvore também, vivi com elas,
Mas veio o outono, malsinado outono,
Deixando além de folhas amarelas,
A angústia da saudade e do abandono.
Por vós que humanizais a natureza,
Me ajoelho, me enterneço e me acabrunho.
Crepúsculos de Glória e de Beleza!
Que alegria sentir vossa tristeza
Por estas tardes lânguidas de Junho!
(Em: Toda uma vida de poesia vol. 1- págs 197,198,Ed.José Olímpio, 1957)
Nota: o leitor vai encontrar acento onde não existe bem como letra maiúscula
sem necessidade. A blogueira informa que isso se deve ao fato de ter mantido
a grafia original e que era dessa forma que se escrevia nas décadas de 40 e 50.
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