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Mostrando postagens de janeiro, 2012

Quadrinhos. Quem não gosta?

    Pela versatilidade, os quadrinhos atravessaram gerações sempre bem sucedidos. Divertidos, satíricos,pornográficos, politicamente corretos ou incorretos, didáticos, conseguem atingir público enorme e eclético.  No Brasil a publicação de HQ começou nos idos 1869. Abaixo a imagem de um dos primeiros e últimos personagens de HQ do Brasil: Zé Caipora, de Ângelo Agostini (1869) Turma da Mônica jovem, de Maurício de Souza Sobre HQ, este blog já publicou e você pode ler clicando aqui.

Oceano, Manuel Bandeira

Oceano Olho a praia. A treva é densa. Ulula o mar, que não vejo, Naquela voz sem consolo, Naquela tristeza imensa Que há na voz do meu desejo. E nesse tom sem consolo Ouço a voz do meu destino: Má sina que desconheço, Vem vindo desde menino, Cresce quanto em anos cresço. -Voz de oceano que não vejo Da praia do meu desejo...

Chico César: "livro é um companheirão!", diz o músico no Pé na Porta

Aniversariantes de janeiro: Marçal Aquino

Clique na imagem p/ saber sobre M.A Dia dos namorados O rapaz e a moça entraram na pousada e, de um jeito tímido, ele perguntou o preço da diária. O velho Lilico informou e o rapaz e a moça trocaram um olhar em que faiscaram jóias de diversos tamanhos. A maior delas era a cumplicidade.   Enquanto o rapaz preenchia a ficha de entrada, a moça se afastou um pouco para examinar melhor o quadro na parede — e pude vê-la por inteiro.   Era muito bonita. Tinha os cabelos e a pele claros. Alta, magra, ossos salientes nos ombros. Estava no mundo há pouco mais de uma década e meia e, com certeza, alguém que recusara já havia escrito poemas desesperados pensando nela. Ou cortado os pulsos — o que é quase a mesma coisa.   Embora não merecesse, o quadro recebeu toda sua atenção por alguns instantes. Era uma pintura ordinária. Eu já tivera a oportunidade de analisá-la durante as longas tardes em que a chuva me impedia de sair para caminhar pela cidade. Uma cidade habitada, fora da te

Crônica cantada: Mais uma Vez, Renato Russo

Perplexidade, Maria Judite de Carvalho

     A criança estava perplexa. Tinha os olhos maiores e mais brilhantes do que nos outros dias, e um risquinho novo, vertical, entre as sobrancelhas breves. «Não percebo», disse.      Em frente da televisão, os pais. Olhar para o pequeno écran era a maneira de olharem um para o outro. Mas nessa noite, nem isso. Ela fazia tricô, ele tinha o jornal aberto. Mas tricô e jornal eram alibis. Nessa noite recusavam mesmo o écran onde os seus olhares se confundiam. A menina, porém, ainda não tinha idade para fingimentos tão adultos e subtis, e, sentada no chão, olhava de frente, com toda a sua alma. E então o olhar grande a rugazinha e aquilo de não perceber. «Não percebo», repetiu.      «O que é que não percebes?» disse a mãe por dizer, no fim da carreira, aproveitando a deixa para rasgar o silêncio ruidoso em que alguém espancava alguém com requintes de malvadez.      «Isto, por exemplo.»      «Isto o quê»      «Sei lá. A vida», disse a criança com seriedade.      O pai dobrou

Do blog para SAMPA.

