Que entre beijos e lágrimas dizia,
Ao ver seu grande filho que nascia
De olhos azuis e cabecinha loura.
Foi no palácio de uma estrebaria,
No berço de ouro de uma manjedoura.
Lá fora, em céu tranquilo, uma estrela luzia.
A areia do areal machucada rangia:
Eram os passos dos camelos, eram
Três vultos numa sombra que crescia...
E os Reis Magos trouxeram
Para o Senhor do Mundo que dormia
Ouro, Mirra e Incenso.
Aleluia! Aleluia! Alegria! Alegria!
Um era preto como a noite,
Outro moreno como a tarde,
Outro era claro como o dia.
Ajoelharam-se trêmulos de espanto
Diante da estrela humana que nascia.
Mas, no silêncio, em torno só se ouvia:
- “Filho! Serás feliz!” Sempre a voz de Maria
Martirizada, cadenciada.
Era mãe e previa
No seu saber profundo,
Como ia ser rude a jornada
E como sofreria
Seu pequenino Deus – Senhor do Mundo.
Olegário Mariano, no livro Quando Vem Baixando o Crepúsculo de 1945
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