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Crônica cantada:Belchior, Galos, noites e quintais


Quando eu não tinha o olhar lacrimoso,
que hoje eu trago e tenho;
Quando adoçava meu pranto e meu sono,
no bagaço de cana do engenho;
Quando eu ganhava esse mundo de meu Deus,
fazendo eu mesmo o meu caminho,
por entre as fileiras do milho verde
que ondeia, com saudade do verde marinho:
Eu era alegre como um rio,
um bicho, um bando de pardais;
Como um galo, quando havia...
quando havia galos, noites e quintais.
Mas veio o tempo negro e, à força, fez comigo
o mal que a força sempre faz.
Não sou feliz, mas não sou mudo:
hoje eu canto muito mais

Comentários

  1. Nunca tinha prestado atenção no solo do violão neste arranjo. Muito bom mesmo.

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  2. Sem dúvida. O solo é um show a parte. Eu não lembrava quão bonita era a voz de Belchior.
    Abraço.

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