Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh, não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada.
________________________________________________________________________________
Gregório de Matos Guerra, nascido em Salvador em 1636, oficialmente era português uma vez que o Brasil só viria e tornar-se independente no século XIX. É considerado o maior poeta barroco em língua portuguesa. Sua obra traz poemas sacros, humorísticos e satíricos. O apelido de Boca do Inferno, deve-se a suas constantes críticas à igreja católica. Gregório de Matos faleceu no Recife aos 59 anos.
Este blog já publicou outro poema do autor. Para vê-lo, clique aqui.
Comentários
Postar um comentário
comentários ofensivos/ vocabulário de baixo calão/ propagandas não são aprovados.