Manifestação SEM vandalismo e SEM desacato? TEM MEU APOIO.
Polícia SEM agressão? TEM MEU APOIO.
Governador QUE DESAUTORIZA, cassetete, bomba de gás e arma? TEM MEU APOIO.
Polícia SEM agressão? TEM MEU APOIO.
Governador QUE DESAUTORIZA, cassetete, bomba de gás e arma? TEM MEU APOIO.
Grite a plenos pulmões que na sua faculdade tem um bando de analfabetos entre os aprovados no Enem e entre os professores também. Vá lá, amigo!
Pinte sua cara, ponha máscara do que você quiser, leva a namorada, seu cachorrinho e demais amigos. Fale, escreva, grite que nesse momento e lugar você está perdidinho querendo ver um caminho. Faça isso sim! Compareça às prévias e, mais importante, compareça no dia 20 de junho. Vá lá dizer o que precisa, mas não esqueça jamais de ser original. Proteste como nunca foi feito antes. Faça-se ouvir vestindo branco na alma.
Qualquer que seja a roupa ou máscara que use, não esqueça: vista branco. Caro jovem, exibindo a face da paz, você vai ser querido por todos e por todos apoiado. Dispense a pedrada nos ônibus: o motorista e passageiros são tão vítimas quanto você. Dentro dele tem trabalhadores e estudantes, gente como seus pais e irmãos. Não quebre vidraça, não deboche nem ridicularize o policial. Ele, se duvidar, nem pode estudar como você e, acredite, também é um trabalhador. Reitero, caro manifestante, vá desabafar porque é urgente e necessário, mas vá na paz. De minha parte, um abraço de esperança.
Caro policial, diante de seus olhos passam jovens revoltados. Com o que? Com tudo o que lhe revolta também: transporte ineficiente, cidades bagunçadas, escolas ruins, por exemplo. Esses rapazes e moças são arrogantes e atrevidos? São. Na idade deles, você também era. No momento são mais corajosos que você, caro policial.
Estão protestando contra tudo, perdidos até consigo mesmos, mas fazem isso - repare - sem nada que lhes proteja. Vejo daqui, caro policial, que você está perplexo e aborrecido: vai passar horas olhando um bando de jovem malucos carregando cartazes com dizeres os mais diversos, e sem entender o que eles querem. Ótimo!! muito melhor passar horas entediado que minutos correndo atrás de bandido armado. Não está entendendo? É o seguinte: esse bando de jovens esquisitos, são os mesmos que sentam nos ônibus e metrôs, com seus filhos. Os pais deles passam 4 meses por ano, fazendo o mesmo que você: pagando impostos pra não ter escolas decentes, pra não ter médicos quando precisam.
Esses jovens que passam na avenida estão perdidos, sem rumo algum, procuram por um caminho porque o país onde nasceram, está sem direção. No país deles e no seu país, o governo abandonou a decência em troca da fantasia de copas de futebol. Caro policial, esses manifestantes, mesmo que estabanados, metidos a valente ou reis do pedaço, estão fazendo o que você gostaria, mas não pode. Você precisa trabalhar ganhando pouco, correndo risco, fazendo turnos estafantes. Então, aproveite e deixe que esses jovens esquisitos façam o que você gostaria.
Estive lembrando do que me ocorreu há uns muitos anos, quando saí do colégio no final das aulas e me dirigi com mais duas colegas para a avenida Guararapes como fazíamos diariamente para tomar ônibus de volta para casa. Por todo o trajeto havia policiais militares. Caminhamos pela avenida Cde.da Boa Vista, naquela época tão bonita,cruzando com soldados a cavalo. Apesar de amedrontadas, seguimos para fazer o que devíamos: tomar ônibus para voltar pra casa. No centro, onde se concentravam praticamente todos os terminais de ônibus da cidade, o impacto foi maior: não podíamos ficar em lugar algum.
Havia policial a cavalo em todos os pontos e soldados armados até os dentes, na frente e dentro da agência central dos Correios, do antigo cinema Trianon, da agência da CEF e provavelmente em outros lugares mais, que não chegamos a ver tão grande era nosso pavor.
Em nossa última tentativa de voltar, entramos na rua da Palma, sem sucesso: 4 soldados (a essa altura, só Deus sabia a cor da farda), tomaram posição daquele jeito brusco e rápido que eles sabem fazer pondo-se bem espigados e com a arma cruzada na diagonal sobre o peito (sei lá que arma era, não entendo disso até hoje!-todas são pavorosas) e um deles diz: "passa não!". A gente era adolescente!!
Falei nisso, caro Eduardo, pra dizer do desnecessário, do desigual. Eram 3 adolescentes, magras, baixinhas e abobalhadas tentando voltar pra casa. Eram quatro fardados, homens feitos e armados que cumpriam ordens. Os dois lados faziam seus papeis. Até aquele momento foi assim. Congele-se a cena.
Dia 20 de junho, muitos anos depois da situação que passei, vários jovens irão às ruas cumprir seu papel: dizer que estão insatisfeitos. Vou concordar com eles no que eles tem para reclamar. Mesmo que de forma confusa, muito confusa até, esses manifestantes têm do que reclamar sim.
Vê-los nesses movimentos, me enternece e me tira o sentimento de desesperança que senti sinceramente até o mês passado.
Dos pais e pessoas com sua idade, governador, não era possível vir nada. Estão todos dando duro pra sobreviver à inflação que está voltando sem controle. Esperar o quê das autoridades, governador? O crédito que a elas foi dado, não vingou. Lamentar pra quê?
Eles estão certos, Eduardo. Essa arena levou dinheiro que devia ir pra outros lugares, nosso transporte é sofrível, as escolas de nosso estado caem aos pedaços literalmente. Coisas assim não irritam? Sim. A indignação é necessária e louvável. Você faz uso político da indignação. É ela que leva à mudanças.
Sob meu ponto de vista,você, governador, cresceria muito como pessoa se, ao contrário do soldado que apenas nos impediu a passagem, protegesse esses manifestantes.
Se você PUBLICAMENTE der ordem a seus comandados policiais de que compareçam FARDADOS E DESARMADOS aos locais de concentração e manifestação terá garantida a paz e, mais que tudo, o respeito de todos eles. Cá pra nós, os rapazes e moças estão cobertos de razão. São destemperados impulsivos e arrogantes sim, mas não podem ser considerados perigosos a ponto de precisar de pelotão armado de nada. Pense nisso.
Regina Porto, 18.06.2013
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