São São Paulo meu amor, São São Paulo quanta dor São oito milhões de habitantes de cada canto e nação Que se agridem cortesmente correndo a todo vapor Se amando com todo ódio, se odeiam com todo amor São oito milhões de habitantes, aglomerada solidão Com mil chaminés e carros gazeados aprestação Porem com todo defeito te carrego no meu peito São São Paulo meu amor São São Paulo quanta dor Salvai-nos por caridade, pecadoras invadiram Todo centro da cidade armadas de ruge e batom Dando vivas ao bom humor num atentado contra o pudor A família protegida, o palavrão reprimido Empregador que condena, uma bomba por quinzena Porém com todo defeito te carrego no meu peito São São Paulo meu amor São, São Paulo quanta dor Santo Antonio foi demitido dos ministros de cupido Armados da eletrônica casam pela TV Crescem flores de concreto, céu aberto ninguém vê Em Brasília é veraneio, no Rio é banho de mar O país todo de férias, aqui é so trabalhar Porém com todo defeito te carrego no meu peito São Sã

Aniversariantes de Janeiro: Viriato Correia

 V.C na Academia Bras. de Letras clique na imagem. A Proclamação da República (Parte 1) - Assisti tudo e tudo, dizia-me o velho Joaquim Gonçalves, uma tarde em que conversávamos na varanda de sua casa em Santa Teresa. Conheço a proclamação da República como testemunha visual. Eu era, como ainda sou, republicano. Sabia de tudo e tudo acompanhei. - Conte-me isso. - A história da proclamação da República ainda por aí muito embrulhada. Contam-na sem a verdade exata, apesar de ainda haver hoje vivas muitas das figuras principais do movimento. Quer ouvir-me? - Com todo o prazer. - No começo do mês de novembro de 1889 sentia-se que a Monarquia estava profundamente abalada. A propaganda da República havia chegado ao seu ponto culminante. Benjamin Constant, Quintino, Deodoro, Lopes Trovão, etc., eram os homens do dia. Para não me alongar começarei da véspera do célebre dia 15, em que o trono foi posto abaixo. Ao anoitecer de 14, corria na rua do Ouvidor a notícia da prisão de Benj

História bonita:D. Iraci, formada pedagoga aos 79 anos

       D. Iraci Gomes da Costa Marques não   despertaria a atenção de ninguém   brincando de escolinha na infância pobre da Cidade do Crato – CE, afinal pobreza e brincadeira sempre existiram e conviveram em paz.   Trabalhar   duramente na roça, não ter oportunidade de estudar, casar   cedo e ter muitos filhos, também não é novidade no universo feminino do Nordeste. Não é   até hoje, lamentavelmente. Então por que D.Iraci veio parar no blog, como protagonista de História bonita?    Acontece que esta senhora não é sopa! Vamos ver: aprendeu a ler brincando de escolinha, ainda no Ceará, e teve seu sonho de ser   professora interrompido durante décadas a fio.   Já morando em Salgueiro, sertão de Pernambuco para onde migrou, e com 21 anos, casou e teve seis filhos.    Vidinha dura, mesmo que nada incomum, D.Iraci permaneceu apenas alfabetizada até os 41 anos de idade quando, enfim, cursou o ensino fundamental, fazendo EJA que é a modalidade de ensino, para quem já não é mais crianç

Crônica cantada:Daniela Mercury e João Bosco - De Frente Pro Crime

Aniversariantes de Janeiro: Euclides da Cunha

Clique na imagem para saber sobre E.A Eu Quero Eu quero à doce luz dos vespertinos pálidos Lançar-me, apaixonado, entre as sombras das matas _ Berços feitos de flor e de carvalhos cálidos Onde a Poesia dorme, aos cantos das cascatas... Eu quero aí viver _ o meu viver funéreo, Eu quero aí chorar _ os tristes prantos meus... E envolto o coração nas sombras do mistério, Sentir minh'alma erguer-se entre a floresta de Deus! Eu quero, da ingazeira erguida aos galhos úmidos, Ouvir os cantos virgens da agreste patativa... Da natureza eu quero, nos grandes seios túmidos, Beber a Calma, o Bem, a Crença _ ardente a altiva. Eu quero, eu quero ouvir o esbravejar das águas Das asp'ras cachoeiras que irrompem do sertão... E a minh'alma, cansada ao peso atroz das mágoas, Silente adormecer no colo da so'idão... Euclides da Cunha, 1883

