Pular para o conteúdo principal

Meu Ziraldo favorito (2): O Joelho Juvenal,


Era uma vez um joelho que se chamava Juvenal.
Juvenal tinha um problema, coitado: vivia todo escalavrado.
Também, quem mandou o Juvenal ser o joelho de um menino levado?
Juvenal queria muito aprender língua de menino só pra dizer assim: “Menino, tem dó de mim!”Mas, quando o esfolado sarava, Juvenal bem que gostava de correr e de saltar.E ele se desdobrava e se dobrava outra vez todo alegre, pois sabia que, indo e vindo, fazia o menino feliz.E ficava muito atento conversando com o pé (pois o pé e o joelho se falam).– Cuidado aí, companheiro! Pode ser que no meio do caminho tenha uma pedra, tenha uma pedra no caminho...... e aí você tropeça e quem vai sofrer sou eu.Mas, não adiantava nada! O pé sempre tropeçava e lá ia o Juvenal outra vez pra enfermaria!O Juvenal era muito religioso! Mas, tinha um probleminha com a Semana Santa (que vinha logo depois das férias).
Imaginem O Juvenal em que estado estava quando as férias acabavam!
Aí vinha a Semana Santa... E o Juvenal, coitado, todo cheio de esfolados, tendo tanto pra rezar!Mesmo assim, o Juvenal gostava muito da vida, do vento ventando nele, quando o menino corria, todo feliz, pelo mundo.E Juvenal adorava quando a água lhe batia até onde ele se achava para ver se a água dava pé.Assim como o pé e a canela ele também pensava: “É o fino ser mergulhador submarino”.Um dia, tudo ficou escuro para o Juvenal. E aí, ele descobriu que o menino tinha crescido.E agora, em vez de short, calção ou calcinha curta, usava calça comprida.Por isso, hoje, Juvenal tem um pedido a fazer aos fabricantes de calças.Que tal criar um modelo de calça, sob medida, que tenha dois buraquinhos pro Juvenal ver a vida?!





Este livro foi escolhido por Marcelo Valença que tinha joelhos Juvenal, escalavrados porém felizes e que tornou-se um cara legal como o Menino Maluquinho.

Leia também:Meu Ziraldo favorito(1):O Menino Maluquinho, clicando aqui

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Beleza Total, Carlos Drummond de Andrade.

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços. A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez, perdiam toda a capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa. O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de Gertrudes sobre o peito. Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um di

Mãe É Quem Fica, Bruna Estrela

           Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica.      Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica.      Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.      Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.      É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.      Mãe é quem fica. Quando o chão some sob os pés. Quando todo mundo vai embora.      Quando as certezas se desfazem. Mãe

Aprenda a Chamar a Polícia, Luis Fernando Veríssimo

          Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.                   Como minha casa era muito segura, com  grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranquilamente. Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa.            Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível. Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma: - Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guard