Graciosamente morena, com uns grandes olhos negros, cabelo ondeado, corpo flexível, e um andar de cobra no descampado, mme. Batista Belo era, sem contestação admissível, uma das figuras mais acentuadamente chics da cidade. Os seus vestidos não eram ricos, nem eram caros os seus chapéus; era, porém, tão definido o cunho da sua elegância, que, nas, festas, nos teatros, nos passeios, era ela quem se revelava a rainha, a dominadora, a vitoriosa, no meio de outras mais opulentamente trajadas.
Conhecedor da pérola que possuía, o marido vigiava-a de perto, cumulando-a de mimos, — de colares, de brincos, e, principalmente, de pulseiras, de que ela possuía, já, a mais soberba variedade. Eram pulseiras de platina, com brilhantes; de ouro, com safiras; de prata, com pérolas foscas; e eram, sobretudo, de metal mais ou menos liso, em número de vinte ou trinta, que tilintavam ao menor movimento, dando à linda senhora, quando ela passava na Avenida, um galhardo aspecto de burra-madrinha. À tarde, ao saírem, o dr. Belo não deixava de recomendar:
— Lulu, as pulseiras? Já as puseste todas?
Um dia, intrigada com essa exigência galante o marido, madame não pode mais, e interpelou-o:
— Augusto, por que exiges que eu use tanta pulseira, quando saio? Isto já está, até, se tornando ridículo...
E insistindo:
— Por que é; hein?
— Por que é? — gracejou o desgraçado, relutando.
E num acesso de coragem:
— É para saber, no cinema, onde é que você anda com a mão!
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