Bingo! Está Nascendo um Novo Autor

     Final do ano passado informei sobre o lançamento de um livro de poesias: Vencidas As Primaveras Insípidas ,  de Francisco Borges Neto.      Frank, como nós chamamos, é um amigo virtual e participante-fundador da comunidade Livro Errante no Orkut. Reluto em informar ou indicar  livro que ainda não li, somente por ser amiga do autor ou pelo pedido deste.  Com Francisco Borges Neto, foi diferente. Baseada nas leituras que autor fazia em nosso grupo, na forma de expressar-se e na seriedade com que entregou-se à sua primeira produção, chegando a quase desaparecer de nosso convívio, deixei de lado minha chatice, dei crédito ao jovem, pedi para anunciar o lançamento e comprei o livro.     Pedi autorização para publicar um dos poemas aqui , pouco depois de iniciar a leitura.       Não lí de imediato. Apesar de ter poucas páginas, gastei vários dias para terminar. Poesia é para se degustar. Me deixei levar pelo lirismo do autor, que explorou bem a musicalidade da língua, as imagens

Melhores Lugares Para Ler Fora de Casa

Os escritores Marcelino Freire (PE) e Fabrício Carpinejar (RS) escolheram os melhores lugares para ler fora de casa, na cidade de São Paulo. São várias as sugestões,  vou colocar aqui apenas as que me mataram de inveja. Biblioteca Alceu Amoroso Lima R. Henrique Schaumann 777 - Pinheiros Café do Espaço Unibanco R.Augusta 1470 - Consolação Praça do Pôr-do-Sol Pinheiros Parque Mário Covas Avenida Paulista com min. Rocha Azevedo Parque Burle Marx Marginal Pinheiros

Budum Filho, Luis Fernando Veríssimo.

            Uma comissão da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul esteve investigando a violência na TV, quetão que preeocupa pais, educadores, sociólogos e que é bastante controvertida. Qual seria a influência da violência da TV nos espectadores? Haveria uma relação direta entre o aumento da criminalidade no Brasil e a crescente violência diariamente presente nos filmes importados da nossa TV? A TV estaria dando maus exemplos? Infelizmente, a comissão da Assembléia gaúcha não pôde ouvir o conhecido facínora Cedenir de Tal, vulgo Budum Filho. Seu depoimento, muito elucidativo, teria sido mais ou menos assim: Deputado: Conte-nos um pouco da sua vida de crimes, Sr. Budum Budum Filho: Comecei fazendo pequenos crimes, em casa. Éramos 18 irmãos morando no mesmo barraco e todos criminosos. Eu tinha 7 anos, era o caçula. Precisava chamar a atenção, senão não comia, entende? Até que um dia consegui chamar a atenção deles. Deputado: O que foi que o senhor fez, Senhor Budum? Budum Filh

Eu Escrevi Um Poema Triste, Mário Quintana

Eu escrevi um poema triste E belo, apenas da sua tristeza. Não vem de ti essa tristeza Mas das mudanças do Tempo, Que ora nos traz esperanças Ora nos dá incerteza... Nem importa, ao velho Tempo, Que sejas fiel ou infiel... Eu fico, junto à correnteza, Olhando as horas tão breves... E das cartas que me escreves Faço barcos de papel!

Crônica cantada: Assis Valente,Brasil Pandeiro

<p><br><br><br><br><br>voz: <br></p> Chegou a hora dessa gente bronzeada Mostrar seu valor Eu fui à penha fui pedir à padroeira para Me ajudar Salve o morro do vintém, pendura-saia, Eu quero ver Eu quero ver o tio Sam tocar pandeiro Para o mundo sambar O tio Sam está querendo conhecer A nossa batucada Anda dizendo que o molho da baiana Melhorou seu prato Vai entrar no cuscuz, acarjé e abará Na Casa branca já dançou a batucada De ioiô i iaiá Brasil, esquentai vossos pandeiros iluminai os terreiros Que nós queremos sambar Há quem sambe diferente Noutras terras, outra gente Um batuque de matar Batucada, reuni vossos valores Pastorinhas e cantores Expressões que nâo têm par Oh! Meu Brasil Brasil, esquentai vos

Aniversariantes de Janeiro: João Cabral de Melo Neto

 João Cabral de Melo Neto : 09.01.1920 Próximo aniversariante de janeiro: Euclides da Cunha

Aniversariantes de Janeiro: Rubem Braga

Aula de Inglês   —  Is this an elephant? Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente não deve se deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe um grave problema. Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto que ela me apresentava. Não tinha nenhuma tromba visível, de onde uma pessoa leviana poderia concluir às pressas que não se tratava de um elefante. Mas se tirarmos a tromba a um elefante, nem por isso deixa ele de ser um elefante; mesmo que morra em conseqüência da brutal operação, continua a ser um elefante; continua, pois um elefante morto é, em princípio, tão elefante como qualquer outro. Refletindo nisso, lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas, quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco consegui descobrir o pequeno rabo que caracteriza o grande animal e que, às vezes, como já notei em um circo, ele costuma

Lição de Moral, Clarice Lispector

             Um dia desses um chofer de taxi, e eu entrevisto muitos, foi quem se encarregou de me entrevistar. Fez-me várias perguntas indiscretas e, entre elas, uma bastante estranha: a senhora se sente uma mulher igual a todo mundo? (ele era tão nortista que não dizia mulher , dizia muler ) Respondi sem saber ao certo ao que respondia: "mais ou menos". "Pois eu", continuou ele, me sinto igual a todo mundo. Já fui mendigo minha senhora. E hoje sou chofer. E mesmo tendo sido mendigo, me sinto igual a todo o mundo. É, por isso que lhe estou dando uma lição de moral”. Merecia eu esta lição? Não sei porque   despedimo-nos com a maior efusão, um desejando felicidade ao outro. Na certa estávamos   precisados.               Uma conhecida minha ficou surpreendida, quando lhe contei: sempre pensara que, uma vez mendigo, último ponto de parada de uma pessoa, nunca mais se mudava. Mas aquele não só saiu   como está com dinheiro bem ganho num carro por ele comprado a prest

Melhores leituras de 2011

Estes foram os melhores livros que li em 2011: A Costureira e o Cangaceiro , Frances de Pontes Peebles A Dama da Amêndoas,Marina Fiorato A Máquina de Fazer Espanhóis, valter hugo mãe Cartão Postal, Lívia García-Roza Desculpe a Nossa Falha, Ricardo Ramos Eu não Vim Fazer Discurso, Gabriel García Márquez O Peixe de Amarna, Cícero Sandroni O Tempo Entre Costuras, María Dueñas Peixe na Água, Mário Vargas Llosa Senhora das Savanas, Hilton Marques

Aniversariante de hoje

João Cabral de Melo Neto "...E não há melhor resposta que o espetáculo da vida: vê-la desfiar seu fio, que também se chama vida, ver a fábrica que ela mesma, teimosamente, se fabrica, vê-la brotar como há pouco em nova vida explodida; mesmo quando é assim pequena a explosão, como a ocorrida; mesmo quando é uma explosão como a de há pouco, franzina; mesmo quando é a explosão de uma vida severina." (Morte e Vida Severina)

A Carta, Mário Quintana

Hoje encontrei dentro de um livro uma velha carta amarelecida, Rasguei-a sem procurar ao menos saber de quem                                                                seria... Eu tenho um medo Horrível A essas marés montantes do passado, Com suas quilhas afundadas,com Meus sucessivos cadáveres amarrados aos mastros                                                               e gáveas... Ai de mim, Ai de ti, ó velho mar profundo, eu sempre venho à tona de todos os naufrágios!